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O que de mim ainda está comigo?

O que de mim ainda está comigo?

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Um pouco sobre não se reconhecer e qual a permanência da essência do ser.



Escrita: Sou Agora (O que de mim ainda está comigo?)

Autora: Maria



O que de mim ainda está comigo?

Como se o tempo passando como vagões me fizesse esquecer entre o barulho dos trilhos

Eu me perdesse por esquecer quem eu sou mesmo que ser seja uma mudança constante

Como se perde quando se é?

Culpo o que não tem culpa mas talvez todas as perdas me levaram para nunca mais

Quem permanece aqui se não um ser estrangeiro frente a um futuro fadado pelo tempo de passar e passar e continuar de passagem

Uma luta que se sobrevive de fragmentos que até mesmo conhecido as vezes desconectados e logo perco o sentido

Sentido de que afinal?

Sentido na alma daquele que caminha porque de todas as tentativas sobrou esta

Um corpo em movimento que vai contra o que acredita se esquecendo de admirar o caminho já que está tão virado para dentro que fora não enxerga

Fadado a cair em todas as suas escolhas

Afinal olhar para dentro em procura do que sou ou do que resta me faz perder-me no tempo que não para

Cada vez sem mais respostas me perco no abismo do meu ser sem saber de posso chamar de “meu”

E se pelo vislumbre olho para fora meus olhos não são capazes de admirar as paisagens já que os olhos estavam por muito tempo acostumados com o escuro

Talvez dentro tenha luz mas não sei se me encontro ou me perco nas sombras que a luz provoca e me contendo achando ser verdade

Espertos são os malucos e doidos e dessa loucura eu bebo porque frente a toda a procura da vida em minha direção não se passa de ilusão e fantasia

Na minha loucura encontro maiores momentos de sanidade e aí talvez e só talvez eu fique de frente com quem eu mais sou

Por entre as sombras da luz saio da caverna do fantasiatico ser e olho para o sol para a lua as estrelas e para mim

Noto que o mundo é grande e maior são suas complicações e eu nunca fui boa em tornar as coisas simples

Na minha loucura eu noto a sanidade excessiva que faz tudo ser questionado quando na verdade o que há de mim em mim é o fato de que mesmo prisioneira do tempo me encontrar no agora

Sem passado com futuro sem futuro com passado pouco importa mesmo que a memória falha tente se lembrar

O que há de mim em mim é a minha maior loucura de parar e esquecer do ponteiro do relógio

Nunca deixarei de ser enquanto eu conseguir rasgar o tecido temporal e ficar cara a cara com o agora

Afinal agora, eu estou aqui.

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