エピソード

  • Alemanha: governo quer regras mais rígidas para quem se beneficia do programa de renda básica
    2025/10/31

    A coalizão que governa a Alemanha anunciou esta semana o maior aumento de salário mínimo da história do país, ao mesmo tempo que está propondo mudanças drásticas no seu programa de renda básica, que passará a exigir contrapartidas de quem recebe o benefício. As duas medidas estão relacionadas e devem afetar bastante o mercado de trabalho da maior economia do euro.

    Gabriel Brust, correspondente da RFI na Alemanha.

    Este é o maior aumento do salário mínimo desde que ele foi criado na Alemanha, há apenas 10 anos. Deve saltar dos atuais € 12,82 por hora para € 14,60 ao longo de dois anos - um aumento de quase 14%, devendo beneficiar 6,6 milhões de trabalhadores, principalmente os da antiga Alemanha Oriental, que tem uma renda média menor.

    O aumento já era esperado, mas esse valor relativamente alto chega em um momento em que o país está debatendo a valorização do trabalho frente aos benefícios sociais. Um tema que é espinhoso para uma coalizão de governo que é formada por direita e esquerda juntas.

    O principal benefício social em questão é o chamado Bürgergeld, a renda básica que é uma espécie de Bolsa Família alemão. O governo de Friedrich Merz, que é de direita, já entrou em um acordo com o SPD, o partido de esquerda da coalizão, para mudar radicalmente o programa. Vai começar pela mudança de nome, que já é bem simbólica: em vez do atual Bürgergeld, que significa literalmente “dinheiro do cidadão”, vai se chamar Grundsicherung für Arbeitssuchende (“segurança básica para quem procura trabalho”). Ou seja, a ideia é lembrar que a renda básica deve garantir a subsistência enquanto a pessoa procura um novo emprego, e não uma renda permanente.

    Desincentivo ao trabalho

    A renda básica na Alemanha existe há 20 anos e beneficia atualmente 5,5 milhões de pessoas - num país com 83 milhões de habitantes. Ele serve basicamente para ajudar quem está há muito tempo sem trabalho, quando o seguro desemprego acaba, em geral depois de 1 ano.

    O benefício paga cerca de € 500 euros por adulto e cerca € 400 euros por criança (os valores variam de acordo com idade ou estado civil). E ele se soma ainda a benefícios de aluguel, transporte e contas domésticas que acabam formando um valor total mensal bastante relevante para uma família.

    O que vai mudar agora é basicamente a contrapartida: poderão ter os pagamentos cancelados quem reiteradamente não comparecer às agências de emprego, recusar ofertas de trabalho razoáveis e treinamento ou simplesmente não se candidatar a nada. A ideia é pressionar o cidadão que tem condições de trabalhar a se recolocar no mercado.

    O argumento do governo Merz é também o corte de gastos: reduziria € 5 bilhões dos € 51 bilhões por ano que custa o programa, algo nem tão alto para o orçamento alemão. Mas o principal argumento parece ser mesmo ideológico. Segundo membros do governo, o valor da soma dos benefícios acaba ficando perigosamente próximo ao salário mínimo pago a pessoas que fazem trabalho não qualificado, o que seria uma espécie de desincentivo ao trabalho. Isso fica claro em algumas falas como a do líder da direita na Baviera, Markus Söder, que disse "quem trabalha deve receber claramente mais do que quem não trabalha" e “quem se recusa a trabalhar não pode esperar que o Estado o sustente.”

    Esquerda acusa populismo

    A resistência ao projeto vem principalmente de setores do SPD, o partido de centro-esquerda que forma a coalizão. Embora a direção do partido tenha concordado com a reforma - a própria ministra do trabalho é do SPD - há alas do partido preparando petições para tentar barrar a reforma. Eles argumentam que se trata de um corte populista, já que a economia no gasto do governo não seria relevante - eles calculam cerca de € 86 milhões, muito diferente das contas do governo.

    Também argumentam que o perfil dos beneficiários é de pessoas que não têm condições de se reinserir no mercado, seja por questões de saúde, seja por cuidarem de parentes doentes, ou devido à formação. Cerca de metade dos beneficiários não têm formação profissional ou ensino médio, e ainda há a barreira da língua: 48% dos beneficiários são estrangeiros, principalmente refugiados de guerra da Ucrânia e da Síria.

