エピソード

  • França: livro revela custo bilionário de 'presentes' de Macron para os ricos em oito anos de poder
    2025/09/13

    € 270 bilhões de apoio às empresas, sem contrapartida, e subsídios fiscais para os mais ricos: este é o valor total dos “presentes" do presidente Emmanuel Macron à elite econômica do país, conforme revelações de um livro de investigação publicado esta semana na França.

    Os autores, dois jornalistas da revista Le Nouvel Obs, afirmam que a política “pró-business” do presidente desestabilizou o modelo social e pesou sobre a dívida pública francesa, estopim de mais um capítulo da crise política no país.

    “O Grande Desvio – como milionários e multinacionais captam o dinheiro do Estado” é o título da obra (em tradução livre do original em francês). Baseados em relatórios de instituições como Tribunal de Contas e a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), os autores, Matthieu Aron e Caroline Michel-Aguirre, analisam em detalhes “o buraco negro” da política de subvenções e subsídios fiscais que beneficiaram as grandes empresas e fortunas nos últimos oito anos, desde que Macron assumiu o poder.

    Redução dos impostos das sociedades e da produção, diminuição dos encargos sociais, teto da contribuição sobre a renda do capital e substituição do Imposto sobre a Fortuna por uma taxa focada apenas na "fortuna imobiliária” são algumas das medidas que favoreceram os ricos nos últimos anos – e sem que houvesse uma avaliação eficaz sobre os benefícios dessa política para a economia francesa, denuncia a obra.

    “O sistema de ajuda incondicional enriqueceu multinacionais que continuam a deslocar as linhas de produção para o exterior e entregam cada vez mais dividendos para seus acionários”, diz o livro, segundo resenha publicada na revista L’Obs. Entre os beneficiados, estão gigantes como Michelin e o império do luxo LVMH.

    Retorno da política pró-business é questionado

    Neste período, o desemprego baixou a 7%, mas a França não atingiu o pleno emprego, como prometeu Macron. As exonerações resultaram em € 80 bilhões a menos de arrecadação por ano, quase o dobro do valor previsto no plano de economias apresentado pelo ex-primeiro-ministro centrista François Bayrou, que acaba de deixar o cargo.

    Em paralelo, a edição desta semana da revista Le Point calcula quanto custa a instabilidade política na França, que acaba de conhecer o seu quarto chefe de governo em pouco mais de um ano. Segundo a publicação, a crise gerada pela dissolução da Assembleia Nacional por Macron, em junho de 2024, já gerou um prejuízo de € 12 bilhões para o país.

    Os juros para títulos do Estado francês agora estão no mesmo patamar da Itália, e a insegurança fez os investimentos desacelerarem, o consumo cair e o nível e a poupança subir. Resultado: a crise fez o país perder 0,1 ponto de PIB em 2024 e 0,3 neste ano, conforme os cálculos do Observatório Francês de Conjuntura Econômica (OFCE), citados pela Le Point.

