エピソード

  • #182 Um cavalo alado
    2025/06/25
    “Pégaso é um cavalo alado divino, branco como a neve, uma das criaturas mais famosas da mitologia grega.” UM CAVALO ALADO VOA PELO ESPAÇO DENTRO DE MIM Quando eu era jovem, costumava pendurar pôsteres nas paredes do meu quarto com cavalos correndo em direção ao azul. Por que cavalos? Independentemente de culturas, épocas e continentes, no inconsciente humano coletivo o cavalo é um animal carregado de simbolismo e significado. É representado na arte desde a pré-história.Os cavalos dos mitos, lendas e contos são capazes de falar e ensinar, de cruzar os ares, como Pégaso, ou de ir até os portões do Paraíso, como a égua Buraq, que carregou o Profeta Maomé em sua viagem noturna a Jerusalém. Conseguem acompanhar o sol em seu curso, como o garanhão turquesa dos índios navajos, ou combinar conhecimento instintivo e inteligência humana, como o centauro Quíron, mestre de Esculápio e deus da cura e da medicina na mitologia grega.Companheiros dos deuses, os cavalos acompanham o Sol em sua corrida diária da Grécia até os mitos gnósticos de Abraxas, e também nas culturas ameríndias... E cavalos também acompanham os seres humanos em suas viagens. Capazes de viajar entre mundos, levam o homem para além do céu e do inferno e os trazem de volta sãos e salvos. Atravessam as profundezas escuras do inconsciente humano. No fundo dos oceanos, os cavalos mágicos de Netuno são aqueles que ainda não se manifestaram e não têm forma.No mundo de hoje nós não precisamos mais de cavalos porque carros, aviões, barcos e trens fornecem todo o transporte que precisamos. A força física do cavalo não é mais necessária para nós. No entanto, o número de proprietários de cavalos é muito alto em todos os países industrializados.Por que isso acontece? Porque precisamos criar um relacionamento e, às vezes, nos reconectar com a natureza e com os animais ao nosso redor. O cavalo em nós é também a criança interior. PÉGASO, O MENSAGEIRO DOS DEUSESPégaso, o mensageiro dos deuses, é, sem dúvida, o arquétipo mais famoso desse universo lendário. Ele é um cavalo alado divino, branco como a neve, uma das criaturas mais famosas da mitologia grega. É personagem de uma história iniciática tão rica em símbolos e ensinamentos que poderíamos meditar sobre ela por dias a fio.Isso porque, como muitos mitos gregos, esta história é profundamente simbólica.Tudo começou quando Poseidon, um dos principais deuses do Olimpo, transformou-se em um cavalo e nele levou a bela Medusa, moradora do oceano por quem estava apaixonado, até um templo dedicado a Atena. Lá, eles se uniram e ela engravidou. No entanto, por terem profanado o templo puro de Atena, Medusa foi transformada em uma criatura horrível, a Górgona. Seu magnífico cabelo foi transformado em uma coroa de cobras venenosas. Além disso, foi lançada uma maldição sobre Medusa: seu olhar petrificaria qualquer um para quem ela olhasse.Mas o herói Perseu, filho de Zeus, o grande deus, fez um plano para livrar o mundo de Medusa. Em apoio, Atena lhe emprestou seu escudo e Hermes deu a ele uma foice afiada e uma bolsa de couro para esconder a cabeça da Medusa.Com cautela, Perseu aproximou-se de Medusa olhando para o reflexo dela no escudo de bronze emprestado por Atena. Quando ele conseguiu cortar a cabeça da Medusa, os dois filhos de Poseidon com ela foram libertados e o sangue jorrou de seu pescoço. O cavalo Pégaso e seu irmão Crisaor nasceram do sangue de Medusa.A cabeça de Medusa foi entregue por Perseu a Atena, que a colocou no centro de seu escudo.Como muitos mitos gregos, essa história é profundamente simbólica. Perseu representa o herói em nós, o buscador da Verdade que está pronto para enfrentar todos os perigos para transformar o mundo. Porém, até mesmo um herói não pode fazer nada sozinho, já que Medusa representa tudo o que o passado construiu dentro de nós, é a guardiã do limiar, todas as concepções mentais que nos paralisam se olharmos para elas. É por isso que a deusa Atena, a pureza virginal do novo pensamento, deu a Perseu um escudo, o escudo de um estado interior próprio que lhe permitiu enfrentar Medusa e derrotá-la.Quem é Medusa realmente? Medusa é um ser duplo, cujo nome significa “aquela que protege”. Medusa, uma mulher belíssima, era originalmente a força do olhar que envolve com o seu amor e protege o que vê. Foi transformada em um ser monstruoso e maligno, cujo olhar petrifica. Sua beleza e seus cabelos magníficos, seu rosto amigável, seu olhar vivo e sedutor, tudo isso se transformou em uma terrível maldição. Ver a horrível Medusa significa ser petrificado pelo horror e morrer.Perseu representa a intenção daquele que decidiu seguir o caminho da iniciação. O primeiro passo de sua jornada heróica será confrontar-se com a realidade do estado mental e emocional da humanidade. A vida interior dos seres humanos é dupla: contém ideais elevados, beleza, visão clara ...
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  • #181 Indo para casa
    2025/06/18

