Niilismo Miguxo #8 - Sonhos e Imaginação como Força de Criação do Real - Composição Ativa
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Sonhos e inconsciente, a natureza em nós como realidade imanente. Migas e migus pré-algorítmicos, seguimos com Nietzsche, Bergson e a filosofia da diferença para ultrapassar o niilismo negativo e chegar naquele ponto em que começamos a criar modos de existência. Mas e os sonhos? E esse inconsciente que parece mágico? Para onde você vai quando dorme?
Vem daí a ligação entre ficções que prendem o pensamento e essa imaginação que muitas vezes confundimos com realidade. No último vídeo falamos da confusão entre tempo e espaço como se fossem uma coisa só, quando na verdade há duas realidades distintas: a da matéria estática e a da vida em duração. Tudo o que percebemos se acumula na passagem do tempo e faz a gente mudar de natureza. Nada está parado. Os cortes bruscos que parecem surgir do nada são efeitos de mudanças que já estavam acontecendo.
E então chegamos aos sonhos. O que eles são? O virtual, o inconsciente, essa zona da nossa existência que muitos tratam como sobrenatural. A resposta curta é que nada disso está fora da nossa própria imaginação fixada. Nietzsche, em Humano Demasiado Humano, diz que o sonho foi a origem de toda crença em mundos superiores. A má compreensão do sonho criou a metafísica, essa separação entre um mundo verdadeiro e um mundo sensível que sentimos.
Nietzsche explica que no sonho continuamos percebendo o corpo. O sistema nervoso segue ativo, órgãos liberam substâncias, sensações continuam chegando. A mente interpreta essas sensações e cria imagens para justificar o que o corpo sente. A lógica do sonho é essa máquina de associações. A inteligência não para. Bergson diz que mesmo adormecido continuamos raciocinando. A mente interpreta sensações captadas no corpo e liga ideias a ideias. Estamos sempre trabalhando por dentro.
Bergson aprofunda isso falando da diferença entre sonho e vigília, do desinteresse ao dormir e da nossa tendência a preencher lacunas com imagens e lembranças. Nada de misterioso. O sonho é leitura, interpretação, adivinhação. A pergunta é: por que confundimos isso com realidade superior? E por que deixamos essas imagens dominar a vida acordada, como se estivéssemos sonhando mesmo de olhos abertos?
Quando não prestamos atenção à vida, ficamos presos às crenças, às imaginações, às representações que nos deixam em contradição: sabemos o que queremos e fazemos o contrário. A servidão humana parece imutável, mas é só falta de atenção à vida. Investigar rigorosamente não é virar robô lógico, é selecionar percepções reais em vez de deixar as associações aleatórias virarem verdade.
Pensar os sonhos com Nietzsche e Bergson é uma forma de quebrar prisões do pensamento. O niilismo não precisa ser negativo. A criação começa quando percebemos como funcionam nossas crenças. A natureza supera a si própria criando diferenças e nós fazemos parte disso. No sonho, é a própria natureza operando em nós. Quando nos conectamos com esse bicho humano que somos, ampliamos nossa capacidade perceptiva e entendemos o inconsciente como parte ativa da vida real.
No fim, tudo volta para a atenção ao presente, ao corpo, ao campo sensório-motor que é a única realidade que tocamos. O resto é ficção. O sonho nos ensina justamente isso: a vida está acontecendo agora, em duração, e o pensamento pode se libertar quando paramos de confundir nossas imagens com o real.