エピソード

  • 'SALVEI O MARCELINHO CARIOCA. O RINCÓN O LEVANTOU PELO PESCOÇO. SÓ VIA AS PERNINHAS BALANÇANDO'
    2025/06/24

    Marcos André Batista Santos poucos conhecem.Mas basta citar o cruel apelido 'Vampeta' e a idolatria aparece.Ele chegou mais cedo para a entrevista, foi almoçar ao lado do estúdio. E o dono do restaurante não quis receber seu dinheiro. E ainda agradeceu por ele ter aparecido."Sou muito feliz, onde quer que eu vá é assim. Nem sei o que fiz para merecer tanto carinho. É de palmeirense, são paulino, santista. Nem parece que fui jogador do Corinthians. Aliás, fui feito para o Corinthians!"Aos 51 anos, o carisma segue o mesmo.O personagem e o homem já nasceram misturados, com o melhor e o pior de cada um.A mente afiada.E o bom humor inerente transforma até histórias tristes, dificuldades que passou na vida, objetos de riso solto.Choro e lamentações não fazem parte de sua vida.Longe do lado jocoso, que faz questão de cultivar, Vampeta foi um jogador especial, inteligente, com visão tática diferenciada.Não ganhou 14 títulos por acaso. Entre eles, o pentacampeonato mundial, com a Seleção Brasileira. E o Mundial de Clubes, com o Corinthians. 'Joguei 13 partidas das Eliminatórias como titular. Chega na Copa, o Felipão muda o esquema. E sobra para mim, que acabei no banco. Joguei alguns minutos contra a Turquia. Estava no meu auge, mas o Brasil ganhou, está tudo certo. Sou pentacampeão do mundo.''Eu fiz o meu destino. Era filho de um caminhoneiro e uma dona de casa do Interior da Bahia. Vi um anúncio na tevê, em Nazaré das Farinhas, cidade próxima a Salvador. O Vitória estava fazendo uma 'peneira'. Decidi ir. Fui sozinho, passei. Mudei minha vida.'Como não tinha os dois dentes da frente, os colegas de time o apelidaram de Vampeta, terrível junção de 'Vampiro' com 'Capeta'. Lógico que ele não gostou. Foi aí que o apelido pegou para o resto da vida. Conviveu com cobras e ratos no alojamento precário dos garotos do Vitória, que ficava ao lado de um gigantesco depósito de lixo.Foi o primeiro jogador do Nordeste a ser vendido para a Europa, quando a lei do Velho Continente só permitia três atletas. 'Na Holanda eram só dois. Fui para o lugar do Romário.'Sua carreira e vida não dariam um filme. Mas uma série com inúmeros capítulos. O documentário sairá, com certeza.Vampeta é muito requisitado. Para entrevistá-lo, a insistência de mais de um ano. Porque viveu inúmeras situações que, contadas por ele, lembrando Ariano Suassuna, deixa o real em surreal.Como descer a rampa do Planalto, bêbado, com a camisa do Corinthians, 'roubando' a festa do pentacampeonato, diante do atônito presidente da República, Fernando Henrique.Também foi o primeiro jogador de futebol a posar nu no Brasil.'Me deram três salários que recebia no Corinthians, topei na hora. "O Luxemburgo ficou louco. Foi a revista que mais vendeu na história. Como a gente seguiu ganhando e eu jogando bem, ninguém pegou no meu pé.'Esteve no time histórico que ganhou dois Brasileiros e o título mundial.'Era muito futebol e muita confusão. Rincón, Marcelinho, Edílson, Luizão, Dida, Ricardinho, Vanderlei Luxemburgo. Foi tudo especial. Até as tretas. Nosso vestiário era bravo...' Ele contou algumas situações inacreditáveis na entrevista.Explicou a famosa frase que cunhou no Flamengo. 'Eles fingem que me pagam. Eu finjo que jogo.' Relembra que ficou cinco meses sem receber na Gávea. E depois teve de andar com segurança, com medo dos torcedores flamenguistas.Vampeta viveu alegrias de conquistas, mas as dores do rebaixamento com o Corinthians e Brasiliense.'Cosme, o jogador sente quando está em um time que vai cair. E você pode fazer de tudo, que não tem jeito. É difícil, dói..."Foi preso no Kwait por desafiar a religião mulçumana, que proíbe bebidas alcoólicas. 'Fui fabricar vinho na minha casa. Fui pego. Passei mais de 30 horas na cadeia. De raiva, fiz umas 50 garrafas e saí distribuindo.'Restaurou o único cinema de Nazaré das Farinhas, como retribuição à cidade que nasceu.Trabalha há 14 anos na rádio Jovem Pan. Recusou convite da Band para substituir Denilson.

