エピソード

  • 'ERROS MÉDICOS SABOTARAM A CARREIRA DO MELHOR JOGADOR DO BRASIL'
    2025/10/28

    Zico, Sócrates, Falcão? Não, o melhor jogador deste país, em 1980, se tinha nome. Zé Sérgio, do São Paulo. Escolhido por jornalistas de todo território nacional. Quem viveu aquela época é privilegiado. Acompanhou os dribles deste jogador ambidestro, que enlouquecia defesas adversárias. E não parado nem por pontapés. Ágil, corajoso, talentoso, devolvia os chutes que levava, humilhando seus marcadores, com dribles que terminavam em gols. Dele ou de companheiros de time. "Eu cansei de marcar gols por causa do Zé Sérgio. Era só tocar na esquerda e esperar. A bola chegava. Era só cabecear ou tocar para desviar do goleiro. Ele sabe o quanto foi importante para que eu me tornasse o maior artilheiro da história do São Paulo', elogia Serginho."Eu tinha muito prazer em driblar e cruzar para meu time fazer os gols. Eu era ambidestro, ou seja, driblava com a direita ou com a esquerda. Além disso, minha velocidade era alta. Sempre fui objetivo, queria ganhar os jogos, não driblava para trás. Queria o gol."Zé Sérgio surgiu como um cometa. Adaptou os dribles do futsal com os do futebol de campo. Seu parentesco distante com Rivellino foi útil no início da carreira. Aliás, não ficou no Corinthians porque era longe de sua casa. Preferiu o São Paulo. Foi a revelação de 1977. Estava na Copa do Mundo em 1978, na Argentina.E melhor jogador do Brasil em 1980. Foi também o grande destaque do Mundialito do Uruguai. Fez uma partida inesquecível contra a Alemanha, na vitória por 4 a 1. "Estava tudo certo. Eu era titular da Seleção. O Telê já havia dito que contava comigo para a Copa do Mundo de 1982. Eu quase fui para o Milan. Estava tudo ótimo. Mas vieram a fissura no meu braço por um soco de um zagueiro da Seleção do México. Era um amistoso em Los Angeles. O São Paulo me colocou em campo só 20 dias depois. Tomei um pontapé, cai sobre o braço, que quebrou. Fui operado, mas não ficou bom. Depois, enquanto treinava, com o braço imobilizado, torci o joelho. E rompi os ligamentos cruzados. A cirurgia não deu certo", relembra com tristeza. 'Meu futebol caiu pelo menos 30%. Não consegui ser eu mesmo. Foi horrível."Para piorar, teve uma gripe forte. O médico que o atendeu no São Paulo receitou Naldecon, remédio popular. Mas havia uma substância que era proibida. E Zé Sérgio foi acusado de doping. 'Foi terrível. Tomei o que o médico do São Paulo me passou. A imprensa da época fez um escândalo. Tanto que o presidente da Federação Paulista da época, Nabi Abi Chedid, resolveu arquivar o processo. Tanto era minha honestidade. Realmente não tomei nada além do que me foi receitado."Zé Sérgio perdeu a Copa do Mundo, deixou de ser convocado. Já não era o mesmo jogador. Foi trocado, junto com Humberto, por Pìtta, do Santos. Ficou deprimido. "Não gostei da maneira com que o São Paulo me trocou." Chora ao lembrar do sofrimento que enfrentou. 'Fiquei a ponto de fazer uma besteira comigo. Deus me salvou.'No Santos foi tricampeão paulista, já que tinha conquistado dois títulos com o São Paulo. As deficiências físicas por erros médicos o atrapalharam. Passou pelo Vasco, de Romário. Logo foi para o Japão, onde ficou oito anos.Depois trabalhou na base do São Paulo. Aprimorou Casemiro, por exemplo. Por disputa política saiu. Magoado. Passou pela Ponte Preta e Ituano. Se cansou da falta de reconhecimento, da interferência de dirigentes e do fraco salário."Em 2019, eu parei. Chega de pagar para trabalhar. Os times do Interior pagam muito pouco." Muito jovial, nem parece os 68 anos que tem. É dono de um dos times da Kings League. 'Longe do futebol eu não iria ficar', enfatiza.Quem teve a sorte de ver Zé Sérgio jogar, no São Paulo, não esquece jamais...

