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RFI Convida

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著者: RFI Brasil
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このコンテンツについて

Entrevistas diárias com pessoas de todas as áreas. Artistas, cientistas, professores, economistas, analistas ou personalidades políticas que vivem na França ou estão de passagem por aqui, são convidadas para falar sobre seus projetos e realizações. A conversa é filmada e o vídeo pode ser visto no nosso site.France Médias Monde 社会科学
エピソード
  • Pesquisadora lança livro sobre influência do Brasil na música francesa do século 19
    2025/10/31
    Radicada em Paris, a pianista, pesquisadora e musicóloga brasileira Zélia Chueke acaba de lançar seu quarto livro, dedicado às influências e trocas musicais entre Brasil e França no século 19. Em entrevista à RFI, ela detalha o processo de pesquisa que deu origem à obra — fruto de uma investigação minuciosa baseada em inventários históricos, que revelam conexões surpreendentes entre os dois países. A ideia da obra Quand le Brésil inspire la France (“Quando o Brasil inspira a França”, em tradução livre), publicada pela editora L’Harmattan, surgiu a partir de uma descoberta peculiar feita por Danièle Pistone, fundadora do Observatório Musical da França: uma lista de composições francesas da segunda metade do século 19 cujos títulos evocavam o Brasil. Inseridas em gêneros populares da época – como valsas e polcas – essas partituras revelaram nuances culturais que motivaram Zélia Chueke, diretora do Grupo de Pesquisa Músicas Brasileiras da Universidade Paris-Sorbonne, a desenvolver o que ela chama de “uma trama musical”. “São peças que não têm necessariamente o interesse em termos de qualidade musical, nem foram peças que entraram para a história da música. Mas elas abrem um caminho e desvendam um cenário sociocultural”, explica a pianista e pesquisadora. Zélia ressalta que foi graças à identificação de pequenos detalhes que pôde verificar o quanto a música brasileira influenciou a francesa no chamado “Século das Revoluções”. Elementos como títulos, imagens de capa e dedicatórias de partituras, revelam traços dos costumes da época, como “meninas de boa família que tocavam piano”, destaca, além de alusões ao imaginário do exótico, refletindo “o que os franceses pensavam que seria o Brasil”, observa a pesquisadora. Histórias contadas por partituras Ao longo da pesquisa, Zélia também identificou marcas da música brasileira em obras de compositores estrangeiros, como os italianos Joseph Fachinetti e Luigi Carvelli, além do norte-americano Charles Lucien Lambert. Este último é autor de uma peça que remete à cantiga popular “Cai, cai, Balão”, de Assis Valente – evidência de como elementos nacionais foram incorporados e reinterpretados fora do Brasil. “Cada partitura conta uma história diferente”, ressalta a musicóloga. Ao estudar essas composições francesas, Zélia também se deparou com uma curiosa recorrência na França, em uma época em que as canções cívicas tinham grande relevância: muitas dessas obras evocam trechos do Hino Nacional do Brasil. Segundo ela, o ritmo marcante da melodia brasileira despertava o interesse de compositores estrangeiros. Além de revelar conexões musicais entre Brasil e França, a pesquisa também conduziu Zélia a um mergulho na Paris do século 19 — uma cidade que, apesar das transformações, mantém traços facilmente reconhecíveis ainda hoje. Um exemplo é o trajeto entre a Rue Vivienne e o Teatro do Châtelet, no 1º distrito da capital francesa, caminho habitual dos professores e alunos do Conservatório de Paris daquela época. No acervo de um dos espaços mais emblemáticos da cultura parisiense, Zélia localizou dois jornais especializados que, com frequência, faziam referência ao Brasil: La France Musicale e L’Art Musical. Para a pesquisadora, essas publicações desempenharam um papel importante na construção do imaginário francês sobre o país e podem ter influenciado diretamente compositores como Félicien David – autor da ópera-cômica La Perle du Brésil (“A Pérola do Brasil”), estreada em 1851. “Essa foi a primeira ópera de Félicien David, que fez muito sucesso, que salvou o Théatre Lyrique, que enfrentava problemas para se manter. Entendemos que ‘La Perle du Brésil’ deve ter incentivado pessoas a olharem o que era o Brasil”, diz. Mistérios a serem desvendados Outros mistérios sobre a possível influência do Brasil nas composições francesas ainda permanecem sem resposta. É o caso do compositor Henri Duvernoy, autor da peça Première mosaïque du chant brésilien (Primeiro Mosaico do Canto Brasileiro, em tradução livre). No trabalho, o artista e professor de solfejo evoca uma série de lundus e modinhas – gêneros musicais tradicionais que marcaram a identidade musical brasileira do século 19. O que chama a atenção de Zélia é o fato de não haver qualquer registro de vínculo direto entre Duvernoy e o Brasil, ou indícios de que ele tenha visitado o país. “Fica esse mistério sobre onde ele encontrou esses temas”, observa. “O máximo que nós podemos dizer é que alguns alunos brasileiros de solfejo passaram pela classe de Duvernoy.” Uma hipótese levantada pela pesquisadora é que Duvernoy tenha tido acesso a publicações como La France Musicale e L’Art Musical, e que essas leituras o tenham inspirado. Para Zélia, esse é apenas um dos muitos enigmas que merecem ser explorados. ...
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  • Margareth Menezes celebra 38 anos de carreira e reafirma o Afropop como linguagem viva da música brasileira
    2025/10/27