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  • Advogada explica quais mudanças na 'Lei da Nacionalidade' dificultarão acesso à cidadania em Portugal
    2025/10/30

    As regras para obtenção da nacionalidade portuguesa vão ficar mais rigorosas. O Parlamento aprovou, esta semana, alterações significativas na chamada "Lei da Nacionalidade", que ainda dependem da promulgação do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. O texto amplia prazos, impõe novos critérios de integração e também muda as condições para filhos de estrangeiros nascidos em território português.

    Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa

    Segundo a advogada Marcelle Chimer, especialista em direito de imigração, o ponto central da reforma é o aumento do tempo mínimo de residência legal exigido para o pedido de nacionalidade.

    “O cidadão proveniente de países de língua portuguesa ou da União Europeia precisava, antes, ter cinco anos de residência legal para obter a nacionalidade. Esse tempo passará de cinco para sete anos, e os demais países que não sejam falantes de língua portuguesa e não sejam da União Europeia passam para dez anos”, explica a advogada.

    Além do tempo de residência, a nova lei também endurece os requisitos de integração. O candidato à nacionalidade terá de comprovar o domínio da língua portuguesa, adesão aos valores do Estado de Direito e poderá ser submetido a uma prova de cultura e civismo. Haverá ainda maior rigor na comprovação de meios de subsistência e na demonstração de vínculo estável com o país.

    Filhos de estrangeiros serão afetados

    Outro ponto sensível das alterações é o que trata dos filhos de estrangeiros nascidos em Portugal. Atualmente, basta que os pais vivam há um ano no país para que a criança tenha direito à nacionalidade portuguesa. Com a nova redação da lei, esse período sobe para cinco anos de residência legal.

    A mudança atinge diretamente famílias estrangeiras, especialmente de países de língua portuguesa, que vivem em Portugal em situação regular há pouco tempo.

    Para os brasileiros que já completaram cinco anos de residência e ainda não solicitaram a nacionalidade, Marcelle recomenda: “o ideal é dar entrada [no processo] o mais breve possível. Eu sei que a lei ainda precisa ser promulgada pelo presidente da República e pode sofrer alterações na forma da aplicação, mas, pra salvaguardar, eu correria e daria entrada antes da promulgação da lei”.

    A advogada tranquiliza quem já tem pedidos em análise. De acordo com ela, os processos que já deram entrada serão avaliados com base na legislação vigente à época do pedido.

    “Não há nenhum motivo para preocupação. Os processos em andamento continuam válidos e vão ser apreciados pela lei vigente na data do pedido”, reforça. “Atualmente, o tempo de tramitação tem ultrapassado dois anos, desde a data de entrada do pedido até a emissão do assento de nascimento português.”

    Frustração entre os imigrantes

    A mudança de prazos e regras provocou frustração e preocupação entre estrangeiros que vivem em Portugal, especialmente entre os brasileiros que estavam prestes a completar cinco anos de residência.

    “Essas pessoas já estavam quase adquirindo o direito de tirar a nacionalidade e agora vão ter que aguardar mais dois anos, num contexto em que o Aima [Agência para a Integração, Migrações e Asilo] continua lento e com dificuldades de atendimento.”

    O texto aprovado no Parlamento recebeu apoio da direita e de um deputado do partido centrista Juntos Pelo Povo (JPP). Agora, cabe ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa promulgar, vetar ou devolver o texto ao Parlamento.

    Se confirmadas, as novas regras representam um endurecimento no acesso à cidadania portuguesa e uma mudança significativa para todas as comunidades estrangeiras que vivem no país — especialmente a brasileira, hoje a maior de Portugal.