    Todos nós temos um condutor interno que nos guia

    INDO PARA CASA

    “Estrada acidentada à frente”, dizia a placa.

    Simeão hesitou. Deveria seguir ou voltar?

    Ele sempre esperou por essa viagem. Ansiava por ela há muito tempo, bem antes do que conseguisse recordar. Era um chamado vindo de dentro, do subconsciente, como se lá no fundo soubesse que esse era seu caminho.

    Esse anseio motivou sua vida desde que saiu do ventre de sua mãe. Em cada lembrança, sonho ou escolha sempre podia contar com uma espécie de força interior motivadora que o impulsionava adiante e o protegia.

    E agora, mais uma vez, uma placa o alertava:

    “Estrada acidentada à frente.”

    Afinal, para onde ele está indo nessa estrada? Que estrada é essa que ele considera como sua? O que ele busca?

    A força que o impele seria o condutor interior que ele aprendeu a reconhecer e ouvir sempre que sua vida agitada lhe proporcionou a oportunidade? Aquele que sempre sussurrava conselhos, corrigia o rumo e indicava saídas mesmo quando o mundo ao redor estava caótico? Aquele que estava lá desde sempre, empurrando-o para frente, levantando-o ou apoiando-o quando esteva em profundo desespero?

    Aquele que também trazia alegria, uma alegria misteriosa, genuína? Trazia um desejo de ir, estar em outro lugar, de fazer algo — embora ele não soubesse exatamente o que fazer ou aonde ir?

    Aquela placa na estrada não era novidade. Simeão já a tinha visto outras vezes — em sua consciência, nos sonhos, sempre que ele foi tentado ou atraído a seguir um caminho que o afastava de seu conhecimento interior, levando-o novamente à ilusão da vida que o cercava. Sempre que se desviava de si mesmo, lá estava a placa avisando-o. Protegendo. E sempre na hora certa.

    E ele seguia sabendo que percalços e trechos acidentados esperavam por ele...

    Sim, a estrada muitas vezes se tornou áspera, desafiadora, difícil, mas sempre houve uma lição envolvida, algo que ele precisava reconhecer e vivenciar antes que prosseguisse em seu caminho. Ele passou a aceitar a utilidade da placa, evitando que Simeão voltasse ou se desviasse.

    E assim, hoje, mais uma vez, Simeão passou por ela... e seguiu em frente em sua viagem.

    Talvez você já tenha vivido algo parecido com a história de Simeão. Na verdade, é mais comum do que se imagina.

    Essa sensação de ser guiado, mesmo sem entender. Algo em você que o mantém "no caminho certo", apesar de todas as adversidades, corrigindo, aconselhando e direcionando subconscientemente seu próximo passo — mesmo quando tudo parece confuso.

    Talvez seja algo quase imperceptível, mas sempre esteve ali.

    Se você reconhece isso, seja grato por essa força que está tentando despertá-lo para uma realidade diferente.

    Talvez ainda seja só uma semente, mas ela espera por você. Espera que você pare, escute-a, a reconheça e permita que ela cresça. Que você sinta e vivencie sua presença.

    Esse condutor interior — esse sábio companheiro — quer guiá-lo.

    Hoje vivemos tempos de turbulência e mudanças intensas em todos os níveis. Muitas pessoas estão passando por suas próprias turbulências e mudanças, por sua própria experiência de despertar.

