エピソード

  • Protestos contra Israel provocam mudanças e reforço de segurança em prova ciclística na Espanha
    2025/09/11
    A Volta da Espanha, uma das maiores competições de ciclismo do mundo, vive uma edição marcada por tensões políticas e mudanças logísticas. Em 2025, o tradicional evento — que começou em Turim e já passou por França, Andorra e agora percorre diversas cidades espanholas — precisou adaptar seus circuitos e reforçar a segurança diante de uma onda de protestos contra a participação da equipe israelense Israel – Premier Tech e em solidariedade ao povo palestino. Ana Beatriz Farias, correspondente da RFI na Espanha La Vuelta a España 2025 – ou, simplesmente, La Vuelta – começou no dia 23 de agosto, em Turim, na Itália. Desde então, vem passando por diversas cidades e a previsão é de que termine no próximo domingo (14), em Madri. Durante os dias de prova, houve numerosos protestos em apoio à Palestina. Uma das principais razões é a presença da equipe Israel – Premier Tech, cujo dono, Sylvan Adams, é descrito pela imprensa espanhola como sionista, multimilionário e amigo do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu. Segundo o jornal espanhol El País, Adams utiliza o time de ciclistas do qual é proprietário para praticar “sportwashing” – termo em inglês utilizado para descrever o uso do esporte como forma de melhorar a imagem e reputação de um indivíduo, empresa ou instituição, por exemplo. Nesse caso, a imagem a ser “melhorada” seria a de Israel, em meio a ataques constantes contra o povo palestino. Diante desse cenário, as manifestações pedem tanto a defesa da Palestina, em termos gerais, quanto a retirada da equipe Israel – Premier Tech da competição. Mudanças de plano Já foram registrados diversos tipos de protestos ao longo dos dias de La Vuelta. Um exemplo ocorreu em Bilbao, no último dia 3. Com bandeiras da Palestina em mãos, manifestantes gritavam palavras de ordem como “Israel genocida”. A intensidade da mobilização levou a direção da prova a antecipar a linha de chegada em três quilômetros e a cancelar a definição de um vencedor naquela etapa. As cenas se repetiram em diferentes fases da competição. Em El Bierzo, na região de Castela e Leão, o asfalto de um trecho foi pintado com desenhos de corpos e nomes de crianças mortas em Gaza.Já na Galícia, na última terça-feira (9), os manifestantes derrubaram uma árvore para bloquear a estrada por onde passariam os ciclistas. A Guarda Civil conseguiu desobstruir o caminho a tempo, mas, ainda assim, a organização decidiu adiantar a linha de chegada em oito quilômetros. Além dessas adaptações, a prova também passou a contar com reforço policial. Para as etapas finais, o governo anunciou que haverá a atuação de 1.100 policiais nacionais e 400 guardas civis, além do efetivo que tradicionalmente acompanha a competição. Na mesma ocasião em que comunicou o aumento de efetivo, o governo espanhol destacou que “o direito à manifestação é um direito fundamental que não pode ser limitado sem as justificativas previstas em lei”. Pacote de medidas pró-Palestina Toda essa repercussão em torno da volta ciclística acontece em um momento em que o governo espanhol tem se posicionado de maneira firme em defesa da Palestina. No início desta semana, o primeiro-ministro Pedro Sánchez anunciou nove medidas “para deter o genocídio em Gaza, perseguir seus executores e apoiar a população palestina”. “O governo da Espanha acredita que uma coisa é proteger seu país e outra muito diferente é bombardear hospitais e matar de fome crianças inocentes”, afirmou Sánchez . Enquanto falava em 63 mil mortos, 159 mil feridos e 250 mil pessoas em risco de desnutrição aguda, o primeiro-ministro espanhol disse que isso não configura defesa própria. “Não é sequer atacar. É exterminar um povo indefeso. É violar todas as leis do direito humanitário”, declarou. As nove medidas anunciadas pelo governo da Espanha em site oficial: - Aprovação urgente de um Real Decreto-Lei que consolide juridicamente o embargo de armas a Israel, aplicado desde outubro de 2023, que estabeleça a proibição legal e permanente de comprar e vender armamento, munição e equipamentos militares para Israel; - Proibição do trânsito por portos espanhóis de todas as embarcações que transportem combustíveis destinados às forças armadas israelenses; - Negação de entrada no espaço aéreo espanhol a todas as aeronaves estatais que transportem material de defesa destinado a Israel; - Proibição de acesso ao território espanhol a todas as pessoas que participem diretamente do genocídio, da violação de direitos humanos e de crimes de guerra em Gaza; - Proibição de importação de produtos provenientes dos assentamentos ilegais em Gaza e na Cisjordânia, com o objetivo de combater essas ocupações, frear o deslocamento forçado da população civil palestina e manter viva a solução de dois Estados; - Limitação dos serviços consulares...
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  • Israel determina evacuação completa e imediata da Cidade de Gaza