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  • Hamas devolve restos mortais de refém já entregue; Israel convoca reunião urgente
    2025/10/28
    Na noite passada, perto do fim do prazo dado pelo presidente norte-americano, Donald Trump para entrega dos corpos de reféns israelenses, o Hamas entregou um caixão a Israel. No entanto, o Instituto Médico Legal em Tel Aviv constatou na manhã desta terça-feira (28) que não se tratava de um corpo de um dos 13 reféns restantes, mas dos restos mortais de um refém que já havia sido entregue. Israel considera que se trata de uma grave violação do acordo de cessar-fogo por parte do Hamas. A partir disso, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deverá realizar uma reunião urgente para determinar quais medidas Israel irá implementar em resposta ao grupo palestino. Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel Apesar do acordo em vigor, a questão dos corpos dos reféns ainda permanece em aberto, assim como a formação do comitê que deverá administrar a Faixa de Gaza no pós-guerra. O Hamas afirma que não consegue encontrar todos os corpos porque falta equipamento e também devido ao estado de destruição da Faixa de Gaza. Israel contesta esta versão. Para as autoridades israelenses, o Hamas busca ganhar tempo de forma a não avançar para a segunda fase porque o item 13 do acordo de cessar-fogo assinado prevê a desmilitarização da Faixa de Gaza. Os Estados Unidos consideram que decisões relacionadas à ajuda humanitária para a Faixa de Gaza podem levar ao colapso do acordo de cessar-fogo e também ao plano do presidente Donald Trump. Por isso, segundo a imprensa local, uma das possibilidades em avaliação por parte de Israel é a expansão da área de Gaza sob controle do exército, ou seja, o avanço da chamada Linha Amarela. Neste momento, Israel controla 53% do território. Membros do alto escalão de Israel estão preocupados porque reconhecem que possíveis medidas de pressão sobre o Hamas estão sujeitas a decisões norte-americanas. Na opinião da cúpula de segurança israelense, é justamente essa limitação imposta pelos norte-americanos que permite ao grupo extremista palestino ganhar tempo e não devolver os corpos dos reféns israelenses. Familiares de reféns continuam combate Anteriormente, a luta dos familiares dos reféns era focada em pressionar o governo israelense a aceitar um acordo que encerrasse a guerra e libertasse os reféns. Agora, o foco não é mais a libertação dos reféns vivos, mas a devolução dos corpos. O Fórum dos Familiares dos Reféns divulgou um comunicado pedindo o congelamento do acordo atual até que o Hamas devolva todos os corpos. "As famílias pedem ao governo de Israel, ao governo dos Estados Unidos e aos mediadores que não avancem para a próxima fase do acordo até que o Hamas cumpra todas as suas obrigações e devolva todos os reféns a Israel", afirma o texto. Uma fonte de segurança israelense, citada pelo canal público local, disse que os EUA não compreendem a insistência de Israel sobre a devolução dos corpos. Os EUA desejam avançar para a próxima fase do plano, mesmo que a devolução de todos os corpos ainda não tenha ocorrido. Porém, há também uma questão interna em Israel. O governo de Benjamin Netanyahu segue desgastado, e a luta pela devolução dos corpos continua a gerar grande repercussão. Isolado no cenário internacional e pressionado pela população, o primeiro-ministro não tem muita margem de manobra para agir, nem para contestar as diretrizes de Washington. Palestinos anunciam comitê independente para pós-guerra As principais facções palestinas, incluindo o Hamas, anunciaram um acordo para formar um comitê independente de tecnocratas que assumirá a administração da Faixa de Gaza no pós-guerra. Em uma reunião no Cairo, os grupos chegaram a um acordo para entregar "a administração da Faixa de Gaza a um comitê palestino temporário composto por tecnocratas independentes". A declaração conjunta, publicada no site do Hamas, afirma que o comitê será responsável por administrar os assuntos cotidianos e os serviços básicos "em cooperação com os irmãos árabes e instituições internacionais". A declaração também menciona que as facções concordaram em trabalhar para unificar a posição "para enfrentar os desafios da causa palestina". No entanto, o Hamas busca formas de evitar a desmilitarização da Faixa de Gaza, conforme exige Israel e o plano de Trump. Em entrevista à imprensa árabe, Khalil Al-Hayya, principal negociador do Hamas, afirmou que as armas do grupo estão “relacionadas à presença da ocupação e à agressão”. Segundo ele, "se a ocupação terminar, as armas serão transferidas para o Estado". Aqui surge uma ambiguidade: o Hamas não se compromete com a criação de um estado palestino ao lado de Israel, mas sim em substituição a Israel. Países que defendem a solução de dois Estados (Israel e Palestina) argumentam que o estado palestino deve ser estabelecido na Faixa de Gaza, na Cisjordânia, com capital em Jerusalém Oriental. No entanto, o Hamas ...
