
Lygia Pape ganha 1ª exposição individual na França com obras emblemáticas do neoconcretismo
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De 10 de setembro de 2025 a 26 de janeiro de 2026, a Bourse de Commerce, sede da prestigiosa coleção Pinault em Paris, apresenta a primeira exposição individual de Lygia Pape (1927–2004) em solo francês. Intitulada Lygia Pape, Tecer o Espaço (Tisser L'Espace, no original), a mostra é um tributo à artista que, ao lado de Lygia Clark e Hélio Oiticica, redefiniu os rumos da arte brasileira no século 20.
A exposição é realizada no contexto da Temporada Cultural Cruzada Brasil-França 2025 e marca um momento decisivo na recepção internacional da obra de Pape, uma das signatárias do Manifesto Neoconcreto, de 1959 no Brasil. Junto com Lygia Clark e Hélio Oiticica, ela pertenceu ao Grupo Frente, bastião do concretismo no Rio de Janeiro. Em 1957, acabou de aproximando do neoconcretismo, criando trabalhos icônicos que reformularam preceitos e horizontes das artes visuais brasileiras, influenciando gerações de criadores.
Com curadoria de Emma Lavigne — diretora e conservadora geral da coleção Pinault — em colaboração com Alexandra Bordes e o Projeto Lygia Pape, a mostra articula obras fundamentais da artista, desde suas gravuras abstratas iniciais até instalações luminosas e filmes experimentais.
No coração da exposição está Ttéia 1, C (2003/2025), uma instalação feita com fios de cobre tensionados no espaço, que mergulha o visitante numa experiência sensorial profunda. “Nosso corpo está ativo, nosso olhar desempenha um papel quase cinético”, observa Emma Lavigne. A obra se transforma conforme a luz e o movimento do visitante, encarnando o conceito de “tecer o espaço” que dá título à mostra. Para Lavigne, essa peça emblemática “explode completamente a ideia do cubo, da geometria, e redefine a relação entre obra e público”.
"Essa exposição está sendo, para mim, uma coroação de sua obra", disse à RFI na abertura da mostra em Paris a filha da artista, Paula Pape, que administra seu legado. "Desde que a minha mãe faleceu, ela me deu uma missão: resguardar sua obra e divulgá-la através do Projeto Lygia Pape", conta.
"A Lygia gostava muito da França, gostava muito dos franceses. Então eu acho que faltava uma exposição desse nível em Paris. Acho que quem não conhecia tanto o trabalho da Lygia está tendo agora a oportunidade de conhecer", sublinhou.
Além de Ttéia, a exposição apresenta o majestoso Livro da Noite e do Dia III (1963–1976), composto por 365 pequenos quadros que evocam o tempo e sua passagem, e a performance coletiva O Divisor, em que os corpos dos participantes ativam o espaço, tornando-o sensível e vivo. “Queríamos ativar essa dimensão performativa e meditativa da obra de Lygia”, explica Lavigne, destacando o engajamento da artista com "o espaço público" e a transformação social.
A mostra na sede da coleção Pinault também apresenta filmes experimentais raramente exibidos, que revelam o olhar de Pape sobre o tempo, o ritmo e a abstração. Imersos no contexto político do Brasil, esses filmes reforçam sua busca por uma arte que ultrapassa o objeto e se inscreve na experiência.
Nascida em Nova Friburgo e morta no Rio de Janeiro, Lygia Pape foi uma figura central da vanguarda brasileira. Sua obra, impregnada pelo contexto político do Brasil, rompe com a ideia da arte como objeto acabado. “Ela reinventou completamente a relação entre o artista, sua autoridade e o espectador”, afirma Lavigne.
A curadora lembra que Pape desejava que seu nome quase desaparecesse, para que a experiência artística fosse apropriada pelo público, e cita uma frase atribuída a Pape, gravada na entrada da mostra em Paris: “Como vocês veem, tudo está ligado. A obra de arte não existe como objeto finalizado, mas como algo sempre presente, permanente dentro dos indivíduos”, dizia a artista.
A coleção Pinault, que abriga essa exposição na capital francesa, é uma das mais influentes coleções privadas de arte contemporânea da Europa. Fundada pelo empresário François Pinault, ela reúne obras de artistas consagrados e emergentes, e tem se destacado por sua programação ousada e internacional. A escolha de Lygia Pape para uma mostra individual na Bourse de Commerce é um reconhecimento de seu lugar incontornável na história da arte global.
Com Tecer o Espaço, Lygia Pape ganha finalmente o espaço que lhe é devido na cena artística francesa — não como uma artista exótica ou periférica, mas como "uma pensadora radical da forma, do tempo e da experiência estética", diz a comissária francesa. “Ela tem uma prática tão rica, tão complexa, que ultrapassa a questão do objeto de arte em sua finitude”, conclui Emma Lavigne.