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  • Crise política na França: imprensa francesa aponta esgotamento do modelo presidencialista
    2025/09/06
    A imprensa francesa aponta para um impasse político profundo na França, marcado pela instabilidade institucional e pela crise de representatividade. Enquanto a revista L’Express destaca a tentativa de Emmanuel Macron de buscar inspiração no modelo parlamentar alemão, a L’Obs analisa os sinais de esgotamento da Quinta República diante da sucessão de governos frágeis e da ausência de maioria parlamentar. Ambas as publicações apontam para a leitura de um sistema político em colapso, onde o presidencialismo centralizador já não responde às exigências de uma sociedade em ebulição. A queda anunciada do governo Bayrou representa mais um capítulo da crise política que se aprofunda na França, segundo análise da revista L’Obs. Em menos de três anos, cinco chefes de governo ocuparam o cargo e foram registradas 110 mudanças ministeriais, lembrando a instabilidade da antiga Quarta República (1946–1958). A ausência de maioria no Parlamento desde as eleições de 2024, somada à pressão social — com protestos organizados por sindicatos e movimentos como “Bloqueemos tudo” — revela um impasse institucional. A crise atual não é apenas política, mas também democrática e social, e levanta a questão: estaríamos diante do esgotamento da Quinta República ou da falência de uma classe dirigente incapaz de reinventar o exercício do poder? Leia tambémCom queda anunciada de primeiro-ministro e pressão das ruas, Macron está cada vez mais isolado Especialistas ouvidos por L’Obs apontam para um descompasso entre a nova configuração parlamentar e a cultura política francesa, ainda marcada pela centralização e pela figura presidencial dominante. Emmanuel Macron, mesmo enfraquecido, resiste à ideia de dissolução ou renúncia, enquanto busca um novo chefe de governo capaz de aprovar o orçamento de 2026. A hiperpresidência, modelo que já não responde às exigências do momento, parece travar qualquer tentativa de mudança. Para alguns analistas, a saída pode estar em olhar para experiências parlamentares de outros países, como a Alemanha ou a Espanha, onde a negociação entre forças políticas é parte essencial do funcionamento democrático. A crise é profunda, mas pode ser uma oportunidade de repensar o regime. "Monárquico" Emmanuel Macron, segundo reportagem da revista L’Express, parece buscar inspiração no modelo alemão de coalizão para enfrentar o impasse político francês. Em declaração publicada em 21 de agosto, o presidente apontou para o sistema parlamentar da Alemanha como exemplo de cooperação entre partidos. No entanto, como destaca L’Express, essa referência entra em choque com o estilo de governo adotado por Macron desde 2017, marcado pela centralização do poder e pela recusa em adotar o voto proporcional. A publicação questiona se o presidente estaria tão acuado a ponto de procurar em Berlim o que não consegue construir em Paris. A revista L’Express traça um paralelo entre os dois sistemas políticos: na Alemanha, os partidos são respeitados, bem estruturados e operam dentro de um sistema que os obriga a formar alianças. Já na França, os partidos vivem em crise de identidade e representatividade, com siglas que mudam com frequência e pouca base social. Leia tambémFim de festa no governo Bayrou: imprensa francesa expõe privilégios e desgaste político A reportagem lembra que Macron, ao fim de seu primeiro mandato, rejeitou a ideia de coalizão e abandonou a proposta de reforma eleitoral. Mesmo após as eleições legislativas de 2024, quando se falou em uma virada parlamentarista, não houve esforço real de negociação entre os atores políticos. Como observa L’Express, Macron foi moldado pela lógica da chamada Quinta República, onde o presidente exerce um papel quase "monárquico". A comparação com o modelo alemão, segundo a revista, revela mais uma contradição do líder francês, que prefere o poder absoluto à construção de consensos. Com a votação decisiva marcada para 8 de setembro, L’Express alerta para o risco de um novo abalo nas instituições francesas — e questiona até quando elas resistirão sem uma reforma profunda.
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  • Ucrânia: jovens tentam ser jovens em um país ameaçado por ataques e drones de Putin
    2025/08/30

    A ausência de uma perspectiva de trégua na guerra iniciada pela Rússia na Ucrânia é abordada pelas principais revistas semanais francesas. A Le Point traz uma reportagem sobre os jovens no Donbas, região oriental da Ucrânia, ameaçada pelo avanço das tropas russas. O embaixador ucraniano na França escreve na L’Express que a ideologia de Vladimir Putin se assemelha ao fascismo de Hitler. Já o ex-presidente do Parlamento Europeu Josep Borrell fala, na Nouvel Obs, sobre a grande incerteza que paira sobre o fim da invasão russa.