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  • Com vitória surpreendente nas urnas, Milei sai fortalecido para segunda metade do seu mandato
    2025/10/27
    O projeto político e econômico de Javier Milei segue vivo na Argentina. Nas eleições legislativas realizadas neste domingo (26), Milei não apenas garantiu o mínimo de um terço dos assentos no Congresso, como também ficou próximo de obter aliados para formar uma maioria. Começa agora uma fase de articulação e alianças com governadores que exercem influência sobre parlamentares. O resultado das urnas deve facilitar o socorro financeiro à Argentina prometido por Donald Trump, que tinha condicionado a ajuda ao resultado eleitoral. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires O partido A Liberdade Avança, de Javier Milei, conseguiu uma vitória contundente, ficando com 40,68% dos votos válidos em todo o país, nove pontos acima do Peronismo, com 31,7% Os candidatos de Milei ganharam em 16 das 24 províncias do país, incluindo as maiores como Buenos Aires, Córdoba, Santa Fe e Mendoza. A mais surpreendente vitória foi na província de Buenos Aires, onde, em 7 de setembro, Milei tinha sido derrotado pela oposição peronista, numa eleição provincial, por 13,6 pontos de diferença. Agora, um mês e meio depois, nas eleições nacionais deste domingo, virou o jogo e ficou meio ponto acima O sinal de alerta veio dos 32% de eleitores que não foram votar, o maior número de abstenção desde o retorno da Democracia em 1983. Para esses eleitores, nem Milei, nem o Peronismo convencem. As Legislativas renovavam metade da Câmara de Deputados (127) e um terço do Senado (24). Milei precisava de, pelo menos, um terço dos legisladores para manter vetos a leis da oposição que afetem o equilíbrio fiscal, base do seu plano econômico. Também precisava de um terço para evitar processos de destituição, a partir de denúncias de corrupção. Obteve bem mais do que isso, abandonando a sua “hiper minoria” parlamentar. Na Câmara de Deputados, Milei passa de ter 37 a 80 legisladores. Com os aliados, fica com 107. Vai precisar de 22 deputados para obter quórum e aprovar reformas. No Senado, Milei passa de seis a 19 senadores. Com os aliados, fica com 24. Vai precisar de 13 senadores para conseguir quórum e aprovar reformas. Somente duas pesquisas de intenção de voto previram essa vitória contundente. O analista político, Cristian Buttié, da CB consultores, foi o mais preciso: calculou em 40,8% de votos válidos. E a consultora brasileira AtlasIntel previu uma vitória por 41,1% dos votos, bem próxima da realidade. À caça de votos Milei pretende obter os votos que lhe faltam para formar maiorias a partir de negociações com governadores que têm influência sobre parlamentares. O governo precisa das reformas tributária, trabalhista e previdenciária para promover a chegada de investimentos que substituam os empréstimos financeiros do FMI e do Tesouro norte-americano. Em outras palavras, a economia argentina precisa respirar por conta própria e não mais com a ajuda de aparelhos. A partir desta segunda-feira (27), começa a reformulação do gabinete de ministros e a articulação de alianças políticas para garantir a governabilidade. Essa construção de maiorias parlamentares também é uma exigência explícita dos Estados Unidos para socorrer o governo Milei. Esse é o principal desafio daqui para frente. Por isso, no seu discurso de vitória, o presidente convocou legisladores e governadores de outros partidos a apoiarem as reformas. “Hoje é um dia histórico. Hoje passamos o ponto de inflexão. Hoje começa a construção da Argentina grande. Teremos o Congresso mais reformista da história”, disse um eufórico Milei. Intervenção eleitoral de Trump A ajuda do Tesouro norte-americano, ordenada pelo aliado Donald Trump, foi fundamental para que o plano econômico de Milei não voasse pelos ares, provocando uma instabilidade na economia, principalmente uma desvalorização do peso argentino perante o dólar. Nunca se viu uma intervenção tão direta dos Estados Unidos num processo eleitoral argentino. Mesmo com o anúncio de Trump, a pressão cambial continuou e o Tesouro norte-americano precisou intervir com US$ 2 bilhões diretamente no mercado de câmbio para conter a desvalorização do peso. Os mercados desconfiavam que Milei pudesse ter uma derrota eleitoral ou ficar bem longe de obter maioria parlamentar para aprovar reformas. O próprio Trump tinha condicionado o socorro financeiro a um bom resultado eleitoral. Agora, com esta vitória, a ajuda de Trump fica garantida e a aliança entre Washington e Buenos Aires sai fortalecida. Através das redes sociais, Donald Trump e Javier Milei trocaram elogios. “Parabéns ao presidente Javier Milei pela sua arrasadora vitória na Argentina. Está fazendo um trabalho excelente! O povo argentino justificou a nossa confiança nele”, escreveu Trump. “Obrigado presidente Donald Trump por confiar no povo argentino. O senhor é um grande amigo da República Argentina. As nossas nações nunca ...