    2025/09/09
    A escalada do conflito entre Israel e o Hamas reacende preocupações globais, com o novo ataque ocorrido em Jerusalém na segunda-feira (8) e uma ordem do Exército de Israel de evacuação imediata da Cidade de Gaza, sinalizando uma possível ocupação total do território palestino. Henry Galsky, correspondente da RFI em Israel Na manhã de hoje, o Exército de Israel emitiu a primeira grande ordem de retirada a todos os palestinos que vivem na Cidade de Gaza. Até agora, as ordens de retirada eram dadas a moradores de prédios específicos. Dos cerca de 900 mil palestinos que vivem na cidade, apenas cerca de 10% saíram até agora e se dirigiram às chamadas zonas humanitárias criadas por Israel no sul do território. A decisão tem um contexto: o plano do governo israelense de ocupar integralmente a Cidade de Gaza, uma estratégia decidida pelo gabinete de segurança, apesar dos avisos do próprio chefe do Estado-Maior, Eyal Zamir, de que essa ocupação pode levar à morte dos reféns israelenses. Os próprios familiares dos reféns e a maioria da sociedade israelense se opõem à continuação da guerra. Segundo a pesquisa mais recente divulgada pelo Instituto de Democracia de Israel (IDI), 64% da população apoiam o fim da guerra. Ataque em Jerusalém Num território pequeno, como o que inclui Israel e os territórios palestinos da Cisjordânia e da Faixa de Gaza, muitas vezes as distâncias são mínimas. Os dois autores do ataque em Jerusalém que causaram a morte de seis israelenses vieram de dois vilarejos próximos: Mutana Amro, de 20 anos, de Al-Qubeiba, e Mahmoud Tahah, 21, de Qatanna. Os dois vilarejos palestinos ficam a menos de dois quilômetros de distância da chamada "Linha Verde", a fronteira que separa os territórios israelense e palestino. Nenhum deles tinha vínculo com organizações terroristas, nem antecedentes criminais. Os dois terroristas entraram armados num ônibus lotado da linha 62 e abriram fogo no Cruzamento de Ramot, um local de grande movimento, durante o período da manhã. Ambos foram mortos por um soldado israelense e um civil armado que estavam no local. Consequências a partir do ataque O Exército de Israel estabeleceu novos postos de controle próximos a Ramallah, a principal cidade palestina da Cisjordânia e onde fica a sede da própria Autoridade Palestina (AP), o governo palestino reconhecido pela comunidade internacional. O objetivo é aumentar as verificações locais, segundo o exército. As forças israelenses também passaram a operar com mais intensidade na Samaria, como o governo de Israel chama o norte do território palestino. Essas forças revistam casas, efetuam prisões e buscam armas e dinheiro que possam estar relacionados a atividades terroristas. "Continuaremos com um esforço operacional e de inteligência contínuo, perseguiremos os focos do terror em todos os lugares e frustraremos a infraestrutura terrorista e seus organizadores. Devemos aprender, investigar e tirar lições", disse na Cisjordânia o chefe do Estado-Maior do exército, Eyal Zamir. O ministro da Defesa, Israel Katz, declarou que haverá "consequências graves e de longo alcance". O Shin Bet, o serviço de segurança interno de Israel, prendeu um motorista de Jerusalém Oriental sob suspeita de ter auxiliado os autores do ataque. Todas as entradas e saídas de Jerusalém chegaram a ficar fechadas por mais de três horas. Apenas durante o mês de agosto, as forças de segurança de Israel conseguiram impedir que 88 ataques terroristas fossem executados no país. Desde o início do ano, foram mais de mil. Novo plano dos Estados Unidos De acordo com o Canal 12 israelense, Trump entregou nos últimos dias ao Hamas uma proposta para um acordo abrangente com mudanças significativas em relação às propostas anteriores. Segundo as informações, todos os 48 reféns israelenses deverão ser libertados no primeiro dia do acordo. Em troca, haverá também a libertação de milhares de prisioneiros palestinos, inclusive centenas que cumprem penas por terem matado cidadãos israelenses. Como parte do plano, Israel deverá interromper a Operação Carruagens de Gideão para capturar a Cidade de Gaza, e as negociações terão início imediato sob a liderança pessoal do presidente norte-americano. Enquanto as negociações não forem concluídas, os combates também não serão retomados. Em resposta, o Hamas divulgou um comunicado oficial: "Recebemos, por meio de mediadores, diversas propostas dos norte-americanos para chegar a um acordo de cessar-fogo. O Hamas acolhe com satisfação qualquer medida que contribua para os esforços de deter o ataque ao nosso povo e enfatiza que está imediatamente pronto para se sentar à mesa de negociações." Embora Trump tenha dito que Israel já concordou com o plano, ainda não há uma posição oficial. No entanto, uma fonte israelense próxima ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu citada pela imprensa local ...
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  • Derrota eleitoral de Milei em principal província da Argentina afeta economia e complica governabilidade