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  • 'A GENTE OLHAVA UM PARA O OUTRO. E SABIA. ÍAMOS GANHAR TUDO NO ANO.'
    2025/10/21

    'O Palmeiras está interessado em Edu, da Portuguesa."Esta era a manchete do extinto jornal A Gazeta Esportiva, em 1969."Eu não tive dúvidas. Peguei o jornal e, em vez de ir treinar na Portuguesa, fui direto no Palmeiras. Todos estranharam quando me viram. O Dudu perguntou: 'o que você está fazendo aqui?' Respondi: já que o Palmeiras me quer, eu quero o Palmeiras. Vamos assinar. Eu sabia que era o jogador que faltava para a academia."Carlos Eduardo Da Silva sempre foi assim. Corria, literalmente, atrás do que queria. Era uma necessidade. "Éramos em 11 irmãos. Eu precisava ajudar em casa, de qualquer maneira. Ele não desejava que eu fosse jogador. Fiz um pacto. Se não der certo, logo eu desisto."Ele já era um mito nos bairros da Zona Norte. No Bairro do Limão, na Cachoeirinha, no Bairro do Limão. Até que passou em um teste na Portuguesa. Era meia, inteligente. "Mas vi que tinha muito jogador talentoso, como o Lorico. E outros. Todos queriam o meio-campo. Fui para a ponta. Sabia que era o meu lugar."Edu não tem o apelido de Bala, por acaso. Sua velocidade era incrível. 'Chegava a fazer 100 metros em 10 segundos." Poderia competir no atletismo. Tinha também o chute violentíssimo. 'Cansei de chutar a bola no Tietê, já que o Canindé não tinha proteção.'O argentino Filpo Nunes que o treinou na Portuguesa, o queria no Palmeiras. E ele foi para o clube, da maneira mais simples. Com o jornal debaixo do braço. A direção palmeirense aproveitou a oportunidade."A chegada do Edu foi um grande bem para o nosso time, que já era muito bom. Mas tinha atletas de toque de bola. Precisávamos de alguém que saísse do nosso perfil para surpreender os adversários. E o Edu 'voava' pela ponta. Se encaixou como uma luva", elogia Ademir da Guia.E foi assim que Edu Bala foi tricampeão brasileiro, tricampeão paulista, ganhou duas vezes o troféu Ramón de Carranza. Só não foi vendido pelo Español porque o Palmeiras o segurou. "Foi maravilhosa a minha passagem pelo Palmeiras. O time era fantástico. Ganhamos tudo. Só não a Libertadores porque não dávamos a mínima atenção."Edu tem uma passagem engraçada, folclórica. 'O Hector Silva me lançou. E eu corri tanto para a bola que acabei caindo no vestiário. Tanta era minha velocidade. Não consegui parar', relembra, com o sorriso largo, aos 76 anos."Dirigentes palmeirenses precisavam de dinheiro e desmancharam a academia", revela. E foi jogar no seu time do coração. Poucos sabem mas ele sempre foi são paulino. Também foi campeão paulista. Ganhou títulos no Sport e na Desportiva, do Espírito Santos. Jogou até os 39 anos.Mas marcou para sempre o futebol brasileiro. Deixou de ser uma pessoa. Para ser como um pedaço de uma poesia, que palmeirenses apaixonados declamam, de cor...Leão, Eurico, Luiz Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir, Edu, Leivinha, Cesar e Nei.

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  • 'O SÃO PAULO TEVE A DUPLA DE ZAGA PERFEITA. O DARIO PEREYRA TINHA A TÉCNICA. EU, O VIGOR, A VELOCIDADE.'
    2025/10/14