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  • "SER ÍDOLO NO SANTOS E NO CORINTHIANS NÃO É PARA QUALQUER UM" | COSME RÍMOLI
    2025/06/17

    "Nós também vivíamos um caos na Vila Belmiro. Éramos mais 50 jogadores, ninguém acreditava no Santos. Era mais ou menos como acontece agora. Seguimos um trabalho sério. E o time renasceu. Foi assim que surgiram os 'Meninos da Vila', campeões de 1978. O Santos atual tem jeito!"A aposta é de João Paulo de Lima Filho.'João Paulo Papinha', para os que tiveram a sorte de acompanhar o Santos, campeão paulista de 1978. Time que fez história.Ganhou o primeiro título depois que Pelé deixou o Santos, em 1974Extremamente ofensivo, com Ailton Lira, Pita, Nilton Batata, Juary e João Paulo.Carioca, habilidoso, dono de dribles objetivos e com arremate forte e preciso, via no futebol uma saída para a família, simples de São João do Meriti. "Eu me destaquei no São Cristóvão. Achei que iria jogar em um time grande do Rio, quando o Santos surgiu. E lógico que eu fui. O clube era muito pressionado, tinha de dar resultado. Não tinha mais Pelé. Foi quando o Chico Formiga percebeu que havia jogadores extremamente ofensivos e com talento, entre os muitos jogadores que a diretoria contratou, meio sem critério."João Paulo logo ganhou o apelido de Papinha, por conta do Papa João Paulo ll. Embora franzino, sempre foi dono de personalidade forte. Em uma campanha memorável, o Santos decidiu o título de 1983. 'Nós ganhamos do Flamengo por 2 a 1, no Morumbi. Fomos jogar no Rio e o Arnaldo César Coelho marcou pênalti inexistente e ainda anulou um gol nosso alegando impedimento inexistente. Era carioca, não poderia ter apitado a final. Perdemos por 3 a 0 e a imprensa do Rio de Janeiro invadiu o campo, antes de a partida acabar. Saímos brigando com os jornalistas. O Serginho Chulapa começou e eu também participei."Essa briga queimou João Paulo, que foi contratado pelo Flamengo, no ano seguinte."Eu não fiquei nem um ano no Flamengo. Acabei queimado politicamente por ter batido nos jornalistas. Foi uma pena. Porque estava jogando muito bem."João Paulo não tem o que reclamar. Veio para o Corinthians. 'Primeiro teve desconfiança, por ter jogado no Santos. Mas depois acabei ídolo. Jogar no Corinthians foi completamente diferente. A torcida tem um envolvimento maior na direção do clube. Fui campeão paulista dez anos depois, contra o Guarani. Eles tinham um timão, Evair, João Paulo, Paulo Isidoro, Neto. Joguei como meia esquerda, revezando com o Paulinho. O técnico era o Jair Pereira." Acabou passando cinco anos no Parque São Jorge. E foi cultuado por lá."Ser ídolo em dois rivais não é para qualquer um."Teve poucas chances na Seleção Brasileira. "Tive muitos concorrentes. Éder, Joãozinho, João Paulo, do Guarani. Não era como hoje, havia jogadores talentosos aos montes.'Jogou rapidamente no Palmeiras. 'Cheguei em um clube com muitos problemas políticos. Não deu certo." Sobre o Santos atual, ele é direto. Não aceita a pressão só em Neymar."Ele está sozinho. O segredo para mim seria investir na base, nos garotos. O Santos só quer comprar jogadores. E tem formado times ruins. O rebaixamento aconteceu por isso. Agora é preciso muito cuidado. O segundo rebaixamento seria terrível. Ainda dá tempo. O trabalho tem de ser sério."João Paulo vive em Santos e nem parece ter 68 anos. Segue de mente afiada, personalidade forte.Torcendo para o Santos não cair de novo...REDE SOCIALInstagram: @cosmerimoli