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  • Brasil não é prioridade para Trump, que leva à Ásia equipe estratégica para encontro decisivo com Xi Jinping
    2025/10/24
    Donald Trump e Xi Jinping se reúnem na próxima quinta-feira (30), na Coreia do Sul, durante a Cúpula da Apec. É o primeiro encontro presencial entre os dois desde o retorno do republicano à Casa Branca, marcado por tensões comerciais e rivalidade no Indo-Pacífico. O encontro é visto como decisivo para as relações entre Washington e Pequim. Trump poderá também abrir um novo capítulo diplomático com Brasília, mesmo que essa não seja a prioridade do presidente dos EUA neste giro pela Ásia. Luciana Rosa, correspondente da RFI em Nova York. Assim como vários especialistas alertaram logo após o primeiro encontro entre Lula e Trump durante a Assembleia Geral da ONU, o Brasil não é hoje uma prioridade para o presidente americano. Enquanto Brasília aguarda a confirmação da reunião bilateral na Malásia, a única agenda garantida e também a maior preocupação da Casa Branca é o encontro com o presidente chinês Xi Jinping, visto em Washington como decisivo para definir os rumos econômicos e estratégicos dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico. Segundo a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump deixa Washington na noite desta sexta-feira, às 23h no horário local. A primeira parada será na Malásia, onde se reúne no domingo (26) com o primeiro-ministro local, antes de participar do jantar de líderes da Asean, a Associação das Nações do Sudeste Asiático. Depois, o presidente americano segue para o Japão e, em seguida, para a Coreia do Sul, onde acontece o encontro de alto nível com Xi Jinping. De acordo com fontes do governo brasileiro, há expectativa de que uma reunião entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva possa ocorrer durante a passagem pela Malásia, possivelmente também no domingo. Mas a porta-voz da Casa Branca não incluiu esse encontro na agenda oficial divulgada até agora. Leia tambémLula chega à Indonésia para giro na Ásia, de olho em possível encontro com Trump Durante conversa com jornalistas a bordo do Air Force One, Trump afirmou que tem uma “relação muito boa com o presidente Xi” e que acredita em um acordo abrangente com a China. Segundo ele, a pauta deve incluir comércio, energia nuclear e também temas delicados, como a compra chinesa de petróleo russo e a guerra na Ucrânia. Trump disse ainda: “Acho que vamos acabar tendo um acordo fantástico com a China, e vai ser fantástico para o mundo inteiro.” O republicano também se declarou disposto a reduzir tarifas sobre produtos chineses, mas ressaltou que Pequim precisará “dar algo em troca”, como comprar mais soja americana, reduzir o fluxo de insumos usados na produção de fentanil e encerrar restrições sobre minerais raros, essenciais para a indústria de alta tecnologia. Comitiva de Washington A comitiva que acompanha Donald Trump nesta viagem à Ásia é considerada uma das mais estratégicas de seu novo mandato, reunindo os principais nomes da política externa e econômica dos Estados Unidos. O secretário de Estado, Marco Rubio, participa da mesma rota — com paradas na Malásia, Japão e Coreia do Sul entre os dias 22 e 30 de outubro. Antes disso, Rubio passou por Israel, onde reafirmou o apoio do governo americano à implementação do Plano Abrangente para o Fim do Conflito em Gaza, proposto por Trump e descrito pelo Departamento de Estado como um esforço histórico de “integração e paz duradoura no Oriente Médio”. Depois do Oriente Médio, o secretário deve se juntar à delegação presidencial na Cúpula da Asean, em Kuala Lumpur, e seguir para a Semana de Líderes Econômicos da Apec, na Coreia do Sul. Segundo comunicado oficial, a meta é “promover a cooperação e fortalecer os laços com os parceiros do Indo-Pacífico”, com foco em comércio e segurança regional. Outro nome confirmado é o representante comercial dos Estados Unidos, Jamieson Greer, que também viajará à Malásia, Japão e Coreia do Sul. Greer foi o mesmo que se reuniu recentemente, em Washington, com o chanceler brasileiro Mauro Vieira, em um encontro preparatório para uma possível bilateral entre os dois países. Em declarações recentes, Greer afirmou que as tarifas de 50% impostas aos produtos brasileiros foram uma forma de retaliação por questões ligadas ao Estado de Direito, à censura e aos direitos humanos. Sem citar diretamente o Supremo, ele mencionou o ministro Alexandre de Moraes, dizendo que um juiz brasileiro teria “censurado empresas americanas por meio de ordens secretas”, com o objetivo de controlar o fluxo de informações relacionadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Além de Rubio e Greer, integram a comitiva o secretário do Tesouro, Scott Bessent, e assessores de alto escalão da Casa Branca, incluindo membros do Conselho de Segurança Nacional. Questionada pela PBS sobre os detalhes da agenda, a porta-voz da Casa Branca, Anna Kelly, limitou-se a dizer que o presidente participará de “reuniões e eventos que ...