    Ele é considerado um dos melhores zagueiros da história do futebol brasileiro. Se tivesse conseguido os dois títulos que esteve tão perto, teria virado lenda. A começar pela Copa do Mundo de 1982. Ele era um dos capitães do time. Telê Santana o nomeou ao lado de Sócrates. E Oscar sentia que o time estava ganhando jogos, seduzindo a torcida brasileira. A imprensa nacional foi a primeira a ceder. Depois, a Mundial. Falcão, Cerezo, Sócrates e Zico eram as estrelas. Reuniam talento que tornavam encantadora a maneira da Seleção jogar. Mas havia um detalhe que passava despercebido. Contra a Rússia, Escócia e Argentina, o Brasil sofreu gols. O time atacava, mas dava espaço aos adversários. "Não era esse time que o Telê preparou. O Paulo Isidoro, que marcava muito, ficou de fora. Entrou o Cerezo. O Telê se empolgou com os elogios do mundo todo. E manteve o Brasil muito ofensivo. Além do meio-campo, nossos laterais atuavam no ataque, Leandro e Júnior. Era assim que ele queria ganhar a Copa do Mundo", resume Oscar. Mas chegou o dia 5 de julho de 1982. E a Itália, de Enzo Bearzot, ótimo time, mas que vinha massacrado e rompido com os jornalistas, entrou em campo com a obrigação de vencer. O empate era brasileiro."Nós começamos classificados, com o 0 a 0. Eles marcaram 1 a 0. Nós empatamos em 1 a 1. Eles fizeram 2 a 1. Empatamos de novo. 2 a 2. E o Telê pedindo para jogarmos da mesma maneira. Aberto, buscando vencer. Tomamos o 3 a 2. E fomos eliminados. Tivemos três vezes a classificação nas mãos e desperdiçamos. "Pensando agora, com calma, o Brasil deveria ter um outro plano. Colocar o Dirceu, que marcava muito, corria e era habilidoso, para marcar. O Batista, nosso melhor marcador, estava bem fisicamente. Mas nem no banco ficou. Talvez poupado para uma semifinal que não veio. O Telê se empolgou", resume Oscar.O zagueiro e capitão desabafa. "Os gols do Paulo Rossi foram muito fáceis. Ele teve todo espaço para correr por onde desejasse. A nossa defesa estava muito aberta. Ele era artilheiro, se aproveitou. Foi um trauma. Que até hoje ninguém esquece essa eliminação. A princípio não tem resposta. A princípio."Oscar passou também por outra derrota inesquecível. A final do Paulista de 1977, que o Corinthians ganhou da Ponte Preta, acabando com 23 anos de jejum."Nosso time era muito talentoso. E forte. Mas começamos a perder quando as três partidas finais foram para o Morumbi. O que facilitou para o Corinthians. Perdemos o primeiro jogo. Ganhamos o segundo. No terceiro, a expulsão do Rui Rey no começo da partida, por uma discussão com o juiz Dulcídio Vanderlei Boschilia, acabou com a gente."Não acho que tenha acontecido nada de errado com o Rui Rey. Ele era muito estourado e gesticulava muito. O Dulcídio estava longe. E pensou que ele o tivesse xingado. E expulsou. Mesmo assim, a Ponte Preta lutou, teve chance. Mas o Corinthians se aproveitou de ter um jogador a mais", lamenta. Oscar fez história no São Paulo. Tendo o uruguaio Dario Pereyra ao seu lado."Fizemos uma dupla perfeita na zaga. Ele tinha técnica e eu o vigor, a velocidade. Não é por acaso que as pessoas se lembram até hoje. Ficamos para sempre na memória do torcedor." Dario, que já deu exclusiva ao canal, relembra. "Nosso entrosamento era no olhar. Dois jogadores talentosos, de muita harmonia, amizade e vontade de ganhar. " Um Brasileiro e quatro Paulistas foram conquistados.O irônico é que Oscar deveria ter saído da Ponte para o Palmeiras. O clube da capital negociou por dois anos com a equipe campineira. "Vim algumas vezes para São Paulo para fechar contrato. Mas enrolaram e eu fui para o Cosmos." Nos Estados Unidos, Oscar se machucou e não pôde mostrar seu talento. E o São Paulo foi resgatá-lo.Telê Santana via enorme potencial em Oscar como treinador. Líder, sério, com excelente visão de jogo.

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  • 'BATI EM PADRE. QUASE FIZ FILME PORNÔ. VIVI COMO QUIS.'
    2025/10/07

    242 gols. O maior artilheiro da história do São Paulo.102 gols pelo Santos, o clube dono do seu coração. Ídolo dos dois rivais.

    Último jogador 'sem filtro' algum.