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  • 'O PALMEIRAS DE 1996 IRIA GANHAR TUDO. SAÍ POR CAUSA DO BRUNORO.'
    2025/06/10

    O menino Luís Antônio Corrêa da Costa dormiu entre o pai e a mãe, na mesma cama, até os 14 anos.

    A família pobre de Campo Grande não tinha espaço para alojar os oito filhos, na casa simplória.

    E esta sensação psicológica de confiança, dormindo com os pais foi arrancada de uma vez. Por conta de seu talento fora de série com a bola nos pés. Era a chance de a família dar uma virada na apertada vida financeira. E lá foi ele, morar na assustadora São Paulo, imensidão de prédios. Seu 'lar'? Pequeno quarto embaixo das escadas do Morumbi.

    "Chorava todos os dias. Mergulhei em uma enorme depressão. Voltei para Campo Grande, mas um diretor do São Paulo foi me buscar."

    Desta vez, Luisinho, se transformou de vez em Muller. Por conta do alemão Gerd Muller, certo? Não. O apelido de seu irmão era Mulo. Muller foi consequência de quem não entendeu Mulo. E o atacante germânico estava no auge.

    Criou uma fortaleza psicológica para enfrentar a carreira como jogador muito talentoso que foi.

    Muller avisou antes da entrevista que queria falar só de futebol. Ele teve uma vida intensa. Foi campeão mundial com a Seleção Brasileira sub-20, na Rússia, em 1985

    O sucesso no São Paulo veio por conta de Cilinho. E ele foi a principal peça do time que foi batizado de 'Menudos do Morumbi'. Equipe empolgante, campeã brasileira de 1986.

    Símbolo sexual na época, frequentava as casas noturnas mais badaladas. Com carros caríssimos.

    Casou com a ex-chacrete Jussara Mendes, união que chamou a atenção de toda mídia, na época. A relação durou 20 anos.

    Foi jogar no Torino. Investiu seu dinheiro no banco do então presidente do clube, que acabou falindo. Voltou para o São Paulo. E outra vez formou em uma equipe excepcional. Desta vez comandada por Telê Santana. Foi bicampeão mundial, vencendo os favoritos Barcelona e Milan.

    "Quando fiz o terceiro gol, o da vitória, virei para o Costacurta e falei todos os palavrões que sabia e não sabia. Aquele título foi sensacional. Nosso time era incrível."

    Muller disputou três Copas do Mundo. A de 1986. A de 1990, onde foi titular, ao lado de Careca. "Nosso time era muito forte, mas a briga com a CBF (pelo dinheiro do patrocínio da Pepsi) atrapalhou. O Lazaroni é um grande injustiçado. Ele era moderno, mas a imprensa, que não entendeu o seu esquema, o massacrou." Em 1994 foi campeão como reserva de Parreira, que considera um técnico fraco. "Romário e Bebeto estavam no auge. Mas eu também e fui pouco utilizado, poderia ter entrado mais no lugar de um dos dois. Só que Parreira revezava as substituições."

    Mas o time que Muller pôde mostrar todo seu talento foi o Palmeiras de 1996. 'Foi fantástico. Aquele time, comigo, com o Djalminha, um gênio, com o Rivaldo, destruidor de defesas com sua força e técnica, com o Luizão. Nosso ataque marcou 102 gols em 30 jogos do Paulista. Cafu, Júnior... Se ficássemos juntos, ganharíamos tudo, por uns dois anos", aposta.