    Forças espirituais estão emergindo, irradiando-se cada vez mais poderosamente na atual era de Aquário.

    Cada vez mais visíveis, mais poderosas, elas nos chamam. Para onde?

    Para casa!


    Imagem: Bob-Osias no Unsplash CC0

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  • #180 A natureza se expressa em suas formas
    2025/06/11

    A NATUREZA SE EXPRESSA EM SUAS FORMAS

    A inteligência da vida, que é evidente na natureza, desperta para si mesma no homem e o confronta. Por exemplo, em uma paisagem, árvore, flor, fruta ou em um cogumelo.

    No processo de desenho, o artista explora o que vê, o óbvio. Aos poucos, por meio da observação cuidadosa necessária ao desenhar, ele alcança a imensidão insondável inerente a toda forma visível.

    Desenhando e maravilhando-se, o artista entra na figura — como se estivesse em uma capela que também é um laboratório de percepção. Ali, por meio da observação da figura, as portas se abrem para as forças universais que a criaram. Desse espanto surge a pergunta: que inteligência está em ação aqui?

    Tal contemplação da criação universal pode inspirar o espírito humano. Desde que ele seja receptivo e aprenda a olhar para o chão, para a origem — para onde um cosmos ordenado emerge do caos fértil, no qual o Logos se revela. “Se você quer conhecer o invisível, você deve se aprofundar cada vez mais no visível”, diz a Cabala.

    Por exemplo, nas flores.

    Os movimentos planetários estão inscritos nas flores. Vênus e a Terra, ao orbitarem o Sol, criam uma estrela de cinco pontas no espaço cósmico. [1] A estrela de cinco pontas, o pentagrama, contém as proporções da razão áurea, que se encontra em todas as pétalas de rosa e também no corpo humano, sendo, portanto, a base da percepção. Ela forma um campo de ressonância livre, lúdico e ao mesmo tempo exato de coerência e concordância.

    Quando olhamos para um prado florido, também estamos olhando para o céu estrelado. As flores são vasos delicados de uma perfeição quase sobrenatural. As flores são frutos da luz. Nenhuma pilha de lixo, nenhuma ruína é inadequada demais para que as plantas floridas abram seus cálices coloridos para a luz e, assim, deem esperança até mesmo aos desertos. Nada de gracioso ou fora de moda, mas sim uma manifestação poderosa, delicada e inteligente que cobre toda a Terra.

    Uma harmonia de opostos que se complementam em diversas formas e cores, contêm poderes de cura, nutrem e encantam só de olharmos. E o que é a verdadeira alegria senão o necessário maná no deserto - alimento para os deuses?

    Imagem:Photo: AB_012_kl-Bild von Alfred Bast HD

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    4 分
  • #179 Um sonho para o futuro
    2025/06/04

    UM SONHO PARA O FUTURO

    O que há além daquela porta?


    Há uma casa, uma casa comprida com uma porta no centro e outra porta na extremidade. Há muitas pessoas ali. Algumas moram e outras passam pela casa. A maioria entra e sai pela porta central, mas algumas, não muito numerosas, usam a porta no final da casa. A porta central dá acesso e se conecta à vida no mundo, à vida cotidiana - empregos, famílias, atividades em geral. A porta no final da casa, a menos usada, conecta-se a uma realidade diferente, uma realidade de natureza espiritual que é conhecida apenas por alguns.

    Agora um aviso ressoa dentro da casa:

    _ Não feche a porta do final, a porta do final... Deixe-a aberta dia e noite para permitir o acesso à casa em todos os momentos.

    Até então, as duas portas ficavam abertas durante todo o dia e no começo da noite, quando eram fechadas e só reabertas na manhã seguinte.

    Os ocupantes da casa se perguntam sobre o motivo da porta do fundo ter que permanecer aberta:

    _ Onde ela leva? E por que pouco usamos essa porta? Afinal, a porta central é muito mais acessível, muito mais fácil de ser usada em nossa vida cotidiana.

    Mas a pergunta principal permanece: o que há além dessa porta do fundo?

    Os residentes começam a se perguntar, a meditar e a curiosidade deles aumenta. Alguns se aventuram até a porta, mas muito poucos passam por ela - é muito mais fácil permanecer conectado à realidade cotidiana do que contemplar uma realidade diferente, isso é um desafio muito grande, e maior ainda é o desafio de entrar nessa realidade.