    De assumir tudo que faz. Espontâneo, sem medo de julgamentos.

    Sua vida não daria um filme, mas uma série que faria sucesso em qualquer lugar do mundo.

    "Se não fosse o futebol, eu estaria no mundo do crime. Como meus amigos. Eu fiz questão de fazer uma partida no Carandiru (antiga penitenciária). E lá reencontrei meus amigos de infância. Choramos muito. Eles fizeram coisas pesadas. Também faria com eles, se não fosse o futebol."

    Serginho Chulapa era uma das entrevistas mais aguardadas por mim. Depois de anos de desencontros, ela aconteceu. E foi marcante.

    "Eu quis falar. Até para acabar com a aura da Seleção de 82. Nós tínhamos um time maravilhoso. Mas o ambiente era péssimo. Não merecia ganhar a Copa. Não havia união de verdade."

    Havia reservas que queriam entrar no time de qualquer jeito. O principal era o Edinho. Ele queria jogar no lugar do Luizinho. E sabotava o ambiente. Anos depois, eu dei um tapão nele. Tinha de dar, pelo que fez na Espanha.

    Ele foi acusado de ser o pior jogador do time que encantou o mundo. "Eu não pude ser eu mesmo. O Telê foi para o quarto que eu dividia com o Eder. Era o quarto dos malucos. E avisou. Quem aprontasse qualquer coisa em campo, sairia do time e não jogaria mais. Não pude ser eu mesmo. Se eu pudesse, teria voltado da Espanha a pé. E não teria aceito jogar aquela Copa."

    "Serginho vai além. "Os jogadores marcavam gols e fugiam da gente. Não queriam abraços. Buscavam as placas de publicidade, para aparecer na tevê. Tinham 10 segundos para chegar nas placas. Ganhavam 500 dólares por gol. Fique pu... quando soube. E também quis os meus dólares. Mas vi ali, que cada um pensava em si."

    Falcão explicou que Serginho foi o grande sacrificado no esquema de Telê Santana. "Ele prendia os zagueiros para que nós, do meio-campo, eu, o Zico, o Sócrates, o Cerezo, jogássemos. Foi injusta tanta cobrança que ele recebeu."

    Serginho é direto. "A minha Copa era a de 1978. Não fui convocado porque os cariocas queriam Roberto Dinamite. Eu peguei nove meses de suspensão por ter chutado um bandeira. Errei. Mas o julgamento no Rio de Janeiro foi para me tirar da Copa. E o Roberto ir."

    "Ele reconhece que sua carreira foi importante. Mas nunca abriu mão de viver como queria. "Ah, aprontei, sim. Treinava, me dedicava. Mas meu gênio sempre foi forte. Não fugia de provocação. O jogador tem de se impor."

    Chutou bola em cima do banco do Corinthians, deu um bico no rosto de Leão, que o provocou por ele estar com hemorroidas. Deu um pontapé no bandeira Vandevaldo Rangel, em 12 de fevereiro de 1978. Na partida entre o São Paulo e o Botafogo de Ribeirão Preto. Suspensão de nove meses e adeus Mundial da Argentina.

    Fora de campo, colecionou outros episódios marcantes. Como quando bateu em um padre, no batizado de uma das sobrinhas do seu amigo, Basílio, ex-jogador do Corinthians. Gravou um disco como cantor, que fracassou. E, revelou um segredo, desistiu em cima da hora de fazer um filme pornô. "Eu fui gravar. A menina estava pronta. Mas havia muita gente. E as câmeras me queimavam a bunda. Desisti. O filme iria se chamar 'Panteras Negras'. Serginho revela também outras situações surreais no Exterior."

    "Fui para o Marítimo. Em cinco jogos, fiz quatro gols. O técnico me tirou, sem mais nem menos. Não aguentei. Dei um soco no olho do Mister." Depois, Serginho foi comprado pelo Malatyaspor, da Turquia.

    "O presidente era do narcotráfico. Foi preso. E não recebi nada." Ele só tem um arrependimento. A cabeçada que deu no repórter Gilvan Ribeiro, quando trabalhava como técnico interino do Santos. "Eu estava uma pilha de nervos. E ele me provocou. Errei."