    "Só que o time foi desmanchado. Saí do maravilhoso Palmeiras de 1996 por causa do Brunoro. (José Carlos Brunoro). Ele era o CEO da Parmalat. Avisei meses antes que precisava renovar meu contrato. Ele não ligou. O fim do meu contrato coincidiu com a decisão da Copa do Brasil. O São Paulo soube que não tinha renovado. E me fez uma proposta muito maior que eu ganhava. Perguntei para o Brunoro o que ele iria fazer. Ele disse 'nada'. Fui para o São Paulo.'

    A saída de Muller foi um desastre. O Palmeiras perdeu a Copa do Brasil, em casa, para o Cruzeiro. O time maravilhoso nunca se recuperou da saída do atacante. E foi desmontado.

    Ganhou 17 títulos na carreira. Foi milionário. Perdeu grande parte da fortuna. Se recuperou, tem uma vida confortável. Não aparenta os 59 anos. Virou um rígido comentarista de futebol.

    Se assume como são paulino, apesar de ter jogado nos quatro grandes paulistas.

    "Eu não tenho nada a reclamar. Vivi como quis. E fui quatro vezes campeão do mundo. Acho que acertei nas minhas decisões."


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  • TÍNHAMOS PELÉ, COUTINHO, MENGÁLVIO, EU. AGORA? É SÓ NEYMAR.'
    2025/06/03

    "Pode apostar nesse menino. Ele vai dar o que falar."

    Foi assim, a apresentação de Jonas Eduardo Américo na Vila Belmiro, em 1964, à direção do Santos. E as palavras foram ouvidas com muita atenção. Elas saíram da boca de Pelé. E ele acertou em cheio, ao falar do garoto de 14 anos, que descobriu em Jaú.

    Dois anos depois, já era seu companheiro de Santos. E de Copa do Mundo. O mais jovem brasileiro a ir a um Mundial, com apenas 16 anos.

    Edu foi um fenômeno. Teve uma carreira impressionante. Seus dribles curtos, sua sede de gols, a visão de jogo. Foram dez anos espetaculares no Santos.

    A France Football o escolheu como melhor ponta esquerda do mundo em 1968 e 1969.

    "Nós tínhamos uma equipe maravilhosa. A começar por Pelé. Jogar ao seu lado era impressionante. Ele antevia todos os lances. Era sério, determinado. A fome de gols e de vitórias que ele tinha nos contagiava. Conseguimos formar um dos melhores times de todos os tempos.

    "Só não ganhamos mais Libertadores e Mundiais porque os nossos presidentes queriam dinheiro. E as excursões pelo mundo era muito lucrativas. Entrávamos em campo sabendo que íamos vencer. O Santos ganhou muito, mas muito dinheiro. Era para ser hoje o clube mais rico do país. Por que essa fase, que durou anos, com dinheiro entrando sem parar, não refletiu em infraestrutura? A culpa é de quem administrou o Santos. Em campo, fizemos de tudo. Dinheiro veio e muito."

    Edu, além de driblador, era artilheiro.

    Marcou 189 gols com camisa santista. Foi convocado para três Copas do Mundo. Mas esse é um assunto que o amargura. 'A primeira não joguei, em 1966, por ser jovem demais. Na segunda, foi por causa do esquema tático do Zagallo. Fui titular as Eliminatórias inteiras, com João Saldanha. Em 1974, não tem explicação, a não ser a perseguição de Zagallo que, além de privilegiar os cariocas, não gostava de mim. Me convocou por obrigação, mas não me escalou. Foi muita injustiça e o Wendel me segurou quando o xinguei e fui cobrar essa perseguição.'

    Edu saiu do Santos por se desentender com dirigentes. Foi para o Corinthians, campeão de 1977. Mas sentiu os jogadores divididos 'em panelas'. Foi para o Inter. De lá, para seis anos no Tigres, do México. Jogou nos Estados Unidos, no Tampa Bay. Voltou para encerrar a carreira no São Cristóvão, Nacional e Dom Bosco.

    Aos 75 anos, segue como um dos embaixadores do Santos, em vários eventos pelo mundo.