    A jovem Arina, de 18 anos, explica ao repórter da Le Point, em pleno verão europeu, que o sol do Donbas é único. O jornalista nota uma ponta de tristeza nos olhos da ucraniana. Como em várias cidades pelo mundo, o shopping é um ponto de encontro — mas do lado de fora, nos bares ao redor, já que o centro comercial está fechado por causa da guerra. A noitada vai só até as nove da noite, como manda o toque de recolher. E nada de álcool, devido à presença de militares estacionados ou de passagem.

    A Ucrânia ainda controla 30% da região de Donetsk e uma ínfima parte de Luhansk. O restante do Donbas está sob controle russo. Droujkivka, uma cidade industrial que já foi próspera na era soviética, está em acelerado declínio devido à guerra. Sua população diminuiu drasticamente, de cerca de 80 mil habitantes nos anos 1980 para menos de 30 mil atualmente. A ameaça russa se aproxima, e os ataques de drones se multiplicam, tornando perigosas as estradas de acesso à cidade.

    Arina estuda em Dnipro, mas voltou a Droujkivka para ajudar o pai a preparar a saída da família da cidade. A maioria dos familiares e amigos já se foi. Arina reflete sobre a possibilidade de esta ser sua última visita à cidade natal, que ela pensava que sempre seria seu lar.

    "Ideologia de Putin é como fascismo de Hitler"

    Em carta aberta publicada na revista L’Express, o embaixador da Ucrânia na França faz um apelo por seu país. Em seu texto, Vadym Omelchenko compara a Rússia de Putin a um "ogro" que ameaça destruir a Ucrânia e expandir-se pela Europa. Ele alerta que a ideologia de Putin é semelhante ao fascismo de Hitler, justificando a violência e a anexação de territórios com mentiras e uma ideologia de ódio. Omelchenko destaca que o fascismo russo está se espalhando pela Europa, criando divisões políticas e alimentando a propaganda russa. Ele pede que os europeus permaneçam vigilantes diante dessa ameaça crescente.

    Em entrevista à revista Nouvel Obs, o socialista Josep Borrell, ex-presidente do Parlamento Europeu, comenta que, apesar dos esforços da Europa para influenciar a posição dos EUA e evitar o pior cenário — como a cessão de territórios ucranianos em negociações entre Trump e Putin — ainda há grande incerteza sobre como acabar com a guerra. O político catalão destaca que Vladimir Putin não interromperá os ataques apenas para agradar ao Ocidente. Além disso, menciona que a cooperação militar com a Ucrânia já não pode mais ser feita no âmbito da União Europeia devido a vetos, como o da Hungria, e que a Europa se vê forçada a comprar dos EUA o que antes recebia gratuitamente, aumentando os custos dessa ajuda.

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  • Putin, Trump e a Europa: o jogo geopolítico que ameaça o futuro do continente
    2025/08/23

    O que pode deter a voracidade imperialista do presidente russo, Vladimir Putin, na Ucrânia e evitar que Moscou arraste a Europa para um longo ciclo de decadência e empobrecimento? Esse difícil enigma é analisado pelas revistas semanais francesas, depois dos encontros ocorridos nos Estados Unidos entre os presidentes Donald Trump, Volodymyr Zelensky e Vladimir Putin.

    Em seu editorial, a revista Le Point estima que a cúpula entre Trump e Putin no Alasca, apresentada como histórica, terminou com uma vitória diplomática e estratégica do presidente russo. Putin foi reabilitado na cena internacional, apesar de ter iniciado o conflito na Europa e de ter um mandado de prisão internacional emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional por crimes de guerra na Ucrânia.

    Trump não impôs novas sanções contra Moscou e parece ter se alinhado às condições russas de uma paz que enfraquece a Ucrânia. Esse estreitamento das relações entre os EUA e a Rússia isola Kiev, fragiliza a Europa e coloca em xeque a credibilidade da Otan diante das ambições imperialistas russas, assinala a publicação.