    2025/09/08
    No primeiro grande teste eleitoral após a denúncia de corrupção envolvendo a irmã, o presidente Javier Milei sofreu uma dura derrota na província de Buenos Aires, a mais importante do país, responsável por quase 40% dos eleitores. O resultado é considerado irreversível, complicando as chances de um bom desempenho de Milei nas legislativas de outubro, cruciais para a governabilidade da Argentina e o futuro do seu plano econômico. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Tecnicamente, estavam em jogo 46 cadeiras para a Câmara de Deputados e 23 para o Senado, além de vereadores em 135 municípios da província (que não inclui a cidade de Buenos Aires). Com 99% das urnas apuradas, o Peronismo ficou com 47,3% dos votos, enquanto o partido de Milei, A Liberdade Avança, obteve 33,7%. A diferença, de 13,6 pontos, um resultado inesperado, é considerada uma verdadeira surra eleitoral. Das dez eleições provinciais realizadas este ano na Argentina, Milei ganhou apenas duas. Automaticamente, o resultado colocou o governador de Buenos Aires, o peronista Axel Kicillof, na posição de principal referência da oposição para as eleições presidenciais de 2027. O resultado também complica a estratégia eleitoral de Milei e pode afetar a governabilidade do país. “O envolvimento de Javier Milei, com presença durante a campanha, fez com que este resultado lhe fosse atribuído pessoalmente. Portanto, embora seja uma eleição provincial, dado o peso da província de Buenos Aires no cenário nacional, a magnitude da derrota recai sobre o presidente”, indica à RFI o analista político Cristian Buttié, diretor da CB Consultores. Economia condicionada O revés eleitoral de Milei pode ter implicações ainda mais profundas. Na prévia das eleições, o governo já considerava que empatar ou ter uma derrota inferior a cinco pontos seria como uma vitória porque permitiria uma recuperação até as Legislativas de 26 de outubro. O próprio Javier Milei se envolveu na campanha eleitoral, pedindo votos para uma disputa “tecnicamente empatada”. Porém, uma derrota acima de 13 pontos não estava nas contas nem mesmo da oposição. A diferença é considerada irreversível para as legislativas de outubro. Sem um bom desempenho em outubro, Javier Milei não conseguirá o número de legisladores necessários para aprovar reformas como a tributária, a trabalhista e a previdenciária, segundo ele, necessárias para atrair investimentos. Sem a entrada maciça de capitais, o plano econômico de Milei fica em xeque ou, pelo menos, limitado, colocando a governabilidade do país em questão. O mal desempenho na província mais povoada do país, indica que a oposição pode sonhar com a volta ao poder em 2027. O temor do regresso do Peronismo ao poder, tal como aconteceu em 2019, é outro fator que inibe a chegada de investimentos. Milei também precisaria de um terço do Congresso para evitar um possível pedido de “impeachment”, a partir das denúncias de corrupção. O resultado negativo para o governo revela a decepção do eleitorado com o presidente. “Este é um governo que se enfraqueceu nos últimos dois meses, à medida que o seu plano econômico perdia dinamismo e eficácia. A situação política piorou a partir das denúncias de corrupção, mas já vinha complicada desde os vetos presidenciais aos aumentos nas aposentadorias, no auxílio aos deficientes. O governo já tinha perdido o controle do Congresso. Os mercados veem um governo desorientado, sem controle da agenda política e obrigado a vetar medidas populares”, aponta o analista político Alejandro Catterberg, diretor da consultora Poliarquia. Impacto da corrupção O esquema de corrupção foi revelado através de áudios vazados nos quais o então diretor da Agência Nacional para as Pessoas com Deficiência, Diego Spagnuolo, contava que Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, comandava um desvio de 8% na compra de medicamentos. Esse esquema impediu que Milei fizesse campanha alegando combater a corrupção. Isso favoreceu o Peronismo, cuja líder, Cristina Kirchner, está presa por administração fraudulenta em detrimento do Estado durante seus dois governos, entre 2007 e 2015. “Milei colecionou erros ao longo dos últimos meses. Errou em como se relacionar com os aliados políticos, como gerir a economia, errou na escolha dos candidatos e, com o seu estilo agressivo, brigou com todos. O caso de corrupção teve impacto não apenas pela denúncia de desvio de dinheiro, mas porque desviava dinheiro do orçamento daqueles que já sofriam com o ajuste, sendo um setor vulnerável como os de pessoas com deficiência”, descreve Catterberg. O ajuste fiscal de Milei mostrou a sua face mais desumana ao recortar aposentadorias, universidades públicas e, sobretudo, auxílio às pessoas com deficiência. “Um ajuste é sempre doloroso, mas é ainda mais doloroso quando se ajustam as ...
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  • Polícia portuguesa divulga nacionalidades de mortos no acidente com o Elevador da Glória em Lisboa
    2025/09/05