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  • 'JOGADOR SENTE O DESESPERO DO OUTRO TIME. COMO NÓS, DA INTER, SENTIMOS DO PALMEIRAS, E FOMOS CAMPEÕES.'
    2025/09/30

    'Eu sempre soube o quanto é fundamental a liderança, a personalidade, o exemplo em um time vencedor. Foi o que eu fiz pelos times que passei. E o comando em campo, sem depender do treinador, faz a diferença em campo. Quando as coisas estavam ruins, eu chamava os jogadores no gramado, para não vazar a conversa. Longe de todos. Até dos técnicos. "E cobrava de todos e ouvia a versão de cada um. Essa cumplicidade se refletia em campo. Fui campeão na Inter de Limeira contra o Palmeiras assim. E no Corinthians saímos de situações ruins graças à cumplicidade."Ele começou sua carreira no Santos, dos Meninos da Vila. "Eu jogava na várzea, em Santos. Quando fui descoberto, estava servindo Exército. Não tive a formação de base. Não treinei fundamentos quando era menino. Compensava com meu chute forte, com a minha visão de jogo, mas principalmente com a minha vontade ganhar. Eu não desistia e não deixava ninguém desistir, não."Foi assim que Gilberto Costa fez história na Internacional de Limeira. "Eu quis sair do Santos porque não havia espaço, com o meio-campo formado por Clodoaldo, Ailton Lira e Pita. Fui para a Inter e ouvi que o nosso planejamento para o Paulista de 1986 era para não sermos rebaixados. Só que percebi a força do nosso time. E começamos a ganhar, ganhar. Até chegar à decisão do título com o Palmeiras, que estava dez anos sem ganhar um campeonato."Gilberto Costa revela que o segredo do título da Inter foram dois. "Primeiro, o nosso potencial, que foi desprezado. Fizemos melhor campanha que o Palmeiras. E a mídia não queria valorizar. Em segundo lugar, a nossa personalidade. Sentíamos o desespero nos jogadores do Palmeiras. Eles tinham de lidar com a pressão da própria torcida e da imprensa, que já os consideravam campeões."A Federação Paulista de Futebol ajudou o Palmeiras levando as duas partidas decisivas para o Morumbi. "Quando empatamos o primeiro jogo em 0 a 0, sentimos que o título era mais que possível. E veio segundo jogo. Vencemos com toda a justiça, por 2 a 1."O ex-volante faz questão de inocentar Denys, lateral que ficou marcado para sempre, na decisão. "O lance que ninguém esquece foi ele atrasando de peito, fraco, para o Martorelli e o Tato tomando a bola e fazendo o gol. Só que quem estava de frente para o lance era o Martorelli e ele não avisou o Denys. O erro foi do goleiro e nunca do Denys."Depois da Inter, Gilberto Costa passou pelo Internacional e marcou época no Corinthians. "Nós não ganhamos títulos no Corinthians porque não houve união. Havia divisão entre os jogadores. E a diretoria também não ajudava. Dei o meu máximo. Me desdobrava em campo. Lutava e cobrava meus companheiros. Tínhamos potencial e o apoio absurdo da torcida. Foi um desperdício."Aos 68 anos, trabalhando com o também ex-jogador Lê, ele mora em Santos. E não se conformou com o rebaixamento do clube. "Foi triste demais para mim. Eu vi que tinha muita coisa errada. A falta de liderança, de parceria entre os jogadores, pesou. Nunca pensei que o Santos seria rebaixado. Foi muito duro."Gilberto transpira liderança até hoje, aos 68 anos.E tem uma visão privilegiada do mundo do futebol. A entrevista foi uma aula.De quanto é fundamental qualquer equipe ter um líder. Jogador de personalidade. Não precisa ser líder técnico. Basta ter comando, dar exemplo para os companheiros.Por exemplo, hoje, o Santos não tem. Esse não é o perfil de Neymar.Por isso flerta com o rebaixamento de novo...