    Mais grave ainda, o editorial recorda os momentos sombrios de 1938, quando uma concessão feita a Adolf Hitler durante a conferência de Munique, em vez de contê-lo, acabou desencadeando a Segunda Guerra Mundial. A Le Point alerta para os riscos de uma política de apaziguamento semelhante, que ameaça a segurança do continente europeu.

    Três visões de mundo se confrontam em torno da Ucrânia

    Três visões de mundo se confrontam no cenário da guerra na Ucrânia, segundo o analista Frédéric Encel. Em um artigo na revista L'Express, ele mostra que Trump enxerga a política como uma extensão dos negócios, trata aliados como clientes e ignora princípios éticos, históricos e diplomáticos. Já Vladimir Putin age movido por uma ideologia expansionista, buscando restaurar o antigo império russo, com desprezo pela democracia e pela prosperidade econômica. Ambos compartilham uma postura autoritária, viril e avessa ao multilateralismo.

    Enquanto isso, os líderes europeus tentam manter uma abordagem baseada no direito internacional, na diplomacia e na defesa da democracia, mesmo que isso os coloque em desvantagem estratégica. A Europa, embora comprometida com sanções e apoio à Ucrânia, evita o envolvimento militar direto, atuando como quem entra numa disputa com um braço amarrado. Essa diferença de postura entre os três blocos revela o impasse e a complexidade do conflito, cujo desfecho ainda é incerto.

    Na Le Point, o ex-coronel da Marinha francesa Michel Goya defende que a principal garantia de segurança da Ucrânia continua sendo seu próprio exército. Mesmo após o fim da guerra, Kiev deverá manter uma força militar robusta, possivelmente a mais poderosa da Europa, apoiada por uma linha defensiva próxima à fronteira e por forças aliadas internacionais encarregadas de monitorar acordos de paz. Para Goya, a Rússia só respeita a força – não a diplomacia nem o comércio – e só será dissuadida se enfrentar uma barreira militar sólida e pressão econômica máxima.

    Barrigas de aluguel resistem à guerra

    Enquanto especialistas debatem estratégias diplomáticas e militares, a revista Le Nouvel Obs publica uma reportagem em Kiev sobre a questão da barriga de aluguel. Após legalizar esse procedimento em 2002, a Ucrânia se tornou um dos principais destinos para casais europeus com problemas de infertilidade, que recorrem a mulheres ucranianas para realizar o sonho de ter filhos.

    A repórter enviada à capital constata que, apesar dos bombardeios russos diários, a atividade das barrigas de aluguel continua intensa, e pais de todo o continente seguem chegando ao país para acompanhar o nascimento de seus filhos.

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  • Polarização política envolvendo publicidade com atriz Sydney Sweeney nos EUA repercute na França
    2025/08/16

    Revistas francesas abordam esta semana a polêmica envolvendo uma publicidade estrelada pela atriz norte-americana Sydney Sweeney, que dividiu opiniões, levantando críticas por supostamente ser eugenista e sexista e sendo elogiada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A eugenia foi utilizada pelo nazismo durante a Segunda Guerra Mundial e segue a ideia de que existe uma raça superior.

    O alvo das críticas é o nome da campanha feita pela marca de roupas American Eagle, cujo slogan é "Sydney Sweeney Has Great Jeans" (que em tradução literal significa "Sydney Sweeney tem ótimos jeans").

    A frase faz um trocadilho entre o tecido “jeans” e “genes”, que em inglês se refere ao material genético. A pronúncia das duas palavras é muito parecida em inglês.

    Diante da grande repercussão, a revista francesa Nouvel Obs traça um breve perfil da atriz, repassando sua carreira, que inclui produções como a premiada série Euphoria, até o início da polêmica envolvendo a publicidade estrelada por ela.

    Para a l'Obs, “a extrema direita fez dela sua musa, vendo em sua popularidade o sinal da morte da cultura woke e o retorno a uma época em que era possível sexualizar as mulheres sem ser mal visto”.