    Dois dias após o descarrilamento do veículo do Elevador da Glória, em Lisboa, a Polícia Judiciária (PJ) do país confirmou nesta sexta-feira (5) as nacionalidades das 16 vítimas. O Gabinete de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreos e Ferroviários (GPIAAF) português anunciou que publicará nesta sexta-feira (5) uma nota informativa com as primeiras conclusões sobre o acidente.

    Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa, com agências

    Entre os mortos no desastre, há 5 portugueses, 2 sul coreanos, 1 suíço, 3 britânicos, 2 canadenses, um ucraniano, um americano e um francês.

    Nove pessoas continuam internadas em hospitais de Lisboa, seis delas em estado grave. Entre os 13 feridos leves que já tiveram alta, dois são brasileiros. Um deles, residente em Portugal, chegou sozinho ao pronto-socorro e recebeu alta poucas horas depois. As autoridades portuguesas ainda não confirmaram se há um terceiro brasileiro hospitalizado.

    Segundo o ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Noël Barrot, uma cidadã franco-canadense morreu no acidente. A vítima até então não havia sido identificada como francesa. “Recebemos a confirmação do falecimento de uma de nossas compatriotas no trágico acidente”, publicou o ministro na rede X nesta sexta-feira (5).

    O pai do menino alemão de três anos, encontrado nos escombros do acidente com o Elevador da Glória, dado como morto, está vivo e é um dos feridos internados no Hospital de São José, de acordo com a rede CNN Portugal.

    Segundo a CNN, a família do homem foi ao Instituto de Medicina Legal em busca do corpo, mas não conseguiu identificá-lo. A mãe da criança está internada no Hospital de Santa Maria, em estado crítico, porém estável.

    Investigação

    O GPIAAF deverá publicar um relatório preliminar, provavelmente dentro de um prazo de 45 dias, anunciou o diretor do órgão, Nelson Oliveira, na quinta-feira (4). Uma nota informativa será publicada nesta sexta-feira com as primeiras conclusões das investigações.

    Questionado durante uma coletiva de imprensa ao lado de Oliveira sobre as causas do acidente, o diretor da Polícia Judiciária, Luis Neves, afirmou que nenhuma hipótese está descartada no momento. “Nada está excluído. Só poderemos nos posicionar quando tivermos certeza. Neste estágio, é preciso manter a mente aberta”, disse.

    Entre as hipóteses mencionadas pela imprensa local estão a ruptura de um cabo de segurança e uma possível negligência na manutenção do bondinho, realizada pela empresa de transportes lisboeta Carris.

    “O plano de manutenção desse equipamento foi rigorosamente cumprido”, garantiu o presidente da Carris, Pedro Bogas. A imprensa local publicou o relatório da inspeção diária realizada na manhã do dia do acidente, que indicava que o elevador tinha todas as condições para operar.

    Funicular destruído é retirado do local

    De acordo com testemunhas, o bondinho desceu a ladeira em alta velocidade, descarrilou em uma curva leve e colidiu com um prédio, por volta das 18h (horário local) de quarta-feira. O vagão acidentado, completamente destruído, foi removido na manhã desta sexta-feira. Os peritos já recolheram os destroços para análise técnica.

    A Carris anunciou que substituirá o funicular. Segundo a empresa, os custos de manutenção duplicaram na última década e aumentaram 25% desde 2022. Paralelamente, a empresa abriu uma investigação interna e garantiu estar prestando apoio psicológico e material às famílias das vítimas.

    O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, visitou o local da tragédia acompanhado pelo primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pelo presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas.

    Inaugurado em 1885, o Elevador da Glória é um dos três funiculares históricos de Lisboa e uma das principais atrações turísticas da cidade. Classificado como monumento nacional desde 2002, transporta diariamente centenas de passageiros, entre moradores e visitantes.

