""Quem nunca pecou que atire a primeira pedra"", disse Jesus na Bíblia. Dependendo da intenção de quem a jogasse, este também seria considerado um pecador. Se lançasse a pedra com raiva, certamente teria agido com Ira. Se sentisse prazer com o ato, cairia na Luxúria. Se a pedrada fosse por causa de uma dívida, seria um gesto de Cobiça. Se fosse para ficar com os bens da vítima, seria Inveja. Se fosse para aparecer perante os outros, olha aí a Vaidade. Se precisasse beber para tomar coragem, cometeria a Gula. Finalmente, quem chegasse atrasado ao apedrejamento, assim mesmo pecaria por ter cedido à Preguiça.

Evitar os sete pecados capitais não é uma tarefa fácil, dada a marca que têm deixado na nossa trajetória. Saber como eles influenciaram a História, como foram criados e modificados ao longo do tempo, é entender onde estamos e aonde queremos chegar.

Dos templos pagãos da Grécia aos falsos pudores medievais; dos encantos dos portugueses pelas índias às revoluções sexuais dos tempos modernos, deixemos os pudores de lado para mergulhar na Luxúria, talvez o mais tentador de todos os pecados.

Sobre o autor: Maurício Horta é jornalista formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo. Colaborou para diversas publicações, como o jornal Folha de São Paulo e a revista Superinteressante, pela qual publicou os livros Mitologia, Como as pessoas funcionam e O lado bom dos seus problemas.