    No inglês, woke significa literalmente "acordei", sendo o tempo passado do verbo wake. Mas, no contexto atual dos debates sociais, o termo também se refere ao que seria politicamente correto, resumidamente, e é justamente daí que vem a divergência entre esquerda e direita.

    “Adoro o anúncio dela", declarou Donald Trump no início de agosto, cita a revista. Em sua rede social Truth, o presidente escreveu: "O vento mudou bastante de direção. Ser woke é para os perdedores, republicano é o que queremos ser”.

    A Nouvel Obs também lembra que Sweeney, de 27 anos, tem sido alvo constante de hipersexualização ao longo de sua carreira e que “nas redes sociais, seu corpo é comentado e dissecado”.

    Sintoma "das guerras culturais"

    Já a revista L’Express destaca a mobilização que o assunto gerou nas redes sociais, ganhando uma dimensão política, reforçada após a declaração de Donald Trump. Em tom crítico, a publicação francesa traça um paralelo entre o tédio e a hiperexposição atual.

    “Como mostrou um estudo publicado pela Communications Psychology, as pessoas relatam estar cada vez mais entediadas na era digital. A ponto de se apaixonarem por uma figura populista como Donald Trump, por gosto pelo drama. E até se exaltar com um anúncio de jeans”.

    Nesse contexto, o artigo diz que a controvérsia em torno da campanha publicitária foi “o suficiente para causar furor na internet”.

    “Do lado conservador, a atriz é elevada ao patamar de ícone por ter ‘assinado a morte da cultura woke’. Do lado progressista, Sweeney teria se rebaixado ao adotar os códigos do ‘patriarcado’, chegando até mesmo a defender a eugenia. Uma polêmica vazia, mas sintomática das guerras culturais da época”, conclui a publicação.

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  • Estônia teme ser o próximo alvo de Vladimir Putin e reforça defesa na fronteira com a Rússia
    2025/08/09

    A Estônia, pequeno Estado báltico onde vive uma minoria pró-Rússia, teme ser o próximo alvo de Vladimir Putin e conta com seus aliados para resistir. A ex-república soviética, hoje membro da União Europeia e da Otan, faz fronteira com a Rússia, cujo vasto território se estende por 11 fusos horários.

    A revista L'Express desta semana conta que a proteção está sendo reforçada na fronteira, do lado estoniano. Grades de ferro impedem a passagem forçada de um veículo, mas não a entrada de um exército, em caso de agressão. Sobretudo, o país se preocupa com a chegada de imigrantes ilegais, o que as autoridades de fronteira acreditam ser uma questão de tempo.

    Vítima de um ciberataque russo em larga escala, em 2007, a Estônia conhece as capacidades de Moscou. A capital Tallinn se prepara para responder a uma possível invasão militar, como aconteceu na Ucrânia.

    Enquanto espera, a Estônia organiza as suas Forças Armadas. O país dispõe de 4.000 militares e 20.000 reservistas. O receio é que, em caso de um cessar-fogo com a Ucrânia, Vladimir Putin passe a olhar para o flanco oriental da Otan, onde os países bálticos são a parte mais vulnerável.

    A Estônia também conta com uma liga paramilitar de defesa, criada em 1918, no momento da independência do país, e que se encarrega da proteção regional em caso de guerra e de certas missões de segurança nas cidades. Ela permite dobrar o número de combatentes do país e tem uma unidade reputada de defesa a ataques cibernéticos. São homens e mulheres prontos a combater voluntariamente por seu país.

    Depois de ter sido incorporada à ex-União Soviética (URSS) em 1940, a Estônia recuperou sua independência em 1991. O país que buscou a neutralidade após a Segunda Guerra, hoje avalia que foi um erro histórico. O engajamento com a Europa e com a Otan vem do desejo de nunca mais ficar isolada.