    E acompanha com imensa preocupação os últimos anos do seu time de coração.

    "Chorei muito em 2023, quando o Santos foi rebaixado. Saí andando sem rumo, do estádio.

    "Agora, de novo, estou muito preocupado.

    "A situação é complicada e o peso está todo no Neymar. Ele é um jogador excepcional. Mas está sozinho. Nós tínhamos Pelé, Mengálvio, Toninho, Carlos Alberto, Clodoaldo, eu...

    "Agora? É só o Neymar.

    "O Santos não pode ser rebaixado de novo. Não quero nem pensar nas consequências. É triste. Nunca pensei que esse clube, que conquistamos tanto, iria estar nessa situação."

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  • 'ZAGALLO PERDEU A COPA DE 74. FICOU COM MEDO DE ESCALAR NÓS SEIS, DO PALMEIRAS.'
    2025/05/27

    Leão, Luís Pereira, Alfredo, Ademir da Guia, Leivinha e César Maluco.

    Esses foram os seis jogadores, que atuavam no Palmeiras bicampeão brasileiro. E que foram para a Alemanha, disputar a Copa do Mundo de 1974. Eles tinham convicção que atuariam juntos, formariam a base da Seleção na busca do tetracampeonato.

    "Era a coisa mais lógica a fazer. Como tinha acontecido com o Santos e Botafogo, no Mundiais de 58 e 62. Mas o bairrismo pesou. O Zagallo preferiu fazer média com o Rio de Janeiro. O Brandão, que era treinador do Palmeiras, me falou na Alemanha: volta para o Brasil, porque você não vai jogar. Só o Leão e o Luís Pereira vão ser titulares. Não querem que o Palmeiras ganhe o tricampeonato brasileiro. Eu deveria ter voltado, ir embora", desabafa, César, em entrevista exclusiva.

    Aos 80 anos, ele não tem nada de maluco.

    "Detestava esse apelido. Foi o José Geraldo de Almeida, narrador famoso, na década de 60, quem deu. Porque eu gostava de comemorar meus gols subindo no alambrado, com os torcedores. Eu sempre fui uma pessoa alegre, expansiva. Queria a celebração, a emoção do gol."

    César teve o privilégio de jogar nos dois fantásticos times do Palmeiras que mereceram o apelido de Academia.

    "Era muito talento junto. Primeiro, Valdir de Morais, Djalma Dias, Djalma Santos, Julinho, Ademir, Servílio, Tupãzinho, eu. Depois, Leão, Eurico, Luís Pereira, Alfredo e Zeca; Dudu e Ademir; Edu, Leivinha, César e Ney. Juntou talento, dedicação, treinamento sério e entrosamento. Sabia, sem enxergar, a movimentação do time. Como a bola viria para eu concluir. Sou o maior artilheiro vivo da história do Palmeiras, com 194 gols." Faria mais, se não fosse suspenso por 11 meses, ao tentar dar cabeçada em um árbitro. Só fica atrás de Heitor, com 323, que jogou entre 1916 e 1931.

    Carioca de Niterói, César chegou ao Palestra Itália por empréstimo do Flamengo. Foi muito bem. O time carioca o quis de volta. Só que o Palmeiras decidiu comprá-lo. Insistiu e o trouxe para ficar. Foram, no total, oito anos com a camisa verde. Ganhou cinco Brasileiros. Dois Paulistas. Foi um grande ídolo.

    "Eu sempre gostei muito de viver. Morava no hotel Normandia, onde ficavam os cantores da Jovem Guarda. Conversava com o Raul Seixas. Vivia... Adorava a boate La Licorne. Era um bordel chic.

    "A dona, uma cafetina, se apaixonou por mim. Ela soube que eu iria casar. E foi, desesperada, para a Alemanha. Me ofereceu 15 mil dólares e uma Mercedes para que eu ficasse com ela. Em plena Copa do Mundo. Uma loucura. Não aceitei, lógico. E casei."

