Ester Cristina de Lemos Sabino (Ezter Liu) é escritora, poeta e professora, nascida no Recife e radicada em Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco, desde a infância. Graduada em Letras, iniciou sua trajetória literária em 2005, com publicações em diversas coletâneas regionais e estaduais que já revelavam sua sensibilidade e domínio da linguagem poética.Em 2015, lançou seu primeiro livro autoral, Vermelho Alcalino, pela Porta Aberta Editora Independente, marcando sua entrada definitiva no cenário literário pernambucano. Dois anos depois, alcançou um feito histórico ao vencer o Prêmio Pernambuco de Literatura 2017 com o livro Das tripas coração, tornando-se a primeira mulher a conquistar a maior honraria da literatura no estado — reconhecimento que consolidou sua voz como uma das mais potentes da nova geração de escritoras nordestinas.Em 2021, publicou Breves Fogueiras, seu terceiro livro, reunindo 60 minicontos que transitam entre realidade e ficção, com narrativas breves, poéticas e reflexivas sobre o Brasil contemporâneo. A obra reafirma a escrita aguda e sensível de Ezter Liu, marcada pela observação crítica dos contextos sociais, políticos e humanos que atravessam o país.Entre prosa e poesia, sua literatura se destaca por mesclar lirismo e contundência, revelando as dores, afetos e resistências do cotidiano feminino e popular nordestino. Com uma escrita que combina delicadeza e força, Ezter Liu é uma das vozes fundamentais da literatura produzida na Zona da Mata de Pernambuco.

Juçara Ribeiro Arruda Queiroga de Andrade é coreógrafa, dançarina popular e produtora cultural, natural de Vicência, na Zona da Mata Norte de Pernambuco. Criadora e gestora da Cabocla Produção, Juçara construiu uma trajetória marcada pelo compromisso com a valorização das tradições populares e pela articulação de projetos culturais voltados à formação, à memória e à sustentabilidade da cultura local.Desde a infância, atua no universo da cultura popular, integrando grupos tradicionais da região e vivenciando expressões como o maracatu rural, a ciranda e o coco. Essa vivência direta com os mestres e brincantes da Mata Norte moldou seu olhar artístico e sua atuação como produtora, ampliando sua compreensão sobre o papel transformador da arte nos territórios.À frente da Cabocla Produção, Juçara desenvolve projetos em múltiplas linguagens — dança, teatro, música e patrimônio histórico — com foco na formação cultural e no fortalecimento das comunidades rurais. Um dos espaços centrais de sua atuação é o Museu Poço Comprido, localizado na zona rural de Vicência, onde coordena ações de formação, oficinas e intercâmbio cultural voltadas à educação patrimonial e à preservação das tradições locais.Além da gestão de projetos, Juçara atua na produção executiva de artistas, na elaboração e consultoria de propostas para editais culturais e na circulação de espetáculos e mostras que promovem o protagonismo feminino e popular na arte.Com sensibilidade e firmeza, Juçara Queiroga reafirma a força das mulheres na cultura da Zona da Mata, unindo ancestralidade, dança e gestão cultural como caminhos de resistência, criação e continuidade das tradições.

No podcast Nossa História, Nossa Memória, seguimos apresentando mulheres que transformam saberes em memória viva e resistência cultural.Nossa convidada é Silvia Cecília Gouveia da Silva, integrante do Grupo Quilombolas de São Lourenço, em Goiana. Sua trajetória se mistura à luta das mulheres do quilombo, que em 2011 se uniram para criar um coletivo de artesãs e marisqueiras.Todas registradas como marisqueiras, elas encontraram no artesanato não só uma fonte de renda, mas também uma forma de expressar a vida cotidiana, de contar histórias através das mãos. Inspiradas nas redes de pesca artesanais, elas dão pontos com linhas coloridas que enlaçam conchas de mariscos, transformando o que antes era pilha descartada em peças cheias de beleza e significado.Cada acessório criado pelas mulheres do Quilombo de São Lourenço carrega a marca da comunidade: a força do trabalho coletivo, a relação com o rio, a tradição passada de geração em geração. Nas formas e cores do artesanato, está registrado o modo como essas mulheres enxergam e celebram o ambiente em que vivem.Silvia, junto com o grupo, mostra que cada ponto, cada concha e cada rede tecida é também uma forma de preservar a memória e afirmar a identidade quilombola.

O podcast Nossa História, Nossa Memória segue destacando as mulheres que fazem da cultura popular da Zona da Mata Norte um espaço de resistência e orgulho.Nossa convidada é Denise Maria José, natural de Nazaré da Mata, a Capital Estadual do Maracatu Rural. Desde criança, ela aprendeu a admirar o som dos tambores e a beleza dos cortejos. Em 2006, essa admiração virou prática: Denise entrou no maracatu e passou a viver de perto a tradição.Hoje, ela é cabocla de lança no Maracatu Feminino Coração Nazareno, uma nação formada só por mulheres. No grupo, Denise carrega a força e a coragem das brincantes e ainda encontrou espaço para desenvolver outro talento: o artesanato. É ela quem confecciona os chapéus usados pelas caboclas nas apresentações, peças cheias de cor e significado.Mas a sua atuação não para aí. Na Associação das Mulheres de Nazaré da Mata (AMUNAM), Denise também é musicista em um grupo de coco formado apenas por mulheres. O interesse pela música a levou a explorar outros ritmos, e hoje ela também se destaca na ciranda, reforçando a presença feminina nos palcos da cultura popular.Orgulhosa de representar as mulheres do maracatu e da música, Denise mostra que tradição e criatividade caminham juntas quando a cultura é vivida com paixão.