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  • Tensão no Caribe: ação militar cirúrgica dos EUA na Venezuela, intervenção direta ou só intimidação?
    2025/09/04
    Sob a alegação de uma ofensiva contra o tráfico de drogas, uma força aeronaval norte-americana parece preparada para uma guerra no Caribe, em frente à costa da Venezuela, por onde passa a menor parte das drogas aos Estados Unidos. As manobras visam mesmo combater traficantes ou o objetivo é derrubar o venezuelano Nicolás Maduro, líder de um regime considerado ilegítimo pelos Estados Unidos? Especialistas ouvidos pela RFI não descartam outros cenários, até mesmo o risco de um “papelão” por parte de Donald Trump, se não houver nenhuma ação militar. Márcio Resende, correspondente da RFI em Buenos Aires Nesta quarta-feira (3), Caracas acusou Washington de fazer execuções extrajudiciais, ao atacar um barco no sul Caribe que, segundo o presidente Donald Trump, transportava 11 traficantes de drogas. Foi o primeiro alvo de uma força aeronaval norte-americana que acabava de chegar ao Caribe, onde ficará pelos próximos meses. “É uma clara mensagem de que os Estados Unidos não estão para um desfile naval. É uma demonstração de força”, afirma à RFI o analista de política internacional Fabián Calle, especializado em temas de Segurança e Defesa. Oficialmente, a operação começa mirando o tráfico, exterminando um alvo através de um míssil, numa espécie de bloqueio de qualquer tentativa de remessa marítima de drogas. Porém, o método de ação começou com uma violação do direito internacional. “Em matéria de direito do mar, com base na carta da ONU e a convenção de 1988 sobre drogas, nada autoriza um governo a afundar e matar 11 pessoas. Lançar um projétil é um procedimento unilateral, arbitrário e ilegítimo”, explica à RFI o sociólogo e catedrático em Relações Internacionais na Universidade Di Tella Juan Gabriel Tokatlian, uma referência na América Latina em matéria de Segurança e Defesa. O correto, prossegue Tokatlian, seria o barco ser obrigado a parar. Depois, se a mercadoria transportada fosse ilegal, deveria ser confiscada e os traficantes, presos. “Anunciar esse ataque como uma vitória de uma grande potência é francamente ridículo, marcando um gesto de prepotência e impotência. Esse fato tem menos a ver com uma guerra contra as drogas e mais com o fato de transformar a América Latina no epicentro de uma segunda ‘guerra contra o terrorismo’, com a participação direta das Forças Armadas norte-americanas”, denuncia Tokatlian, comparando com a guerra que, nos anos 2000, os Estados Unidos lançaram contra o Afeganistão e o Iraque. Guerra contra o tráfico Sete navios militares, um submarino nuclear, dezenas de aviões e de helicópteros, mísseis e milhares de militares constituem uma força aeronaval que parece mais pronta para uma guerra do que para combater o tráfico de drogas, fazendo com que todos procurem resposta para a maior das incógnitas: o teatro criado por Donald Trump no Caribe pretende uma intervenção militar, direta ou indireta, para derrubar o ditador venezuelano Nicolás Maduro? O tamanho da força é visto como desproporcional para uma missão oficialmente apenas para interceptar carregamentos de droga, mas, ao mesmo tempo, seria insuficiente para uma invasão. A Venezuela não é um produtor relevante de cocaína, mas é um país de trânsito por onde a droga produzida na Colômbia passa. A principal guerra de Trump é contra o fentanil, uma substância que não é produzida na Venezuela, e sim no México, a partir de substâncias químicas importadas da China. Além disso, 74% da cocaína enviada aos Estados Unidos é transportada pelo Pacífico e apenas 24% pelo Caribe. Ou seja, enquanto a força aeronaval dos Estados Unidos cerca a Venezuela, a maior parte da droga está saindo pela Colômbia e pelo Equador. “Por enquanto, esta é uma operação improvisada e parece ter um sentido intimidatório. É possível que haja alguma ação militar em alto mar e que isso seja apresentado como um êxito no desmantelamento do negócio das drogas”, considera Juan Gabriel Tokatlian. “Se o objetivo não for combater o tráfico de drogas, mas derrubar o governo de Nicolás Maduro, então a operação de Trump vai precisar de um contingente de força muito maior e um considerável apoio de civis e militares em território venezuelano”, complementa. “A frota não parece ser meramente para interceptar aviões e barcos com drogas. Ao mesmo tempo, não parece uma ofensiva para uma invasão a um país com 30 milhões de habitantes, por mais que a resistência provavelmente seja nula”, reforça Fabián Fabián Calle. Em paralelo à aproximação da força de guerra, nos tribunais norte-americanos, promotores avançam contra Maduro e contra o seu braço-direito, Diosdado Cabello, além de ex-membros do regime venezuelano. Essa combinação de táticas, militares e judiciais, tem levado muitos a suspeitarem de uma intervenção militar dos Estados Unidos, cuja ótica sobre a Venezuela é de um país ocupado por ...