    César teve proposta do Real Madrid, depois de o Palmeiras ter vencido o torneio de Ramón de Carranza, em 1974.

    "O Palmeiras disse que eu era inegociável. Só que eu briguei com o Brandão. O técnico se juntou ao Nelson Duque, que era dirigente, e resolveram me vender para o Corinthians. Sem eu saber. Não havia lei do passe. Jogador era escravo. Eu fui para lá como punição. Um clube gigante. Mas justo o maior rival. Adorava fazer gol contra ele.

    "Não deu certo. Me chamavam de 'porco' nos treinos. Um dia, perdi a cabeça e bati em uns moleques de 18 anos. Um deles era filho de um diretor e fui embora do Corinthians. Nunca quis ter ido para lá."

    Acabou no Santos, Pelé quase o levou para o Cosmos. Vieram as contusões, que o atrapalharam.

    Depois, passou pelo Fluminense, Botafogo de Ribeirão Preto, Rio Negro e Aris, da Grécia.

    "Fui muito feliz no futebol. Dei casa para o meu pai e minha mãe. Cuidei da minha família. Conheci o mundo. Fui ídolo. Se pudesse voltar, faria tudo de novo.

    "E com uma certeza.

    " Nasci para o Palmeiras."

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  • 'MEU BICHO DE ESTIMAÇÃO ERA UM LEÃO. PELÉ PEDIU PARA EU MANEIRAR. PERDI MILHÕES.'
    2025/05/20

    "Quando chegava virado, da farra, pegava o Simba, que era meu leão, e ia com ele para o treino na Ponte Preta. Subia no campo e o deixava lá. Voltava para o vestiário para dormir. O treino não começava, porque todos ficavam com medo do Simba. E eu dormia um pouco. Depois ia pegá-lo e o colocava no meu carro.

    "O Pelé foi no meu apartamento. Estava fazendo mais uma festança. Ele me disse: 'em vez de comprar um apartamento, eu coloquei o meu dinheiro e te comprei para o Santos. Você precisa maneirar'. Segurei por alguns dias, depois voltei para a farra."

    Meia talentoso, driblador, com excelente visão de jogo. Instintivo.

    Diferenciado, em uma época repleta de talentos no futebol brasileiro.

    Pré-convocado para a Seleção, em 2001.

    Santos, Corinthians e, principalmente, a Ponte Preta, onde foi grande ídolo, deram holofotes, dinheiro, a chance de ter uma vida incrível e jamais sonhada para um filho de caminhoneiro.

    "Sem orientação, errei. Perdi chances incríveis que jamais sonhei. Desperdicei. Fui do céu ao inferno. Depois, quando perdi o futebol, me afundei."

    A vida de Reginaldo Rivelino Jandoso, nome de craque até no nome, é impressionante.

    Mais ainda a coragem desse homem de 51 anos em assumir o que viveu.

    A relação dificílima com o pai, que chegava a amarrá-lo para não jogar futebol, quando menino.

    O talento explodiu na Inter de Limeira, a ponto de Pelé, aconselhado por Pepe, comprá-lo e reservar a sua camisa 10. do Santos, para ele.

    O deslumbramento com dinheiro, mulheres, bebidas e carros de luxo.

    'Eu tinha 20 anos e sentia que tinha o mundo à disposição. Aproveitei. Mas me perdi.'

    Fez história nos oito anos da Ponte Preta. Foi contratado pelo Corinthians, por ninguém menos que Rivellino. Acabou sabotado. Teve 22 trocas de clubes. Jogou na Grécia.

    Desperdiçou os milhões que passou por suas mãos. Descontou no álcool. Desesperado, com o fim da carreira, fim do dinheiro, foi convencido a roubar bancos. Acabou preso.

    'Errei feio, vivi o inferno, que são as prisões no Brasil. Descobri Deus. Paguei minha dívida com a sociedade. E agora a tenho a missão de descobrir e, principalmente, orientar novos talentos. Para que não cometam os erros que cometi."

    Piá deu a mais crua e profunda entrevista deste canal...