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  • Eleições legislativas na Argentina equivalem a ‘plebiscito’ para Milei, dizem analistas
    2025/10/24
    Os argentinos irão às urnas neste domingo (26) para participar das eleições legislativas. Eles renovarão metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, mas o resultado funcionará, na prática, como um plebiscito sobre o governo do presidente Javier Milei. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Até o começo de setembro, Milei tinha a esperança de reverter a sua condição de hiper minoria parlamentar e chegar próximo de conseguir maiorias para aprovar reformas estruturantes, necessárias para a chegada de investimentos, condição para o sucesso do seu plano econômico. Essa expectativa de uma vitória arrasadora mudou depois das eleições provinciais de Buenos Aires. Agora o governo se contentará se obtiver um terço do Congresso. Esse é o mínimo necessário para os governistas vetarem leis da oposição que atinjam o superávit fiscal e para evitar eventuais processos de destituição, sobretudo a partir de denúncias de corrupção. Governabilidade As eleições definirão a governabilidade do presidente argentino nos próximos dois anos e sua capacidade de implementar reformas econômicas. O pleito também definirá "as possibilidades de o Peronismo voltar a ser uma alternativa de poder", diz Cristian Buttié, da CB Consultores. "Os argentinos votam contra ou a favor de Milei como principal vetor, e contra ou a favor do peronismo/kirchnerismo como segundo vetor”, esclarece. “Neste domingo, está em jogo se a sociedade argentina vai continuar a apoiar o governo, se vai continuar a ter paciência com o ajuste de Milei. No fundo, a disputa não é entre o governo e a oposição, mas entre o governo e amplas faixas da sociedade para as quais o superávit fiscal nas contas públicas tem significado déficit no orçamento de milhões de famílias”, diz o analista político Eduardo Fidanza, diretor da consultoria Poliarquia. “Nesta eleição, o Peronismo é um instrumento de castigo. Os eleitores votam na oposição peronista basicamente para serem contra Milei”, acrescenta Fidanza. O melhor cenário para o governo será a obtenção de mais de 40% dos votos e o pior, com maior turbulência nos mercados, será se Milei ficar com 30% ou menos. “É uma cifra que os governos da Argentina e dos Estados Unidos consideram uma boa eleição, pois garante um terço do Parlamento para blindar os vetos de Milei”, acredita Fidanza, para quem Milei terá cerca de 35% dos votos válidos. A analista Shila Vilker, diretora da consultora TresPuntoZero, faz o mesmo cálculo, mas ressalta que parte desse voto em Milei vem de eleitores que não querem o retorno ao passado peronista, embora critiquem as consequências do ajuste fiscal. “Vejo o governo com mais dificuldade para mobilizar esse voto. A abstenção pode alterar as projeções”, diz. Buttié projeta 40,8% para Milei e a consultoria brasileira AtlasIntel aposta que o presidente terá 41,1% dos votos. Os cenários indicam paridade com a oposição peronista. Todos calculam que o líder argentino conseguirá o mínimo de um terço do Congresso, mas ficará longe da maioria necessária para aprovar reformas. O maior desafio, a partir de segunda-feira (27), será construir uma articulação política com os governadores. “Com 35% dos votos, será um governo relativamente fraco. A oposição elevará o preço das exigências para oferecer apoio. A pergunta é se essa articulação política com os governadores não custará o superávit fiscal de Milei”, questiona Fidanza. Milei iniciou seu governo com apenas 15% da Câmara dos Deputados e 10% do Senado. Dos 39 deputados iniciais (de um total de 257), ele perdeu 14 e ficou com apenas 25. Dos sete senadores (de 72), perdeu um, restando apenas seis. Desgaste pelo ajuste fiscal e pela corrupção Os argentinos votarão num momento em que o ajuste fiscal do presidente Milei começa a afetar diretamente o bolso da população. Como âncora para combater a inflação, sua principal bandeira política, Milei manteve o valor do peso argentino artificialmente valorizado. Para isso, utilizou recursos financeiros de um programa de regularização de capitais, de um empréstimo do FMI e agora de um socorro do Tesouro americano, enquanto a economia perdia competitividade. A inflação continua girando em torno de 2% ao mês. A recessão tem causado estragos e desde que Milei assumiu, em média, 28 empresas fecham por dia (16.322 entre dezembro de 2023 e junho de 2025), 236 mil empregos registrados foram destruídos, e 86% das pessoas dizem que o salário não cobre o mês inteiro. O presidente vangloria-se de aplicar “o maior ajuste fiscal da história”, equivalente a 5% do Produto Interno Bruto desde o primeiro mês de governo. Na campanha eleitoral de 2023, Milei prometia fazer “a casta política” pagar o preço do ajuste. No entanto, os cortes atingiram salários públicos e setores vulneráveis da sociedade, como aposentados, ...
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  • UE aprova 19º pacote de sanções contra a Rússia e reafirma apoio à Ucrânia em Bruxelas
    2025/10/23