    Depois de um período de tempo, as condições dentro da casa mudam - mais pessoas entram, mais pessoas passam a residir no interior. Surgem tensões devido à superlotação, as perspectivas mudam. Muitos ficam desiludidos, decepcionados e ressentidos. A curiosidade pelo que está além da porta do fundo aumenta. Mais pessoas começam a se aproximar dessa porta, a sair e a entrar por ela, descobrindo e escolhendo uma nova realidade para suas vidas. O equilíbrio entre o velho e o novo muda e elas começam a despertar.

    Há muitas casas como essa no planeta, em todos os países e em todas as circunstâncias, passando pelo mesmo processo de transição. Cada um de nós vive em uma dessas casas, tanto individual quanto coletivamente.

    Ao passarmos pelo processo de mudança de consciência da realidade antiga para a nova, podemos influenciar a consciência à nossa volta, podemos definir o futuro.


    Imagem: Peter Herrmann on Unsplash CC0

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  • #178 Basta pouco para ser feliz
    2025/05/30
    BASTA POUCO PARA SER FELIZQuando chegamos ao mundo, nosso olhar não se fixa. Em vez disso, dirige-se ao vasto, ao aberto. Será uma despedida? Ao olharmos para as crianças nós nos sentimos aliviados das preocupações. A realeza brilha nos olhos delas. Mesmo que se recolha com o tempo, o brilho é uma força que sempre a sustentará.Enquanto o céu claro ainda estiver aberto nas crianças, este é o ciclo: o Céu entra no mundo por meio delas e as crianças devolvem a ele o que tiram do mundo.Nos olhos delas brilha o poder real — o poder do todo, o desejo de viver, a alegria dos recomeços. Uma canção infantil diz:Basta pouco para ser feliz,e quem é feliz é rei.É preciso pouco para ser feliz porque tudo já está presente. Mas, com o tempo, a visão do todo da criança se fecha, o olhar redondo se estreita, o maravilhamento se contrai em concentração. Individualidades vêm à tona. O concreto entra em foco e obscurece o que é aberto. O mundo vem tornar-se o cenário. É hora de aprender alguma coisa. É preciso se equipar, treinar para dominar. Lutar pela vida. Como sobreviver? O mundo diz: adquira conhecimento, habilidades, estabeleça metas... Começamos a repartir a vibração do princípio, a infinitude do fundamento primordial. Lutamos por propriedades. A consciência e a vontade do todo deixam-se transformar em consciência e vontade do ego. As altas frequências da alegria, da serenidade e amor pela vida deixam-se usar para desejos e ideias pessoais. Nós nos tornamos mais densos, nossa permeabilidade ao princípio diminui. Ouvimos: “Mantenha os pés no chão.” A alegria cósmica dos constantes recomeços, a luz do sol interior, entra em nós filtrada. Medos e desejos, elogios e censuras, orgulho e abatimento se interpõem diante dela.Atendemos quando nosso nome é chamado, mas será que é realmente a mim que ele designa?Todos participamos do jogo da vida. Às vezes somos bons, às vezes não. Quem desempenha o papel principal? Quem é o “rei”? A canção infantil já não ressoa em nós.A realeza está oculta. O rei ainda envia mensagens que nós adaptamos. A história da humanidade está repleta daqueles que lutam e morrem por seu rei. A imagem de domínio está impressa em nós e, por isso, em algum momento, queremos governar sobre algo.Então vem a morte e um milagre pode acontecer: os olhos que se apagam deixam ir seus desejos e se voltam novamente para a vastidão do começo. Apesar da situação miserável, a alegria resplandece. A alma abandona os limites do corpo, segue para o ilimitado e é acolhida.Mas as nuvens que criamos em nossas vidas nos acompanham e escurecem a alma – é o resultado do que fizemos, quisemos, pensamos e sentimos. O traje externo é descartado, mas continuamos a usar o interno. O sol do todo brilha através de nós e nossa vida é refletida em sua luz. Admirados, talvez até com um arrepio, indagamos sobre o que dizemos, causamos, influenciamos e deixamos.E então, eventualmente, a alma retorna à cena. O jogo ainda não acabou. Tudo o que dela emanou e o que a terra preservou para ela confronta agora a alma. Ela é de novo uma criança que — com outra língua, em outro país — canta de novo:Basta pouco para ser feliz.A canção é para o inconsciente, a uma visão oculta e não desenvolvida. Torna-se um impulso para o crescimento. O mundo rapidamente enterra a profundidade e vastidão que batem à porta. A criança é criada para ser útil na vida.