Em Tracunhaém, terra de barro, ritmo e tradição, a cultura popular ganha corpo e voz nas mãos de duas mulheres que vivem o coco como herança e resistência: Mestra Gel do Coco e sua mãe, Maria do Coco. Neste episódio, a jornalista Josi Marinho conversa com mãe e filha sobre a força feminina que mantém viva uma das manifestações mais pulsantes da Zona da Mata Norte de Pernambuco.Gel cresceu entre o maracatu rural e o coco de roda, até criar, com coragem e emoção, o grupo Coco Panela de Barro, formado por mulheres e batizado em homenagem à tradição oleira de sua cidade. Na conversa, ela relembra como superou o medo de liderar, assumindo o papel de mestra, e como a presença de sua mãe, Maria do Coco, foi fundamental nesse caminho.Maria, reconhecida como compositora e guardiã das canções originais do grupo, fala sobre a importância de transmitir o coco para as novas gerações e sobre a alegria de ver o legado familiar continuar. Entre risos, versos e batidas de tamancos, mãe e filha celebram a força ancestral das mulheres da cultura popular — provando que o coco é mais do que dança: é vida, memória e resistência.

o podcast Nossa História, Nossa Memória abre espaço para falar de uma das maiores riquezas da nossa região: o maracatu rural, tradição que guarda poesia, resistência e identidade do povo da Zona da Mata Norte.Para essa conversa, recebemos Cristiane Maria de Oliveira Silveira, que muitos conhecem como Mestra Cristiane Mota. Ela é professora e mestra do Maracatu Coração Nazareno, em Nazaré da Mata, um cortejo formado só por mulheres e que se tornou símbolo da presença feminina na cultura popular.Cristiane cresceu em Vicência, no meio da poesia dos violeiros que se reuniam na casa do pai, e desde cedo aprendeu a valorizar o poder da palavra. Na sala de aula, sempre buscou ensinar de forma criativa, usando versos e cantorias para aproximar os alunos da cultura.Sua história com o maracatu ganhou mais força a partir de uma pesquisa acadêmica e de um trabalho escolar que resultou na criação do Maracatu Estrela da Jacy, um grupo de crianças e adolescentes que nasceu em sala de aula e se transformou em referência no município.Mestra Cristiane também já teve passagem pelo Maracatu Feminino de Baque Solto Coração Nazareno, grupo o qual ela contribui para levar adiante a mensagem de que a cultura é também lugar de mulheres, de luta e de memória viva.

Rosemary de Lemos Sabino (Mery Lemos) é produtora cultural, gestora de projetos e realizadora audiovisual, natural de Carpina, Zona da Mata Norte de Pernambuco. À frente da Anilina Produções Criativas, Mery construiu uma trajetória marcada pela pluralidade e pela atuação em diferentes linguagens artísticas, com destaque para a música, o cinema e a formação cultural.Com ampla experiência em produção musical, já coordenou a gravação de discos, shows e festivais, além de atuar no agenciamento de artistas pernambucanos, como o compositor e multi-instrumentista Juliano Holanda, o trio Wassab e a Mostra Reverbo, voltada à cena autoral contemporânea.Sua carreira inclui passagens por importantes eventos culturais, como a Mostra Internacional de Música de Olinda (MIMO), onde integrou a equipe de produção em diversas edições, e o Festival do Caribe, realizado em Santiago de Cuba, em 2008 e 2010. Mery também foi curadora do NUVEM Festival e idealizou projetos que conectam culturas e territórios, como Sanfona de Lá, Sanfona de Cá e Capibaribe de La Plata, este último articulando artistas do Recife e de Buenos Aires.No audiovisual, dirigiu os curtas-metragens Painho e o Trem e Geisiely com Y, obras que evidenciam seu olhar sensível sobre as identidades, afetos e histórias da cultura popular nordestina. Atualmente, atua como coordenadora de produção da Mostra Canavial de Cinema e do projeto Engenho de Imagens, voltado à formação e à difusão do audiovisual na Zona da Mata.Com uma trajetória sólida e criativa, Mery Lemos é referência na produção cultural independente de Pernambuco, articulando arte, gestão e afeto em projetos que fortalecem as redes culturais do estado e ampliam o protagonismo feminino na cena criativa.

Olha só, nesse episódio do nosso podcast a gente recebe Edriane Cruz Barbosa de Melo, professora de Matemática e pós-graduada em Educação Intercultural e Decolonizante. Ela vive há 35 anos no Quilombo de Trigueiros, em Vicência, e já foi presidente da associação local, que funciona na antiga casa-grande da comunidade.Durante a conversa, Edriane fala sobre sua trajetória de liderança e sobre como tem se dedicado a fortalecer as atividades culturais da comunidade: capoeira, maracatu, bumba meu boi e o som do sanfoneiro. Ela também conta do trabalho de pesquisa que realizou sobre o dialeto local e das iniciativas para preservar a memória e a história do Quilombo Trigueiros, onde vivem mais de 300 famílias.E tem um detalhe simbólico: logo na entrada da comunidade, quem chega é recebido por uma imagem de Zumbi dos Palmares em azulejos, lembrando a luta e a resistência que marcam aquele território.Então, se você quer conhecer mais de perto a vida, a cultura e a força de uma mulher quilombola que tem feito a diferença, fica com a gente nesse episódio.