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  • Empresários brasileiros rebatem acusações comerciais dos EUA em audiência pública em Washington
    2025/09/03
    Empresas e entidades brasileiras serão ouvidas pelo escritório do Representante de Comércio dos Estados Unidos (o USTR, na sigla em inglês) nesta quarta-feira (3) sobre supostas práticas que estariam prejudicando a competitividade de produtos e serviços americanos no Brasil. O Pix é um dos alvos de Washington, que acusa o governo brasileiro de adotar políticas e ações injustas relacionadas ao comércio digital, além de barreiras no mercado de etanol. Vivian Oswald, correspondente da RFI em Brasília Nesta quarta-feira, na capital americana, o USTR ouve representantes dos setores privados brasileiro e norte-americano a partir das 10 horas, no horário local. Os 40 participantes inscritos estarão divididos em seis painéis. Todos farão as considerações que julgarem necessárias para o entendimento do governo americano. A investigação é, na prática, o único canal de negociações aberto entre os dois países até o momento. Os outros estão paralisados por determinação de Donald Trump, que condicionou o fim da tarifa de 50% que impôs às exportações brasileiras à interferência do governo no julgamento em curso do ex-presidente Jair Bolsonaro. No dia 18 de agosto, o governo brasileiro entregou ao USTR um relatório de 90 páginas com as respostas às acusações americanas, consideradas em sua maioria injustificadas. O documento é resultado de uma grande força-tarefa que reuniu mais de dez ministérios, o Banco Central e um escritório de advocacia contratado nos EUA. São seis os itens destacados na investigação, que se desdobram em vários subitens. Por isso, o processo é considerado o mais complexo já aberto contra outro país. Em média, um processo como este costuma durar de seis meses a um ano. Mas há casos, como o que abriram contra a carne europeia em 1999, que só foi terminar 20 anos depois. Processo pode se estender até as eleições de 2026 Segundo fontes do governo brasileiro, a expectativa é que o processo se arraste pelo menos até bem perto da eleição presidencial de 2026. Dadas as acusações sujeitas a interpretações que estão sendo feitas contra o país, não se descarta que os argumentos brasileiros sejam interpretados de maneira mais política do que técnica. A explicação dos americanos para as sobretaxas que têm aplicado a terceiros países está nos déficits comerciais que os EUA têm com outras nações e nas altas tarifas de importação que são cobradas dos produtos americanos. Este não é o caso do Brasil, que importa muito mais do que exporta ao mercado americano há anos. Ainda que houvesse déficit, talvez isso fosse suficiente para justificar a taxação. Um tribunal de apelação americano confirmou na semana passada que Trump não tem poderes para impor o seu tarifaço. As taxas, no entanto, continuarão a ser cobradas até 14 de outubro, prazo dado às partes para decidir se o fim da cobrança deve se aplicar a todos ou somente aos autores da ação no tribunal. O governo americano garante ter um plano B na manga. Mas, na terça-feira, Trump convocou uma reunião de emergência para tratar do tema, inclusive na Suprema Corte, para onde o caso deve ser levado. Washington questiona Pix e barreiras às big techs O governo Trump alega que o Pix e as decisões da Justiça brasileira prejudicam as empresas de cartão de crédito dos EUA, que antes tinham o monopólio do sistema de pagamento eletrônico no mercado internacional. Também acusam o Brasil, supostamente, de cercear a liberdade de expressão na internet e de impor barreiras à entrada de empresas americanas no mercado de etanol brasileiro, por meio da imposição de tarifas altas e outras restrições. Outra reclamação americana é que as tarifas preferenciais aplicadas em acordos do Brasil com o México e a Índia prejudicam a sua competitividade, o que o Brasil alega não ser verdade. Segundo o governo brasileiro, as tarifas estão de acordo com as regras previstas na Organização Mundial do Comércio (OMC). Já os produtos mexicanos que entram no Brasil têm em boa medida componentes americanos. Desmatamento e propriedade intelectual entram na pauta Os Estados Unidos ainda afirmam que a falta de políticas de combate ao desmatamento, à corrupção e à proteção da propriedade intelectual retiram as vantagens competitivas de seus produtos. No documento entregue a Washington, o Brasil destaca elogios e manifestações de apoio dos americanos a políticas de combate à corrupção e à pirataria no Brasil, além de apresentar dados que indicam a redução do desmatamento, entre outros. Após a audiência pública, devem ocorrer consultas bilaterais entre Brasília e Washington, em nível de governo. O processo pode resultar em arquivamento, negociações específicas ou tarifas contra setores brasileiros. Não se descarta que, dada a variedade de temas incluídos na investigação, haja um fatiamento do processo. No Brasil, na semana passada, o governo ...