Às vezes, entretanto, vem uma voz disruptiva no meio do caminho e força a criança a parar. O que a está incomodando? Volta à sua ocupação, mas se pergunta: o que estou realmente fazendo? Perguntamos sobre o que está realmente acontecendo. Há uma sensação de desconforto. Tudo o que acontece tem significado? Quais os verdadeiros nomes das pessoas e coisas? Ponderamos, sonhamos e não nos apegamos mais tão fortemente. Impressões de um futuro e de um passado surgem, mas ele não são de quem somos verdadeiramente.Continuamos a jogar e aprendemos nossos papéis. Mas por dentro somos outros. Não somos apenas personagens. Sem dúvida, isso que nos ocupa também nos despoja de um reino de luz do qual só temos vagas impressões. Porém, contos de fadas, lendas e filosofias falam conosco de uma maneira especial. Cada um de nós é um rei sem país. Somos jogados de um lado para o outro em alto mar. E então, a terra aparece. Um pensamento emerge. Quanto o sol interior participa das coisas do mundo, até mesmo em sua escuridão! Ele brilha na ternura de uma flor, no sorriso de uma pessoa, no canto de um pássaro. Mas também pode brilhar de olhos fechados... e então os olhos começam a se abrir.A luz interior pode brilhar pelo sofrimento, tristeza, dor e erro. Ela cria sabedoria, discernimento, bondade... Sem nós, isso não pode ser realizado. Estamos preparados e devemos cooperar em nossa transformação. Espera-se que transformemos o peso em leveza. Isso pode ser feito na ...
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  • #177 Conduzido pelas asas suaves da serenidade
    2025/05/29
    CONDUZIDO PELAS ASAS SUAVES DA SERENIDADEAtualmente, encontramos motivos para não estarmos alegres nos jornais diários, em programas de entrevistas, postagens na Internet e em nosso cotidiano.Se caminharmos pelas ruas de qualquer grande cidade, passaremos por ombros caídos, bonés abaixados, rostos vazios ou que expressam o vazio ou um desespero silenciado.Será que tantas pessoas perderam o sorriso? O autor do livro Sobre a serenidade em tempos difíceis escreve que sorrir tem um efeito interior e um efeito exterior. “Ele anima a pessoa que sorri e quem recebe o sorriso. (...) O sorriso entra no mundo e viaja longe, em uma reação em cadeia. Só precisamos começar.”Um artigo de 2015 de um jornal alemão assim resume a crise atual:É difícil dizer se o negativo e o ameaçador, o pessimismo e a misantropia já prevaleceram. Uma coisa parece certa, porém: a escuridão já avançou tanto que se tornou uma força dominante contra a qual o poder subversivo da confiança deve ser direcionado.Mas como podemos adquirir essa confiança, essa força interior?Há pessoas que mantiveram a sua liberdade interior e dignidade humana, e também se elevaram muito acima de si mesmas, no meio dos maiores desafios internos e externos. O sobrevivente dos campos de concentração Viktor Frankl é um exemplo.É inacreditável como pessoas em situações de vida assustadoras ainda consigam demonstrar bom humor. Alguns prisioneiros britânicos em um campo de guerra nazista zombavam sutilmente de suas condições, tornando o cativeiro relativamente suportável.O humor pode ser uma arma contra as aflições da nossa existência. Essa capacidade atesta que o homem possui uma liberdade interior que o eleva acima de todo sofrimento, segundo o autor do ensaio sobre O Sublime.Para ter serenidade em circunstâncias adversas é preciso distanciamento das nossas expectativas.Serenidade tem a ver com desapego. É semelhante ao perdão, que não guarda rancor. Isso não tem relação com aceitar a injustiça ou negar a dor. Serenidade é um estado de graça que anda de mãos dadas com a gentileza e a sabedoria.Mas deveríamos sempre flutuar pela vida cotidiana sorrindo serenamente e gratificando nossos semelhantes com uma presença radiante?Não se trata disso.A verdadeira