    Em pausa de suas funções como ministra da Cultura do Brasil, a cantora e compositora Margareth Menezes aproveitou as férias ministeriais para voltar aos palcos e celebrar os 38 anos de carreira. A artista, considerada a principal voz do afropop brasileiro, se apresentou em concertos na Europa.

    Lizzie Nassar, correspondente da RFI em Lisboa

    “Estar aqui em Portugal é sempre um prazer. Neste show, trago um pouco da minha história, músicas novas e referências a artistas como Gil e Caetano. É um conjunto de canções que descrevem o meu trabalho, a linguagem do afropop brasileiro e a sonoridade da Bahia”, afirma a cantora em entrevista à RFI.

    Mais do que um gênero, Margareth Menezes define o afropop como uma linguagem musical — uma expressão que une ancestralidade e presente. “O afropop confirma que a ancestralidade está viva. Ela interage com o agora. No Brasil, essa presença vem dos ritmos trazidos pelos africanos, que geraram uma riqueza rítmica imensa para a nossa música popular”, explica.

    Segundo a artista, o afropop representa um reconhecimento das raízes afro-brasileiras dentro da contemporaneidade. “Ser afropop é entender sua raiz, reconhecer a ancestralidade e agir na atualidade. É afirmar que essa linguagem existe e que o Brasil precisa assumir isso com naturalidade, como faz com outras tendências.”

    “Ainda há resistência ao que vem da África”

    Margareth lamenta que, ainda hoje, a contribuição afro-brasileira na cultura e na música encontre resistência. “Infelizmente, ainda estamos num mundo em que tudo que tem a palavra ‘África’ parece causar estranhamento. Como se a presença e o pensamento afro-diaspórico não pudessem fazer parte de uma sociedade moderna. No Brasil, ainda há uma luta grande nesse sentido”, diz.

    Ela destaca, no entanto, uma nova geração de artistas que também se reconhece nessa linguagem, como Maju, o BaianaSystem e outros nomes que vêm ampliando o espaço do afropop nas plataformas e nos palcos.

    Com 11 álbuns de estúdio e seis gravações ao vivo, Margareth tem revisitado sua discografia e disponibilizado suas obras nas plataformas digitais.

    A cantora relembra que sua geração — ao lado de Carlinhos Brown e Daniela Mercury — herdou e transformou a energia criativa do tropicalismo. “Nós trazemos essa revolução tropicalista dentro da nossa maneira de expressar. Reconhecemos o legado dos blocos afro da Bahia, cruzamos as claves e reformulamos esses ritmos em cima do trio elétrico com uma banda pop”, explica.

    “A ancestralidade não está no passado, ela cria o futuro”

    Mesmo envolvida na gestão pública da cultura brasileira, Margareth Menezes reafirma que o palco continua a ser o seu lugar de celebração e resistência. “Estamos num ano de muitas entregas no Ministério da Cultura, mas cantar é a minha origem. A música é uma forma de me reconectar com a minha história e com o público”, conta.