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  • 'QUIS O SÃO PAULO. DISSE NÃO AO REAL MADRID. ACERTEI.'
    2025/05/13

    "Para sair do Nacional, queria o melhor futebol do mundo.

    "Na época, o Brasil era 'o' Brasil. Ou seja, o melhor entre os melhores.

    "E a proposta era do gigante São Paulo, clube vencedor. Onde jogou o ídolo de todo uruguaio, o Pedro Rocha. Aceitei, lógico.

    Alfonso Dario Pereyra Bueno.

    De futebol tão refinado que ganhou, por todo merecimento, o apelido de 'Don' Dario Pereyra. 'Don', precedendo o nome, é uma forma de tratamento, em espanhol, reservado à elite.

    E Dario Pereyra mereceu.

    Foi contratado pelo São Paulo para ser o sucessor de Pedro Rocha, que vivia seus últimos momentos no clube, em 1977. Era visto como a principal revelação uruguaia. Misturava personalidade forte, técnica e muita garra.

    Volante talentoso, jogava com a camisa 10 e faixa de capitão na Seleção Uruguaia. Aos 18 anos!

    Chegou no São Paulo e já fez história.

    Venceu o primeiro brasileiro do clube, em 1977.

    Mas depois dessa conquista, Dario sofreu. E muito. Ficou um jogador marcado por lesões. Jornalistas questionavam se ele não teria problemas crônicos. Ou psicológicos.

    "Só falavam das minhas 'dolores', dores, em espanhol. E eu tinha mesmo. Fortíssimas dores musculares, distensões. O meu problema era alimentação. Eu estava sozinho no Brasil, em uma casa que me deixaram com outros jogadores. Havia uma funcionária que só fazia arroz, feijão e carne de panela. Todos os dias. Eu estava acostumado a muitos legumes, carnes grelhadas, ovos, verduras, alimentação balanceada. Tudo acabou quando trouxe minha família para São Paulo. E passei a me alimentar como estava acostumado no Uruguai."

    Carlos Alberto Silva foi fundamental na sua vida. Assim como o acaso. Gassem, o quarto zagueiro, estava contundido. "Ele me perguntou se eu poderia deixar de ser meio-campista e jogar na zaga. Disse que sim. E nunca mais saí de lá. Formei uma dupla maravilhosa com o Oscar. Nós nos completávamos."

    Quem revelou o segredo do sucesso de Dario Pereira foi outro craque imortal. Ademir da Guia. "Ele era um excelente jogador de meio-campo, com enorme visão de jogo. Atuando como zagueiro, ele pegava a bola de frente e enxergava toda a movimentação, a distribuição do time adversário. Com sua técnica já começava desequilibrando a partida para o São Paulo."

    Para completar, tinha uma impulsão fora de série e antecipação marcante, não precisava dar pontapés. Ele antecipava os passes para os atacantes adversários e saía jogando.

    Foram 11 anos no São Paulo e seis títulos. Com a direção recusando várias propostas do Exterior. "Eu tive sorte porque peguei três gerações sensacionais. A primeira, campeã brasileira, do Minelli. A segunda, bicampeã, em 1986, do Pepe, muito técnica, com Careca, Oscar. E os 'Menudos', com Müller, Silas, Sidney e o Cilinho comandando."

    Dario revela que não ganhou Libertadores com o São Paulo porque o clube não priorizava a competição. 'Era disputada ao mesmo tempo que o Paulista, no primeiro semestre. Não tinha o mesmo valor que hoje. Não tinha transmissão pela tevê. Os juízes nos roubavam. Eram muitas agressões. Não tinha antidoping. Era só desgaste e não valia a pena. Potencial para ganhar, o São Paulo teve naquela época. Mas não era prioridade."

    Depois de marcar época no São Paulo, Dario passou pelo São Paulo, Palmeiras e terminou a carreira no Matsushita Electric, atual Gamba Osaka, no Japão.

    Se aventurou como treinador, por 18 anos. Foi campeão mineiro pelo Atlético. Mas a falta de um empresário, escolhas erradas e fases dos clubes se juntaram para atrapalhar sua trajetória. Mesmo assim revelou jogadores como Denilson.