serenidade não pode se basear na supressão de sentimentos opostos. O poeta alemão Christian Morgenstern, ao escrever sobre termos o máximo de felicidade possível, provoca uma reflexão:E se a felicidade só fosse possível em um coração amadurecido pelo prazer e pela dor?Nossas experiências dolorosas podem nos levar a refletirmos sobre nós mesmos e a vida em geral. Provavelmente é preciso termos sofrido para liberarmos a compaixão, a sabedoria e a serenidade de sua prisão dentro de nós.Nem todos precisam experimentar duros golpes do destino para isso, mas o místico medieval Mestre Eckhart traz uma verdade: “O sofrimento é o cavalo mais rápido para a perfeição”.Como podemos alcançar o equilíbrio que nos permite a alegria? Para os antigos gregos, uma vida harmoniosa só pode ser alcançada em harmonia com uma ordem mundial divina, quando nos experimentamos como parte da abundância do infinito. Wilhelm Schmid diz ser “muito fácil imaginar que abrir a vida a uma dimensão de transcendência que vai além dos limites da vida finita é a contribuição essencial para alcançar uma vida plena...”Tais insights ajudam, mas é importante não os reconhecer apenas racionalmente. Observamos que as pessoas sofrem ao invés de mudarem seus padrões habituais de pensamento e sentimentos. Pesquisas modernas atribuem isso às vias neurais no cérebro, que nos viciam em uma dose tóxica habitual de negatividade.A boa notícia é que podemos criar novos caminhos neurais no cérebro. Nosso coração é a chave quando ele finalmente se abre e, com amor e alegria, desempenha seu papel nos processos de renovação.Quando nos dispomos a abandonar o nível familiar da realidade, as coisas se dissolvem em serenidade. Se passarmos seriamente por um processo de transformação mental e espiritual, o sofrimento se transforma em alegria, alegria como nosso direito de nascença, algo inerente ao nosso ser. A palavra alemã para alegria e serenidade era originalmente um termo que descrevia a luz do céu. Luz, cor e som são manifestações do nosso ser celestial.Nas asas suaves desta vibração celestial, podemos alçar voo e ter uma visão panorâmica de nossas vidas e da atividade humana, com toda a compaixão, o que é enormemente libertador!Já não se trata tanto de lidar com a gravidade da vida, mas de transformá-la com outros que também estão aprendendo a “voar”.A alegre serenidade ilumina a escuridão e mostra a saída. Ela conduz da dor e tristeza da separação para a alegria de se estar conectado à fonte curadora e sagrada de todos os seres.Imagem: water-Bild von Slaghuis auf Pixabay CCO
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  • #176 O girassol amigável
    2025/05/29
    O GIRASSOL AMIGÁVELNuma certa manhã ensolarada, vi-me em um caminho que nunca havia percorrido antes.Deparei-me com uma casa de jardim grande e bem cuidado, onde se destacava um canteiro circular com muitas rosas diferentes e um girassol bem alto ao lado da cerca. Devia ter uns dois metros. Sua flor grande e pesada inclinava-se sobre a cerca, como uma lâmpada pendendo de um arco.Parei para observar o miolo do girassol, e ele parecia olhar de volta para mim.Sua flor era linda e brilhava como o sol. Admirei as sementes, organizadas em fileiras harmoniosas.Disse em voz alta a pergunta que me intrigava:— Como você criou essa perfeição? Gostaria de entender esse enigma, pois sinto que ele também contém uma resposta para mim.— Muitas pessoas param quando me veem — respondeu o girassol, para minha surpresa. — A disposição das fileiras de minhas sementes as faz pensar.— Sou uma dessas pessoas! — respondi. — Como você consegue tanta precisão? — Não sei ao certo— disse ele — mas tenho um pentágono de nascença. A resposta incitou ainda mais minha curiosidade:— Um pentágono? O que isso tem a ver com a ordem de suas sementes?— O pentágono se coloca no centro quando as sementes querem se formar.— E como as espirais são criadas? Você mapeia a órbita do sol com as espirais?— Não, as espirais são formadas à noite.Questionei se o girassol observava as distantes nebulosas espirais nesse processo.