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  • 'POR DINHEIRO, O SANTOS DESMANCHOU NOSSO TIME MARAVILHOSO DE 1978.'
    2025/09/23

    Saudade para o torcedor do Santos tem nome e sobrenome. Ailton Lira. "É incrível. Saí do Santos há 45 anos, mas onde vou sou tratado com enorme carinho, respeito, admiração. Os santistas me abraçam, pedem foto, autógrafos. Eu fico muito feliz por não ter sido esquecido. E até acho um pouco de exagero", confessa o ídolo. Ele segue sendo muito humilde. Foi um dos melhores e mais cerebrais meias do futebol brasileiro. "Era sacanagem jogar com o Ailton Lira. Ele tinha uma visão de jogo espetacular. E metia a bola onde queria. Era habilidade pura. Ele dominava a bola e eu já saía correndo no meio, o Nilton Batata e o João Paulo abriam pelas pontas. A defesa adversária ficava desesperada. Sabia que um de nós três iria receber a bola livre. O Lira era genial." A definição é de Juary. Lira, Batata, João Paulo, Juary. E mais o auxílio de luxo de Pita. O Santos de 1978, que ganhou o Campeonato Paulista, era uma equipe espetacular. Tinha tudo para fazer história. "Mas a direção do Santos se apressou e começou a desmanchar o time, por dinheiro. A nossa equipe era para durar uns 10 anos, trocando peças com calma. Iríamos ganhar muitos títulos", diz, com firmeza, Ailton.Ele chegou tarde para um grande time. Revelado pela Ponte Preta, teve pela frente, disputando posição, o maior jogador da história do clube de Campinas: Dicá. 'Uma pena que não pensaram em nos colocar juntos, como o Formiga, me colocou com Pita.' Cansado da reserva, foi para a Caldense. 'Era o terceiro clube de Minas Gerais. Acabei ficando quatro anos por lá.' Se tornou o melhor de todos os tempos da equipe de Poços de Caldas, mas era muito pouco mérito para tanto talento.Chegou no Santos com 25 anos e meio. Em 1976, quando o clube estava mergulhado em grande crise. Por falta de dinheiro, e pressionado pela despedida do clube, de Pelé. 'A diretoria ia contratando promessas e mais promessas. Chegamos a ter mais de 40 jogadores.'Mas logo sua maestria com o pé esquerdo foi notada. Assim como seu talento excepcional para bater na bola. Faltas e pênaltis eram motivo de empolgação para a torcida. Contra a Ponte Preta, ele chegou a ter seu nome gritado pela torcida, antes de bater na bola. Ele teve de cobrar a falta. E, lógico, para a cena ser histórica, marcou o gol.O Santos o desperdiçou logo. Após vencer o Paulista de 1978, quebrando o incômodo jejum de cinco anos sem título, Lira seguiu jogando muito bem. Por um triz não disputou a Copa do Mundo de 1978. Cláudio Coutinho também o desperdiçou, na época cedendo ao bairrismo, ao protecionismo aos clubes cariocas.Humilde, companheiro, ele decidiu passar a sua camisa 10 para Pita. 'Dei, falando: você é mais 10 que eu. Me dá a 8.' E essa dupla maravilhou os torcedores de todos os clubes de São Paulo. Dois canhotos habilidosos, tendo a proteção do espetacular Clodoaldo. É para chorar de saudade, mesmo. O São Paulo o comprou em 1980. Disputou apenas o primeiro turno do Paulista, que o clube venceria. O Al Nassr decidiu comprá-lo e foi fazer história no mundo árabe. Ganhou muito dinheiro. Mas ficou longe dos holofotes brasileiros. Voltou em 1982 para o Guarani. Mas contusões acabaram por atrapalhar seu final de carreira.Tentou ser treinador. 'Mas os esquemas de empresários não são para mim. Muita coisa pesada acontece. Já na base dos clubes. Com pais oferecendo dinheiro para os treinadores. Porque querem que seus filhos tenham vagas nos clubes. Sou uma pessoa honesta. Não quis seguir, não."Aos 74 anos, ele é o corintiano mais santista deste país. 'Virei corintiano por conta da minha mãe. Mas amo o Santos. E sofri muito com seu rebaixamento. Nunca imaginei que isso fosse acontecer. E torço muito para que não caia de novo. Mas eu entendo o porquê de o Santos estar nesse estágio. Muitas administrações ruins. Um dia iria refletir."Quanto ao Corinthians, Ailton Lira mostrava sua torcida de garoto de maneira especial. "Fazia gols. Era a minha homenagem", sorri. Mas sua grande 'rivalidade' era com Valdir Peres.