    A Estônia acredita no desenvolvimento econômico e na prosperidade gerados das relações com os outros países europeus e na proteção da aliança militar atlântica, à qual aderiu em 2004. O que assegura a confiança dos estonianos é o artigo 5 da Otan. Ele diz que uma agressão a um Estado pertencente à aliança é considerada um ataque contra todos e que não ficará sem resposta.

    Juntamente com a Polônia, a Estônia vai investir 5% do PIB em defesa, como pediram os Estados Unidos, cansados de pagar a maior parte da conta pelas ações militares da aliança ocidental. A reafirmação de Washington sobre o engajamento dos Estados Unidos na defesa coletiva da Otan tranquilizou os países dos Balcãs, depois de Donald Trump ter deixado pairar dúvidas sobre a atuação dos EUA na defesa dos europeus.

    A Estônia tem um plano de construir bunkers ao longo da fronteira com a Rússia, já vigiada por câmeras a cada 30 metros e que em breve receberá o reforço de drones. Operações militares conjuntas com os países da Otan permitem a vigilância aérea com uso de caças estrangeiros, incluindo os modelos Rafale franceses.

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  • ‘Imigração seletiva’ poderia solucionar queda histórica de natalidade na França, afirma revista
    2025/08/02

    A revista semanal francesa Le Point destaca a queda de natalidade registrada na França no ano passado. Pela primeira vez em 80 anos, o país teve mais mortes do que nascimentos: 651 mil óbitos contra 650 mil nascimentos em 2024. Apoiar a natalidade e incentivar uma “imigração seletiva são os dois principais caminhos a seguir, diz a publicação.

    O texto de Bruno Tertrais, colunista e autor do livro "O choque demográfico" (em tradução livre, sem versão oficial em português), enfatiza que este marco leva a população francesa “rumo ao desconhecido”. Ele estima ser “bastante provável” que o saldo permaneça negativo ao longo de todo o ano de 2025.

    A reportagem enfatiza que mesmo com políticas em prol da natalidade, os efeitos só seriam sentidos por volta de 2050. Por isso, segundo Tertrais, a única solução para a França crescer demograficamente seria por meio da imigração, hoje o principal motor do crescimento populacional. Em 2024, o país acolheu 152 mil novos imigrantes.

    Le Point toca no ponto polêmico da “imigração seletiva” e compara os critérios de entrada de estrangeiros na França com os de seus vizinhos europeus: “A imigração na França é tradicionalmente pouco qualificada”, escreve Tertrais. Para a revista, o “real desafio econômico da imigração é fazer a economia funcionar".

    Seleção de imigrantes deve entrar no debate político

    O colunista defende uma “verdadeira política demográfica” e recorda que o tema constava entre as propostas do atual primeiro-ministro francês, François Bayrou, quando ele ocupou temporariamente o cargo de alto comissário do Planejamento. Durante o período em que esteve nessa função, Bayrou tornou-se um dos assessores mais influentes no Palácio do Eliseu.

    O texto salienta ainda a importância de destacar a temática do “desafio econômico da imigração” durante a campanha eleitoral de 2027, apesar de pontuar que o debate tende a ser polarizado.

    Menor desejo de ter filhos

    A revista também questiona as causas da queda do número de nascimentos, que em 2024 foi de 1,62 por mulher, o índice mais baixo desde a Primeira Guerra Mundial. Segundo Le Point, a infertilidade seria um fator relativamente inexpressivo na equação que resulta nessa diminuição histórica. A causa mais evocada em pesquisas recentes é um menor desejo de ter filhos.

    “A proporção de pessoas que não querem filhos dobrou em 20 anos (de 6% para 12%). Igualmente importante é o desejo de ter pelo menos três filhos: a proporção dos que têm esse objetivo caiu 10 pontos em 20 anos. O 'número ideal' de filhos para os franceses hoje é de apenas 2,3”, estima a publicação semanal.