— Pode ser que sim. Quando as fileiras de sementes começam a se organizar, eu me arrepio profundamente e fico infinitamente feliz. Tenho a sensação de que, no início, elas dançam umas em volta das outras e depois, lentamente, encontram seu lugar.Após uma pausa, o girassol perguntou:— O que você recebeu pelo seu nascimento? — Não sei se ganhei algum presente...— Recebeu, todos os seres ganham algo! As flores, as árvores, os animais, os pássaros, os insetos, as pedras... Todos ganham algo especial. Ouvi dizer que os humanos receberam o máximo de tudo. Vocês podem ver, ouvir, sentir, agir, andar — e dizem que até são capazes de pensar. Não sei o que é isso, mas deve ser algo maravilhoso.Fiquei parado. Será que realmente um girassol está falando comigo, ou é minha imaginação? Como é possível que a imagem de uma nebulosa espiral se repita nas fileiras de sementes de uma flor?Envolvido como estava, sentei-me no chão para continuar a conversa. — Os humanos conseguem entender como o mundo surgiu?— Sim, os cientistas calcularam que, há cerca de 14 bilhões de anos, houve uma explosão que deu origem ao mundo que conhecemos hoje.O girassol riu alto:— Você está brincando! Nunca tinha ouvido que o mundo inteiro foi criado por um estrondo. Realmente é muito engraçado! E rir é maravilhoso!Quando o girassol se acalmou, explicou que estava rindo pela primeira vez. Logo emendou outra pergunta:— Mas você não estava falando sério quando mencionou esse estrondo, estava?— Sim, é isso que ensinam nas escolas.— As crianças não perguntam o que aconteceu antes da explosão?— Essa é geralmente a primeira pergunta e, até onde sei, não há resposta satisfatória para ela, apenas teorias evasivas.— Ninguém falou aos cientistas sobre Deus, o criador do universo? — ele perguntou.— Ah, sim, mas a maioria deles rejeita a crença em Deus. E se um cientista falar sobre Deus como uma força criativa, poderá sofrer bullying.— Oh... Eu achava que vocês eram as criaturas mais elevadas, nobres e sábias do mundo... E agora você diz que muitas pessoas não acreditam em Deus. Todas as criaturas, desde o menor besouro até a maior águia, sabem do Criador em cada célula de seus corpos. Não acreditar em Deus deve ser muito triste! Um momento atrás eu estava tremendo de rir e agora estou mais triste do que jamais estive. Como é possível algo assim?Expliquei ao girassol que a maioria das pessoas não tem essa atitude, mas é comum negarem publicamente que acreditam em Deus, mesmo que admitam isso em conversas particulares.— Talvez vocês, humanos, precisem passar por alguma escuridão para sentirem falta do Pai e depois ansiarem por Ele... Talvez...Uma voz forte nos interrompe:— Gosta do meu girassol, senhor? É um espécime esplêndido, não é? Estou orgulhoso dele!Assusto-me — nem tinha ouvido o proprietário se aproximar. — Er... sim... é grande... realmente um bom... parabéns!Eu me recomponho.— Sabe, sou biólogo aposentado e cultivo girassóis desde criança. Tenho grande prazer em vê-los crescer tão altos a partir de uma pequena semente. Você sabe qual é o segredo da disposição das sementes? As 34 fileiras voltadas para a direita e as 55 para a esquerda seguem a frequência de Fibonacci. Já ouviu falar disso? Os dois números anteriores são sempre somados para formar o novo número. Um mais dois é igual a 3. ...
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  • #175 Mestre Nasrudin
    2025/04/30
    Nasrudin é o ser humano que, por um lado, tem consciência de sua origem no Eterno e, portanto, acessa a sabedoria original. Por outro lado, sente-se parte dessa natureza transitória, com suas falhas e fraquezas. MESTRE NASRUDIN – TOLO OU SÁBIO? As anedotas de Mulá ou Mestre Nasrudin têm um nível profundo. Rimos das histórias e nos divertimos com a tolice e simplicidade dos personagens até percebermos que também estamos rindo de nós mesmos.Uma delas é esta pequena conversa:“Quantos anos você tem, Mestre?”“Quarenta.”“Mas você disse a mesma coisa quando perguntei há dois anos.”