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  • 'DEI UM SOCO NO PEITO DO EX-TREINADOR DE PORTUGAL. COM GOSTO'
    2025/09/16

    'Pô, Cosme... Não vou mudar nunca. Aquele garoto da Mooca, espontâneo, segue vivo dentro de mim.'Edu Marangon, um dos mais talentosos meias das décadas de 80 e 90, segue com a mesma energia e sotaque 'italianado', que lhe valeu o apelido de 'Boy da Mooca'. Não parece ter 62 anos. De jeito algum.Meia clássico, talentoso, driblador e dono de um dom único para bater na bola, para cobrar falta ou lançar. Foi o melhor camisa 10 da Portuguesa, em todos os tempos.Desde garoto, inúmeros clubes se interessaram. Inclusive a Seleção Brasileira. Por onde ganhou os títulos do Pré-Olímpico Sub-23, os jogos Panamericanos de 1987 e a taça Stanley Rous.O assédio ficou enorme a ponto de o presidente Oswaldo Teixeira Duarte prometer. 'Enquanto eu mandar no Canindé, você não vai embora.' O ditatorial OTD acabou segurando Edu por longos quatro anos. Mas seu futebol ficou maior do que a Portuguesa. Foi para o Torino. Teve uma passagem que não foi melhor por ter sido sabotado. Por quem menos esperava. "Mas não quero falar quem foi, não." De lá, foi 'a peso de ouro' para o Porto. 'Tinha tudo para me dar muito bem. Só que encontrei o treinador Arthur Jorge (homônimo do ex-técnico do Botafogo). Ele era brigado com o presidente Pinto da Costa. Fiquei no meio dos dois. Acabei perseguido pelo treinador. E um dia, ele me tirou com cinco minutos de jogo. O resultado. Acabei dando um soco no seu peito." Nunca mais jogaria no Porto.No entanto, o destino de Edu reservava o Flamengo. Ele foi escolhido como substituto de Zico. "Foi uma emoção incrível vestir aquela camisa 10." Mas entrei em conflito com a imprensa carioca que não aceitava um paulista substituindo o Zico. O bairrismo era demais." O Flamengo atrasou salários, não teve como pagar o que combinou com o meia.Surgiu em seguida, o Santos. "Aí foi demais. Receber a 10 do Pelé. Privilégio único. Formamos um bom time, mas faltava dinheiro." 'Fui para o Palmeiras, time sempre torci. Eu e a minha família. Meu pai era fanático. Não dei sorte porque o clube estava ainda fechando com a Parmalat. Era muito bagunçado. Houve um problema entre o Nelsinho Baptista que afastou o Evair, o Jorginho, o Andrey e o Ivan. Entrei para apaziguar. Não apaziguei e ainda não tive o contrato renovado. E olha que eu estava jogando bem e ajudando na chegada da Parmalat, já que eu falo italiano.'Muito talentoso, teve algumas convocações para a Seleção. Principalmente com Falcão. "Mas de novo a imprensa carioca. Ela sabotou o Falcão e me atrapalhou, por conta das discussões que tive quando estava no Flamengo."Edu foi para o Japão, atuar no Yokohama Flugels. Ganhou a Copa São Paulo, como treinador da Portuguesa. Mas largou a profissão. 'É muito difícil ser honesto neste meio. Principalmente para os técnicos iniciantes. Eu sou e resolvi parar.'Por falar em honestidade, até hoje ele não se conforma com o rebaixamento da Portuguesa, na Justiça, em 2013. 'Alguém teve interesse e saiu lucrando. Não sei onde e quem. Mas é uma vergonha!' Atualmente é empresário de produtos de divulgação."Mas, Cosme, morro de saudade da rotina do futebol. Até de xingar vocês, jornalistas..."

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  • 'ME DÓI VER O SANTOS DE HOJE. O TIME NÃO PODE CAIR DE NOVO...'
    2025/09/09

    Juary sempre foi direto.

    Jogador de muito talento, velocidade, goleador.

    Atrevido, homem de personalidade forte, um líder.