    Os líderes da União Europeia se reuniram nesta quinta-feira (23), em Bruxelas, para mais uma cúpula oficial do Conselho Europeu. O encontro ocorre em um momento de renovada tensão na guerra na Ucrânia e conta com a presença do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

    Artur Capuani, correspondente da RFI em Bruxelas

    Antes que os debates começassem em Bruxelas, a União Europeia confirmou o 19º pacote de sanções contra a Rússia, reafirmando o compromisso do bloco com Kiev. Zelensky foi o primeiro a falar, iniciando as conversas com os 27 chefes de Estado e de governo do bloco. Desde o início da invasão russa, a cúpula da UE tem aprovado sucessivas medidas de apoio financeiro e militar à Ucrânia e de restrições a Moscou.

    A Hungria segue sendo a única voz dissidente no Conselho, com o primeiro-ministro Viktor Orbán, aliado de Vladimir Putin, apresentando seu voto solitário contra as medidas.

    “O 19º pacote de sanções contra a Rússia é crucial para nós. O cessar-fogo é possível, mas precisamos de mais pressão sobre a Rússia para que haja um cessar-fogo”, afirmou Zelensky na chegada para a reunião. O presidente ucraniano também confirmou que o Conselho irá negociar mais apoio financeiro e o envio de armas de longo alcance para Kiev.

    “Estamos mantendo a pressão sobre o agressor. Pela primeira vez, estamos atingindo o setor de gás da Rússia – o coração de sua economia de guerra. Não cederemos até que o povo da Ucrânia tenha uma paz justa e duradoura”, afirmou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em comunicado.

    Na véspera do encontro, a Suécia também assinou um acordo para fornecer até 150 caças Gripen à Ucrânia, com as primeiras entregas previstas para 2026.

    A defesa comum também voltou à pauta dos líderes europeus, especialmente após uma série de violações do espaço aéreo por drones não identificados no flanco leste do continente. O Conselho pretende acelerar o plano Prontidão 2030, que busca fortalecer a capacidade militar da UE nos próximos cinco anos, com foco particular na defesa aérea e em mecanismos para enfrentar ataques híbridos.

    A carta-convite de António Costa reforça a necessidade de transformar discussões recentes em compromissos concretos, ampliando o papel da Agência Europeia de Defesa e autorizando ministros da Defesa a acompanhar a implementação técnica das medidas.

    Competitividade, transição verde e euro digital

    A competitividade europeia será outro tema central. Os líderes devem debater formas de simplificar regulações, estimular o investimento em tecnologias verdes e garantir a autonomia digital do continente. A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, e o presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, participarão de uma sessão dedicada à economia e ao projeto do euro digital, pensado para criar um sistema de pagamentos gratuito e de ampla circulação.

    O aumento do custo da habitação na Europa, especialmente para jovens e famílias de classe média, motivou a inclusão do tema na agenda da cúpula. Os líderes vão avaliar o que pode ser feito ao nível europeu para apoiar iniciativas nacionais de moradia acessível.

    A migração também será discutida. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apresentará um balanço do novo pacto migratório e das ações previstas para o controle de fronteiras e a solidariedade entre os Estados-membros.

    Situação em Gaza

    No Oriente Médio, a UE pretende avaliar como apoiar esforços de reconstrução e negociação para uma paz sustentável em Gaza, após dois anos de conflito no território palestino.

    Fora da pauta desta vez, o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul teve sua votação adiada. Havia expectativa de que o capítulo final das negociações fosse concluído ainda este ano, o que agora parece improvável.