“Sim, porque eu sempre mantenho o que digo.” É só uma brincadeira? No mundo ocidental, provavelmente veríamos assim. Porém, no Oriente, e especialmente no Sufismo, é muito diferente. Lá, esses contos são frequentemente usados ​​como ensinamentos.Uma figura particularmente popular nessas histórias é Mulá Nasrudin (mulá significa mestre). É um personagem célebre que aparece em todo o mundo árabe, persa e centro-asiático. Quase todos os muçulmanos entre Marrakech e Pequim conhecem suas anedotas.Na capa de um dos livros de Idries Shah com as anedotas de Mulá Nasrudin - que em português foi traduzido como As Extraordinárias Histórias Do Sábio Nasrudin - lê-se:Ele é um sorridente Mestre da sabedoria e a figura mais cativante da literatura mundial. São histórias humorísticas e enigmáticas sobre as mais belas loucuras do grande mestre da espiritualidade oculta que, em um piscar de olhos, erguem um espelho para o leitor – e assim abrem seus olhos para o essencial. [i]Na pequena história citada acima, descobrimos uma pessoa que está presa no passado e não consegue reagir ao presente. Ela perde a verdade do momento porque não consegue se libertar de pontos de vista que há muito se tornaram obsoletos.Todas as anedotas de Nasrudin têm esse nível mais profundo. Rimos delas, da tolice e da simplicidade dos outros, até percebermos que também estamos rindo da nossa própria tolice.Se conseguimos reagir a elas com alegria, é um sinal de que pelo menos somos capazes de nos olharmos com algum distanciamento. Não nos levamos mais tão a sério, admitimos que cometemos erros e não somos perfeitos.Uma pessoa que persegue seus objetivos egocêntricos com muita ambição geralmente não tem senso de humor. Ela precisa reagir com raiva e resistência quando alguém lhe mostra um espelho.Tomemos dos sufis a simbologia do burro. Para eles, este animal simboliza o ego teimoso que quer fazer valer sua própria vontade e muitas vezes não faz o que seu mestre deseja.Entretanto, não faz sentido matar esse ego, pois precisamos dele para existir neste mundo.Há uma história que evidencia isso:Mulá Nasrudin diz ao vizinho que está tentando impedir seu burro de comer. Ele diz:“Imagine o quanto se pode economizar fazendo isso. Em breve, serei um homem rico.”Depois de alguns dias, os dois se encontram na rua novamente. O vizinho pergunta:“E aí, Mulá? Você já impediu seu burro de comer?”“Ah, eu tive muito azar" - Mulá respondeu. "Logo quando pegou o jeito, ele morreu."Há muitas histórias de Mulá Nasrudin com burros nas quais muitas das peculiaridades do nosso ego se tornam visíveis.Em outra delas, Nasrudin está montado em seu burro com o corpo e rosto voltados para a garupa. Os aldeões o observam com curiosidade."Mas Mulá, por que você está cavalgando seu burro na direção errada?" – um aldeão pergunta.Mulá Nasrudin responde:"Você está errado! Estou cavalgando na direção certa. O burro está indo na direção errada."Se analisarmos esta história do ponto de vista do que foi dito, vemos que – ao contrário do que parece – é o nosso ego que está no caminho errado. Nosso ser espiritual interior, o Mulá, o Mestre, sempre olha na direção certa.É por isso que o peregrino espiritual apresenta frequentemente um comportamento paradoxal,recebido com incompreensão e suspeita pelos outros.Pelo mesmo motivo, monges que optam por uma vida de pobreza (conhecidos por dervixes) são sempre tidos como tolos, mas não se importam com o que os outros pensam. Fazem o que o espírito lhes diz para fazer a qualquer momento, independente do quão absurdo isso possa parecer à primeira vista.Uma história de Nasrudin como mendigo deixa isso claro:Nos dias de mercado, Nasrudin costumava ficar na porta da mesquita para pedir esmolas, mas sempre que as pessoas lhe davam a escolha entre uma moeda de maior valor ou outra de menor valor, ele ficava com a que valia menos.Após observarem isso por um tempo, perguntaram-lhe:"Mulá, por que você não pega a moeda que vale mais? Assim, você ganhará o dobro em menos tempo."“Isso pode ser verdade”, disse Nasrudin, "mas se eu pegar a moeda mais valiosa sempre, as pessoas vão parar de me dar qualquer coisa. Na verdade, elas querem provar que sou mais louco que elas. E então não me restaria nenhum dinheiro”.Os processos ...
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