Niilismo Miguxo #7 - Einstein x Bergson ou Multiverso e Ficções x Vida Criativa em Devir Intensivo
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Zaratustra p.151 → o instante é um portal que vai infinitamente pra trás e infinitamente pra lá, sem nunca se cruzar e sempre se contradizer.A divisão da matéria em partes infinitas leva à crença de que toda a realidade seria divisível da mesma maneira; incluindo nossos estados afetivos, planejamentos de vida, desejos, pensamentos… nosso tão fomentado controle despótico sobre o real. Essa paranoia generalizada.A coisa é sutil ao ponto de Einstein não ter compreendido o que Bergson dizia sobre a indivisibilidade do tempo. Em vez de entrar em combate, Bergson seguiu em seus estudos e publicou uma obra sobre a teoria da relatividade: Duração e Simultaneidade. Einstein recebeu o Prêmio Nobel de Física pelo seu trabalho sobre o efeito fotoelétrico, não pela teoria da relatividade.Não estamos negando a ciência! Pelo contrário; com Nietzsche, Bergson e a filosofia da diferença, adentramos num nível granular, molecular, do funcionamento da nossa inteligência: demasiado humana, demasiado prepotente, demasiado rígida.Podemos moldar a matéria como quisermos, dividindo-a infinitamente. A ciência é uma especialização magnífica que desenvolvemos pra isso. Mas essa habilidade não foi (e não pode ser) aplicada à realidade virtual, ao tempo que ainda há de ser criado por nós.Quem assiste Rick and Morty ou qualquer história de viagem no tempo vê aí uma premissa de que o tempo poderia ser dividido em partes diferentes. No Rick and Morty, por exemplo, cada ato que eu escolhesse fazer criaria imediatamente infinitas dimensões com as linhas de atos que eu não escolhi.Mas o tempo não é divisível como a matéria!Bergson não refuta Einstein inteiro, mas refuta veementemente esse aspecto essencial pra compreensão do funcionamento da realidade, e pra libertação do pensamento.Podemos tentar entender com a ideia de multiverso: toda vez que eu escolho algo, não se cria uma infinidade de dimensões com as outras escolhas. Essa é a ficção suprema de Rick and Morty e tantos outros.Ao contrário: quando eu escolho algo; ou melhor, quando minha potência escolhe algo, em ato, em acontecimento; eu mudo de natureza.Não é uma divisão numérica que acontece, é uma mudança de natureza. Eu me torno outra coisa.E às vezes a gente não sente isso? Que somos diferentes em relação a outro momento do passado?Somos mesmo! Mudamos de natureza sem mudar em quantidade, mas em qualidade. Nos diferenciamos de nós próprios.O passado aqui não é o que foi: é o que é, agora, conosco. O passado não está em um ponto da suposta linha do tempo; o passado é um conjunto de seres de tempo em nós, hoje. Percepções, afetos, variações registradas no corpo e percebidas de alguma forma pela mente. O passado se mostra junto com o presente em nós.Não somos capazes de pensar o devir porque estamos habituados a manipular o que é “estático”, a matéria “imóvel”. E com o que é vivo, que cria realidades inéditas, temos dificuldade. Tentamos compreender como algo estático, como de costume.Pensar o devir, trabalhar no devir: aqui começa a liberdade do pensamento, do corpo, do desejo.O começo da liberação desse hábito de mau gosto, porque viver é uma questão de gosto, e alguns têm mau gosto…De querer fechar a vida em uma forma pronta, pré-fabricada, por uma moralidade, um dever-ser, um cargo, uma função que você deveria colar na sua cara pra ser aceito em determinados grupos sociais.O instante é um portal que vai infinitamente pra trás e infinitamente pra frente, sem nunca se cruzar e sempre se contradizer.O instante entendido pela lente do mau gosto, da suposta divisibilidade do tempo, é um portal pra confusão, que pode te prender por uma vida inteira.O instante é uma ficção. Vivemos um continuum, uma duração indivisível, que muda de natureza; às vezes de modo tão diferente que parece um corte brusco, quando na verdade estávamos “grávidos” de uma mudança interior que se acumulava em nós. Até onde pode ir um pensamento que chega a compreender a realidade assim?