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  • Julgamento de Bolsonaro e aliados pode ser marco inédito na ‘punição de conspirações contra a democracia’
    2025/09/02
    Com segurança reforçada não apenas no Supremo Tribunal Federal, mas em outros prédios da Esplanada dos Ministérios, começa nesta terça-feira (2) o julgamento de Jair Bolsonaro e mais sete acusados de arquitetar um golpe que incluía a morte de autoridades e a tomada de poder, após a frustração nas urnas em 2022. Analistas ouvidos pela RFI apostam em penas altas, a partir do que está nos autos. Raquel Miura, correspondente da RFI em Brasília Ex-presidentes já estiveram no banco dos réus na história recente do Brasil. Mas o julgamento que começa nesta terça-feira não é histórico somente por ter entre os acusados um ex-chefe da nação, mas principalmente por envolver uma tentativa de golpe de Estado, situação de extrema gravidade, mas que tem escapado da punição no país, a exemplo de 1964. Para o cientista político Luis Felipe Miguel, da Universidade de Brasília (UnB), não se trata de um amadurecimento da democracia brasileira, mas de uma resistência institucional diante de sérios riscos de ruptura. “Eu não falaria em amadurecimento da democracia. Na verdade, no Brasil – como em todo mundo – as democracias estão cada vez mais fragilizadas. Eu diria que vemos no Brasil uma democracia que parece disposta a se defender”. Para Miguel, ainda existem severas ameaças, “mas as forças políticas que têm algum tipo de compromisso com a democracia mostram que têm disposição de defendê-la, o que na história do Brasil nem sempre aconteceu”. Ele acredita que o resultado deve servir de alerta para integrantes de direita que endossaram o apoio a Bolsonaro, ainda que não por ideologia, mas por conveniência política. “Pela primeira vez na história do Brasil a gente tem a oportunidade de mostrar que a conspiração contra o regime democrático pode ter consequências para quem se engaja nela. De mostrar que os conspiradores, mesmo aqueles fardados, não ficarão impunes como sempre ficaram ao longo da história”, disse o analista da UnB. Do ponto de vista jurídico, o advogado Cláudio Souza Neto, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que o conjunto probatório apresentado nos autos é consistente. “Sem dúvida, os elementos apresentados pela acusação são robustos. Na verdade, o ex-presidente vinha atentando contra a democracia durante todo o seu mandato. E as investigações demonstraram que, de fato, ele participou da organização de um golpe de Estado”, opinou. Para o jurista, a estratégia de buscar ajuda do governo de Donald Trump piorou bastante a situação ex-presidente. “Tentar buscar apoio do governo dos Estados Unidos para pressionar os ministros do Supremo é absolutamente condenável para qualquer cidadão e ainda mais para um ex-presidente da República. Tratativas em si que têm uma natureza criminosa”. “E isso tem impacto político desastroso para ele, muitos que o apoiaram o vêm como causador de problema, mais preocupado consigo próprio do que com o país”, afirmou Neto, numa referência às taxações comerciais contra o Brasil. Julgamento curto e penas elevadas Frustradas as possíveis tentativas de pedir asilo no exterior ou mesmo de fuga diante do reforço na segurança, bolsonaristas chegaram a sonhar com uma punição não tão pesada, apostando em ponderações do ministro Luiz Fux. Porém, os analistas ouvidos pela RFI preveem outro cenário, mais pessimista para Bolsonaro. “Acredito que será um julgamento relativamente curto e minha expectativa é de que os principais cabeças da trama golpista, como o próprio Bolsonaro e os generais Augusto Heleno e Braga Netto, sejam condenados às penalidades máximas para os referidos crimes ou perto disso, incluindo a pena de prisão em regime fechado, ainda que depois eles possam progredir, conforme prevê a legislação brasileira”, avaliou Luis Felipe Miguel. Cláudio Souza Neto também compartilha dessa análise: “As penas são naturalmente altas. São dispositivos que integram a nossa legislação criminal e que servem à proteção justamente do Estado Democrático de Direito, que é um bem jurídico da máxima importância”. O advogado e professor da UFF lembra, no entanto, que prováveis penas só serão cumpridas após esgotados os recursos possíveis. “No Brasil, a prisão como pena só pode ser executada após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Então, ainda existindo recursos, especialmente embargos de declaração pendentes de julgamento, o trânsito em julgado não ocorrerá de imediato”, justificou. A expectativa é de que se não houver pedido de vista, os últimos recursos podem ser analisados até o fim deste ano. Se o resultado da primeira turma do STF vier com divergência de dois votos, advogados da defesa podem apresentar embargos de infringência pedindo julgamento do Plenário, adiando o resultado final.
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  • EUA endurecem vistos para brasileiros, reforçam política migratória e ameaçam turismo