    Com seu 1m62 não se amedrontava diante da violência dos zagueiros, que nas décadas de 70 e 80, tinham licença poética para entradas violentíssimas. Respondia com gols.

    Marcou história no futebol.

    É venerado no Porto. Deu assistência e marcou o gol decisivo, na final da Champions League, contra o Bayern, de Munique, em 1987. Vitória marcante que levou o clube ao título Mundial, diante do Peñarol.

    Jogou no Avellino, na Inter de Milão, no Ascoli, Cremonese, Portuguesa, Moto Clube, Vitória.

    Mas foi no Santos que encontrou o 'clube de sua vida'.

    "Minha família dividia ovos para sobreviver. Se não fosse o futebol, tenho certeza que poderia acabar mal. O tráfico já era o caminho para os jovens da minha idade, onde eu morava, no Rio.

    "Por racismo, que sofri no Fluminense, quase não jogo futebol. Foi tão traumatizante para um garoto, que eu já tinha desistido. Até que meu pai me levou, sem avisar, para o Santos. E minha vida mudou. Como não vou amar esse clube?"

    Juary mostrou talento desde os primeiros treinos. 'Como o meu amigo João Paulo te falou, tudo era muito difícil na Vila Belmiro. Por conta do fantasma do Pelé. Todos tinham medo que o Santos não voltasse a vencer, depois que ele se despediu e foi para o Cosmos.

    "Mas o Pelé amava o Santos. Vinha treinar quando estava no Brasil. Eu tive o privilégio de treinar com ele. O maior de todos os tempos. Me ensinou muito. Principalmente a disciplina, o segredo para desenvolver aquele talento especial que Deus deu para ele. Ele treinava mais do que todos. Era um atleta perfeito. Incrível."

    Juary sabe o quanto foi importante na história do Santos, o título paulista que conquistou em 1978. "O clube estava na fila desde 1973, quando dividiu o Paulista com a Portuguesa, por um erro do Armando Marques. O tempo não era longo. Mas ninguém acreditava no Santos sem o Pelé. E estava uma bagunça, por conta desse medo. Havia gente demais. Chegamos a ter quatro times treinando, para serem escolhidos 11 para jogar."

    O segredo, para Juary, foi a geração de atletas que se juntou. E sob o comando de Chico Formiga. 'Ele não era um estrategista. Mas soube, como ninguém, juntar o talento dos garotos que estavam no Santos. Eu, João Paulo, Nilton Batata, Pita. E o Aílton Lira, que não era jovem, mas tinha um potencial incrível. Daí surgiram os 'Meninos da Vila'. Formamos um time maravilhoso. Ofensivo, vibrante. Fomos campeões, empolgamos o país. Eu fiz 29 gols."

    Por necessidade financeira, o time durou pouco, com a direção vendendo suas principais peças. 'Jogador, antes da lei Pelé, era tratado como escravo. Fui vendido para o México, sem querer. Estava acertado com o Flamengo. Mas fui para o Universidade de Guadalajara, antes de ir jogar na Itália."

    No futebol italiano, reencontro com o racismo. "Fui um dos primeiros negros estrangeiros por lá. Me chamavam de macaco. Já era homem feito, não me afetava mais. No futebol era comum." Juary revela que teve um encontro com Telê Santana e soube que perdeu a Copa de 1982 por conta de uma contusão. "O Telê me disse que iria para a Itália para me ver. Eu fazia parte dos seus planos."

    Juary teve uma carreira importante. Mas, como muitos jogadores, foi enganado por assessores. Perdeu muito dinheiro. Não gosta de revelar quanto. Foi trabalhar na base do Santos. Atualmente está em um projeto com garotos, em Curitiba, de onde veio para São Paulo, só para esta entrevista.

    E, lógico, falou do atual momento do Santos. "Eu já sofri muito com o rebaixamento do Santos. Nunca pensei que fosse acontecer. E agora, a situação está bem ruim. Os jogadores precisam saber a importância do clube que estão. Respeitar a camisa que o Pelé vestiu. Se eu estivesse em campo, jamais aceitaria perder por 6 a 0 para o Vasco, da forma passiva que o time reagiu. Quando o Vasco fizesse 4 a 0, o jogo acabaria. De um jeito ou de outro. Essa passividade é inacreditável para mim.

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