    Aos 68 anos, Dario segue completamente identificado com o São Paulo. É um dos maiores ídolos da história do clube. Com todo merecimento.

    "Eu não me arrependo de ter dito não ao Real Madrid.

    "Escolhi o São Paulo e escolheria de novo.

    "O Brasil era o Brasil, do melhor futebol do mundo.

    "E o melhor clube do Brasil era o São Paulo. E ainda é"...

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  • 'VI TODO O DRAMA. RONALDO TEVE CONVULSÕES. ZAGALLO NÃO SUPORTOU A PRESSÃO. E O ESCALOU.'
    2025/05/06

    Ricardo Setyon foi testemunha do caso mais mal contado do futebol brasileiro.

    Um dos jornalistas de maior currículo deste país.

    Psicólogo, formado em Ciências Políticas, poliglota.

    Professor de gestão do Esporte.

    Toda essa bagagem o levou a trabalhar na Fifa, por 15 anos.

    Cobriu guerras, viveu a Fórmula 1, colaborou para jornais, revistas e sites do Japão, França, Espanha. Trabalhou em rádio, tevê, portais. Viajou o mundo todo. Morou em vários lugares.

    Sua alma inquieta não o deixa fixar em um local.

    Freelancer é a expressão que melhor o define.

    Ele quer cobrir torneios, jogos, corridas, guerras, o veículo não importa.

    Mas a história que ele não escapa é a final da Copa de 1998.

    Desta vez, Setyon destrinchou como nunca o que aconteceu, naquele 12 de julho de 1998, em Paris, no estádio Saint-Denis.

    Ele era chefe de Mídia da Fifa, só para a Seleção Brasileira.

    E frequentava os bastidores da Seleção, para desespero do então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que não tinha o controle sobre ele.

    São tantas histórias... Mas é melhor se fixar sobre o 'episódio Ronaldo'.

    Setyon tinha total acesso à concentração brasileira em Ozoir-la-Ferrière, 'cidadezinha' ao lado de Paris. A Seleção se hospedava em um castelo. E ele acompanhou o que Ronaldo viveu.

    "Ele estava extremamente tenso por tudo que acontecia na sua vida pessoal. (Sua mãe e seu pai estavam separados, com namorados, convivendo na mesma casa. Telefonavam diariamente para ele, contando brigas. Ele tinha ciúmes, pela namorada Susana Werner fazer inúmeras matérias com Pedro Bial.)

    "O Roberto Carlos e o Ronaldo estavam no mesmo quarto.

    "Eles sempre foram muito amigos, se tratavam por 'lixo', brincando. O Ronaldo deitou. O Roberto Carlos começa a chamá-lo para se preparar para o jogo. Quando ele cai da cama e começa a convulsionar, roxo. Aí, chegam Edmundo, Leonardo. Há um caos generalizado e o Ronaldo acorda.

    "É levado para a clínica Lilas (ortopédica) em Paris. Sim, ele foi levado por um ortopedista. E não o médico principal (Lídio Toledo). E que não fala inglês e nem francês. O Ronaldo faz uma bateria de exames. Os jogadores se preparam para a final. O Zagallo escala o Edmundo. Estava tudo pronto. Mas aí, o Ronaldo chega. Pálido. E diz para o Zagallo 'Professor, vou jogar."

    "O Zagallo já tinha passado para a Fifa a escalação, que foi distribuída para jornalistas de todo o planeta. Ele não suporta a pressão de não colocar em campo o melhor jogador do mundo. E o escala. Edmundo fica revoltado.

    "Mas o pior foi a reação dos outros jogadores titulares. Todos assustados. O Brasil entrou derrotado para a final da Copa do Mundo de 1998. Os companheiros viram as convulsões de Ronaldo. E tinham medo que ele fosse morrer durante o jogo. Acabou a concentração para a partida. O resultado foi 3 a 0 para os franceses. Com Ronaldo chorando no ombro do Zidane."

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