
Falo demais e me arrependo: O drama do sincericídio | Desculpa o Transtorno #04 com Christian Dunker
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このコンテンツについて
Desculpa o Transtorno é um exercício em que a escritora Tati Bernardi e o psicanalista Christian Dunker encenam uma situação de supervisão lendo relatos anônimos.
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Tati Bernardi @tatibernardi
Christian Dunker @chrisdunker
Contato e parcerias
canaldatatibernardi@gmail.com
Carta:
Olá, Tati e Dunker.
Tenho 40 anos e sou casado, sem filhos. Me considero um homem sensível e inteligente. Tenho uma excelente relação com minha esposa. Fiz análise durante 1 ano, mas por problemas financeiros, tive que interromper o tratamento. Sinto que após a análise passei a falar muito abertamente sobre meus problemas, o que não seria problema algum, no entanto, percebo que não respeito muito o contexto, sempre superestimando a intimidade que tenho com as pessoas.
Sempre fui uma pessoa muito passional, emotiva e impulsiva, mas sinto que no último ano passei a me afeiçoar muito rapidamente pelas pessoas, basicamente por qualquer um que me dê um pouco de atenção. De assuntos antes recalcados, agora falo sobre eles com uma facilidade que não respeita os ambientes.
Por exemplo, sou capaz de falar sobre abusos sofridos na infância, compulsão sexual, agressividade, pensamentos dos mais vergonhosos, alguns explícitos, na fila do pão, para o caixa do supermercado, na fila do cinema, sempre que tenho a oportunidade. Sinto, no fundo, que estou clamando por atenção. Uma necessidade muito grande de compaixão, de mostrar minha inteligência, meu suposto bom humor, meu valor. Ao final das minhas conversas sempre sinto que deixei as pessoas boquiabertas com o excesso de informação, graças ao meu sincericídio.
Sim, estão certos se pensam tratar-se de uma projeção da falta de carinho e atenção dos pais na infância. Meus pais perderam meu irmão para o câncer com 8 anos quando eu tinha apenas 4 anos, e sinto que durante o luto deles, fiquei um pouco escanteado.
Essa questão de falar sobre assuntos bem pessoais para qualquer pessoa, principalmente os mais próximos, é recente. Antes era uma pessoa agressiva e impulsiva, simplesmente. Após a análise minha agressividade abaixou, até demais, parece ter se deslocado para a carência. Sempre fico com a sensação de que falei demais. Falo também dos outros, meio que metido a analista, às vezes.
Por favor, me ajudem a pensar melhor sobre isso, não quero ser aquela pessoa super sincera, que não respeita o ambiente, o contexto, o momento e a própria intimidade com as pessoas. Como fui muito sincero com minha analista e sou com minha esposa, falo sobre tudo, acho que todos estão dispostos a me ouvir, me dar atenção e ter pena de mim. Ajude esse recém-sincerão dependente da opinião e empatia das pessoas.
Assinado, o “sincerão dependente”
Participe do Desculpa o Transtorno
Envie sua carta anônima para: dotranstorno@gmail.com
Produção
Zamunda Studio