    Para o próximo verão, a artista planeja novas gravações e, claro, participação confirmada no Carnaval. “O afropop é o som do presente. A ancestralidade não está no passado — ela está viva, pulsando e criando o futuro. É isso que eu tento transmitir em cada música.”

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  • Maria Luiza Jobim canta Gainsbourg em Paris e prepara disco com o marido António Zambujo
    2025/10/24

    Paris foi uma das etapas da turnê europeia da cantora, compositora e produtora Maria Luiza Jobim. Filha mais nova de Tom Jobim, ela estreou nos palcos franceses em 19 de outubro na casa de shows New Morning. Com dois discos lançados, além de uma série de EPs e singles, Maria Luiza prepara um novo álbum, que terá, entre outras canções, "Go go go".

    Miguel Martins, da RFI em Paris

    Depois de lançar os discos Casa Branca (2019) e Azul (2023), Maria Luiza Jobim embarcou numa turnê por Portugal, Espanha, França e Inglaterra. Ao lado dela, o novo marido, o cantor português António Zambujo, também subiu ao palco em alguns momentos para dividir canções com a artista.

    Após o show no New Morning, Maria Luiza conversou com a RFI e revelou que a turnê é um prenúncio de futuros trabalhos em parceria com Zambujo. Uma das faixas que deve integrar o próximo disco da cantora é "La Javanaise", clássico do francês Serge Gainsbourg, interpretado por ela e Zambujo durante a apresentação.

    Maria Luiza Jobim canta em português e em inglês, idioma no qual foi alfabetizada. Ela costuma lembrar da época em que morou em Nova York, com seus táxis amarelos e arranha-céus que marcaram sua infância.

    Nas letras, a artista também se inspira nos pequenos prazeres do dia a dia: os videogames da Nintendo, as séries na Netflix e até os aromas da cozinha, como o da clássica “sopa de letrinhas”.

    Sobre o peso do sobrenome Jobim, ela garante que não se sente oprimida pela herança do pai. Hoje, divide a vida entre o Rio de Janeiro e Lisboa, onde mora com o músico português.

    Nós temos planos de gravar no meu disco. O António vai participar cantando "La Javanaise", do Serge Gainsbourg. Eu venho de uma família muito musical. Então, é como se fosse uma continuação disso. É muito familiar para mim, natural e gostoso.

    Questionada sobre essa nova etapa de sua vida entre o Brasil e Portugal, Maria Luiza Jobim diz que o país europeu “é como uma casa” para ela.

    A série de shows que passou pela Península Ibérica, França e Inglaterra tem sido marcada por estreias e emoções. “É a primeira vez que eu toco em Madri, em Paris, em Londres... tem muita novidade!”, contou. “Está sendo muito pessoal também. Emocionante, claro, ter a presença do António comigo.”

    Entre línguas e afetos

    Sobre seu estilo musical, Maria Luiza prefere não rotular. “Definir a minha música, eu realmente não saberia dizer”, admitiu, rindo. “Para mim é muito natural transitar entre essas duas línguas. Eu vivi muito tempo fora, estudei em escola americana, falo inglês desde muito nova.”

    A escolha do idioma, segundo ela, é sempre afetiva. “Não é uma estratégia. É sempre uma escolha. No lugar do afeto mesmo, da expressão e da busca da verdade nas coisas que eu escrevo.”

    Apaixonada por línguas e pela cultura francesa, Maria Luiza revelou o carinho especial por Paris. “Eu sou completamente apaixonada por essa cidade. Consumo muito da cultura francesa.” Foi esse fascínio que a levou a regravar “La Javanaise”, de Serge Gainsbourg, em dueto com Zambujo. “Achei que ficaria bonito fazer um dueto com uma voz feminina, mais delicada.”

    A artista reconhece o peso e a beleza do legado da obra de Tom Jobim. “Passei muito tempo sem tocar as músicas do meu pai, justamente para conseguir encontrar minha identidade artística.” Hoje, ela se sente mais à vontade. “Eu sinto que também tem muito de mim ali, da minha história.” E cita uma imagem que carrega com carinho: “Minha mãe uma vez falou que é a sombra de uma árvore frondosa. Você vive numa sombra, mas é uma sombra linda. Não é opressora. É uma sombra que inspira.”

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