    Além da queda da fecundidade (número de filhos), a revista explica que também houve um aumento da idade média das francesas ao dar à luz – que subiu cinco anos em 50 décadas.

    Embora a França tenha sido pioneira na transição demográfica – a queda da natalidade para níveis modernos começou antes mesmo da Revolução Francesa –, agora é um Estado “normal” da União Europeia, entrando em “despovoamento”, detalha o texto. Dados do Instituto Nacional de Estudos Demográficos, mencionados pela revista, mostram que, projetando os dados de 2024 para os próximos 50 anos, a queda populacional começaria na década de 2050.

    Em suas conclusões, o autor compara as estratégias adotadas por outros países que enfrentam situações similares. "Queremos ser como o Japão, ou preferimos nos tornar a Itália?", questiona. Segundo ele, o Japão – um país envelhecido e fechado à imigração, mas próspero e moderno – não representa uma opção acessível para os franceses por questões econômicas. Já a Itália representa um país que "agora se vê obrigado a recorrer à imigração para manter sua população ativa", avalia.

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  • Giorgia Meloni quer provar que Itália se reergueu e está de volta ao cenário geopolítico
    2025/07/26

    As revistas semanais francesas trazem análises de dois líderes europeus: Giorgia Meloni, de extrema direita, que tenta mostrar que a “Itália não está mais de joelhos”, e o "paradoxo francês" de Emmanuel Macron, que busca um papel de protagonista internacional em meio a problemas nacionais.

    A Itália, sob a liderança da primeira-ministra Giorgia Meloni, tem buscado firmar sua posição tanto no cenário econômico quanto no palco diplomático internacional, explica a revista Le Point.

    Na frente econômica, o governo Meloni tem focado na recuperação da Itália após o impacto da pandemia de Covid-19. O Produto Interno Bruto (PIB) italiano registrou um crescimento notável de 6,3% em 2021 e 3,7% em 2022. Uma das prioridades tem sido a redução do déficit público. A previsão para 2023 foi revisada para 3,3% do PIB, com uma meta ambiciosa de 2,8% em 2026.

    O endividamento público da Itália, embora ainda elevado (145,8% do PIB em 2021 e 138,3% em 2022), tem sido alvo de planos para estabilização, com o objetivo de reduzir para 136,7% em 2025, indicando um esforço de consolidação fiscal.

    O governo lida com questões como a idade legal de aposentadoria, com projeção de aumento para 62,6 anos em 2025, e a taxa de desemprego, que em 2023 era de 7,4%.

    Internacionalmente, Giorgia Meloni tem buscado reafirmar o papel da Itália. Nessas ocasiões, a líder de extrema direita tem a oportunidade de projetar a imagem de uma Itália que "não está mais de joelhos" e que aposta em uma "diplomacia de sua primeira-ministra", buscando mostrar um país ativo e influente no cenário global.

    A revista Nouvel Obs convidou o jornalista e escritor Emmanuel Carrère para acompanhar o presidente Emmanuel Macron nos bastidores do último encontro do G7, na Itália.

    Carrère descreve Macron como um líder de estratégia complexa e multifacetada, marcada por uma busca incessante por influência global.

    Paradoxo francês

    O texto de Carrère destaca a "doutrina Macron", que se baseia na autonomia estratégica da Europa e no equilíbrio entre as alianças europeias e atlânticas.

    Essa abordagem se manifesta na tentativa de Macron de dialogar com figuras complexas como Donald Trump, Vladimir Putin e Benjamin Netanyahu, demonstrando uma disposição para engajamentos pragmáticos. A despeito de questionamentos sobre a legitimidade de tais diálogos, a estratégia do presidente francês é descrita como uma expansão contínua no cenário internacional.

    No entanto, as observações de Carrère também apontam para o "paradoxo francês": a projeção internacional de Macron coexiste com dificuldades e críticas no âmbito nacional. A capacidade da França de manter sua influência global é colocada em perspectiva diante de desafios internos.

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