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  • Lula chega à Indonésia para giro na Ásia, de olho em possível encontro com Trump
    2025/10/22
    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva desembarca nesta quarta-feira (22) em Jacarta, na Indonésia, para o início do seu último périplo pela Ásia este ano. A agenda cheia pode incluir o esperado encontro entre o brasileiro e o homólogo americano, Donald Trump, e confirmar uma aproximação. Os dois chefes de Estado estarão neste domingo (26) em Kuala Lumpur, na Malásia, onde participarão da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean). Vivian Oswald, correspondente da RFI no Rio de Janeiro Os ponteiros ainda precisam ser acertados para saber se haverá tempo para o encontro entre os dois, incluindo a pauta para uma eventual reunião bilateral. Para assessores do presidente, o encontro em si já seria de extrema importância, mesmo que não resulte em anúncios formais. Do lado brasileiro, segundo fontes, janelas de oportunidades estão sendo reservadas para possíveis encontros de Lula com Trump e outros chefes de Estado. Em sua terceira viagem à Ásia este ano, o petista continua atrás de novos mercados. Os países da Asean são responsáveis por 20% do superávit comercial brasileiro com o mundo, ou cerca de US$ 15 bilhões. Em Jacarta, será recepcionado em cerimônia oficial de chegada no Palácio Presidencial, e recebido com a primeira-dama, Janja da Silva, pelo presidente da Indonésia, Prabowo Subianto. Os dois terão um encontro privado, seguido de reunião ampliada, cerimônia de assinatura de atos e declaração à imprensa. Nesta quinta-feira (22), Lula falará no Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, do qual participam mais de uma centena de empresários de cada lado. No dia 24, tem previsão de visita ao secretário-geral da Asean, o cambojano Kao Kim Hourn, na sede da entidade, em Jacarta. Agenda disponível para Trump na Malásia Da Indonésia, Lula seguirá ainda para a Malásia. Ele fará visita de Estado aos dois países, onde tem reuniões com seus líderes e assina acordos bilaterais. Em Kuala Lumpur, capital malaia, Lula receberá o título Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional da Malásia e participará de dois fóruns empresariais. Lula ficará até 27 de outubro no país, onde estará da abertura da 47ª Cúpula da Asean – ele é o primeiro presidente brasileiro a receber o convite para participar do encontro. A partir daí, sua agenda deve variar de acordo com as possibilidades de encontros bilaterais. O mais aguardado é com o Trump, levando a presidência a deixar uma janela relativamente flexível para concretizar essa possibilidade. Os governos do Brasil e dos EUA têm pressa para essa reunião: querem aproveitar o momentum, e agora é preciso mostrar até onde estão dispostos a ir. Depois do encontro de 39 segundos dos dois na Assembleia Geral da ONU, os canais de comunicação foram reabertos. Desde então, nada mudou, e o Brasil continua submetido a 50% de tarifas, com sanções aplicadas a indivíduos. Mas os sinais políticos mostram que a relação pode ganhar nova tração e buscar certa normalidade. A agenda e a vontade política ainda precisam ser montadas para que o encontro saia. Segundo fontes do governo brasileiro, a reunião em si já é importante por dar novos passos em direção às negociações e reduzir o espaço para ruídos na relação. Encontro com presidente da Índia Na Malásia, Lula ainda se encontra com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, na única bilateral confirmada até agora. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, esteve em missão na Índia semana passada para preparar o terreno para visita de Estado que Lula fará ao país em fevereiro de 2026. Os dois estão submetidos à maior sobretaxa aplicada pelos EUA no tarifaço, de 50%. A Asean representa uma oportunidade de encontro e reunião com diversos líderes mundiais, já que todos os grandes países têm algum tipo de relação com o grupo e a presença braseira consolida a presença do país no sudeste asiático. A Asean é o quinto principal parceiro do Brasil e quarto maior destino das exportações. Os 11 países que integram a associação somam mais de 680 milhões de habitantes e um PIB agregado de US$ 4 trilhões. Considerados em conjunto, seriam o terceiro país mais populoso e a quarta maior economia do mundo. Na cúpula do leste da Ásia, onde participa como presidente rotativo do Brics, Lula vai levar a visão do governo brasileiro sobre resiliência das economias diante de cenário difícil para o livre comércio. Ampliação de mercados após tarifaços Todo esse périplo asiático tem por objetivo ampliar mercados e aumentar as exportações, sobretudo num momento em que os EUA exercem forte pressão sobre o Brasil, que mantém superávit significativo com os países da região. A Indonésia é terceira maior democracia do mundo, quarta mais populosa e maior economia da Asean. As áreas que representam oportunidades para o Brasil são sobretudo agrícola, segurança alimentar, bioenergia, desenvolvimento ...
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