    2025/09/01
    A partir de 2 de setembro, solicitar um visto para os Estados Unidos ficará mais complexo. A obrigatoriedade de entrevistas em casos que não eram necessárias anteriormente atinge cidadãos de todos os países que precisam de visto para entrar nos EUA, incluindo brasileiros. Em breve, também entrará em vigor o aumento das taxas. O governo de Donald Trump ainda estuda limitar o prazo de permanência de estudantes e jornalistas. Cleide Klock, correspondente da RFI em Los Angeles A principal mudança, que vale a partir desta terça-feira (2), é que todos que solicitarem vistos deverão agendar uma entrevista presencial com um oficial consular, inclusive menores de 14 e maiores de 79 anos. Anteriormente, pessoas dessas faixas etárias eram dispensadas da entrevista presencial. Há exceções e, em alguns casos, ainda é possível pedir isenção, desde que o solicitante se enquadre em algumas categorias, como vistos oficiais e diplomáticos. Também está isento quem for renovar o visto de turismo ou negócios de curta duração (B-1, B-2 ou B-1/B-2) e o anterior ainda está válido ou expirou há menos de 12 meses. Esta exceção só se aplica nos casos dos requerentes que tinham pelo menos 18 anos quando o visto anterior foi emitido. Mas a Embaixada dos Estados Unidos ressalta que, mesmo quando os critérios de isenção são atendidos, uma entrevista presencial poderá ser exigida. No Brasil, a Embaixada dos Estados Unidos está localizada em Brasília, e os consulados funcionam em São Paulo, Porto Alegre, Recife e Rio de Janeiro. Para realizar a entrevista, será obrigatório o deslocamento até um desses locais. Essa nova exigência se junta a outras diretrizes já adotadas pelo governo de Trump. Desde junho deste ano, o Departamento de Estado dos EUA já solicitou que quem for pedir vistos de estudante e intercambista deve deixar as contas das redes sociais públicas “a fim de facilitar a verificação necessária”. Mais caro Mas mais mudanças estão a caminho. Uma delas é relacionada a uma cobrança extra chamada de taxa de integridade do visto, que está em um pacote aprovado pelo governo e deve custar US$ 250 (R$ 1.357,00 na cotação atual). Isso vai se somar aos US$ 185 (cerca de R$ 1.005,00) do preço atual. A nova taxa só pagará quem tiver o visto aprovado e será um depósito que pode ser reembolsado se o visitante cumprir integralmente os termos e não exceder o período de permanência autorizado. O governo ainda não divulgou como essa taxa será paga nem como o reembolso será efetuado, mas há indícios de que esse dispositivo possa já entrar em vigor em 1º de outubro, quando começa o ano fiscal 2026. Menos tempo para jornalistas e estudantes Nessa última semana, foi emitida também pelo governo Trump uma proposta que pretende restringir a duração dos vistos para estudantes, intercambistas e membros da imprensa. Segundo o documento, estudantes estrangeiros não terão permissão para permanecer por mais de quatro anos nos Estados Unidos e os jornalistas estrangeiros poderão ter estadias limitadas a apenas 240 dias, com direito a uma extensão com o mesmo período - com a exceção de jornalistas chineses, que terão apenas 90 dias. A RFI conversou com a advogada de imigração Flávia Santos Lloyd, que falou sobre esse endurecimento que se insere na política do governo Trump. “Nós estamos vivendo um momento nacionalista, em que o interior dos Estados Unidos é considerado mais importante do que outros países e do que as relações com outros países. Então, essa movimentação do Departamento de Estado é completamente consistente com a política interna e externa do governo americano", aponta a advogada. "O valor do visto é maior, o fato de as pessoas terem que ir para entrevistas, abrir a rede social, e se não estiver aberta, o seu caso não será aprovado. É uma movimentação de exclusão, onde talvez a mentalidade seja que nem todas as pessoas devem vir para os Estados Unidos", resume. Redes sociais como campo de batalha Comentários críticos ao governo americano ou à sua política externa podem ser usados como justificativa para negar vistos. Segundo a advogada, esse ponto é especialmente sensível para os brasileiros, conhecidos pela intensa participação digital. “Se as suas opiniões não estão alinhadas com o governo, se têm sentimento antiamericano, isso pode ser usado para negar o visto. O brasileiro fala demais. Essa espontaneidade pode ser interpretada como problema para outra nação. Você está sendo patriota para o Brasil, mas sinalizando um problema para os EUA. Por exemplo, a situação do tarifaço e a opinião Brasil-Estados Unidos: dependendo de como você está comentando sobre isso nas suas redes sociais, pode ser que seja algo que tenha um impacto na sua emissão de visto, algo que nunca aconteceu anteriormente. Isso era mais focado nos terroristas, nas pessoas que estavam com sentimentos negativos contra os Estados Unidos...
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