『50 anos de Independência de Angola: o sonho da liberdade』のカバーアート

50 anos de Independência de Angola: o sonho da liberdade

50 anos de Independência de Angola: o sonho da liberdade

無料で聴く

ポッドキャストの詳細を見る

このコンテンツについて

Na noite de 11 de Novembro de 1975, Angola tornou-se independente. Em Luanda, Agostinho Neto, poeta e médico, líder do MPLA, proclamava o nascimento de uma nova nação após quase cinco séculos de colonização portuguesa. Mas a conquista da liberdade, celebrada por uns, seria também o início de uma longa guerra e de um país dividido pelas visões distintas de independência. Durante quase 500 anos, Angola foi colónia portuguesa. O regime de Lisboa explorava o território em nome de uma suposta "missão civilizadora", enquanto o trabalho forçado, a segregação racial e a ausência de direitos cívicos marcavam o dia-a-dia da maioria africana. “Muito antes, os brancos não se cruzavam com os pretos. E mesmo que estivéssemos a estudar, os pretos eram sempre penalizados”, recorda Maria Henriqueta Pedro, antiga combatente da UPA, depois FNLA. “O que nos incentivou mesmo foi a perseguição da PIDE. Éramos crianças, mas víamos: fulano foi preso porque estava do lado da UPA. Sentíamo-nos oprimidos. Então, se eles lutavam para que fôssemos livres, decidimos participar nessa luta.” Nos anos 1950, as ideias de independência começaram a circular entre estudantes e trabalhadores, influenciadas pelo pan-africanismo e pelos ventos de descolonização que sopravam do Gana e do Congo. Em Fevereiro de 1961, o país foi abalado por revoltas e massacres que marcaram o início da guerra colonial. O então coronel português João Andrade da Silva, que combateu em Angola entre 1961 e 1962, lembra a doutrinação que precedia o embarque: “Nós aprendíamos que Angola, Moçambique e Guiné eram Portugal, como a minha Madeira. Íamos combater os chamados terroristas, que nos diziam que faziam mal à população e não representavam ninguém. Só mais tarde comecei a pensar que muita daquilo que chamavam incompetência militar era, afinal, resistência à guerra.” A 15 de Março de 1961, a UPA, liderada por Holden Roberto, atacou posições coloniais no Norte. O regime português respondeu enviando milhares de soldados. Nasciam então três movimentos de libertação — a FNLA, o MPLA e a UNITA — unidos no objectivo da independência, mas divergentes na visão do país que queriam construir. “Entrei na UPA em 1964. Fazíamos o trabalho de mobilização em segredo, de boca a boca. Havia a PIDE atrás de nós e, entre os membros, ninguém sabia quem era quem”, recorda Henriqueta Pedro. A guerra em Angola internacionalizou-se: o MPLA recebeu apoio da União Soviética e de Cuba, a FNLA dos Estados Unidos e do Zaire, e a UNITA da África do Sul. Angola tornou-se palco da Guerra Fria. Em Abril de 1974, em Portugal, a Revolução dos Cravos pôs fim à ditadura e precipitou a descolonização. “Os militares não estavam motivados. Nenhum queria continuar a guerra”, afirma o coronel Andrade da Silva. “Queríamos acabar com ela, mas o processo de descolonização ultrapassou-nos. Houve militares desarmados e humilhados. E o que aconteceu em Angola, com as lutas em Luanda, foi uma tragédia.” Em Janeiro de 1975, os três movimentos assinaram em Alvor, no Algarve, um acordo que previa um governo de transição e eleições gerais. Por um breve momento, pareceu possível uma Angola unida e democrática. “Tive oportunidade de integrar a comissão que recebeu a delegação da FNLA no aeroporto 4 de Fevereiro”, recorda Henriqueta Pedro. “Trabalhámos para o governo de transição e fiquei como coordenadora de um comité no Rangel, que já existia clandestinamente antes de ser oficial.” Mas o sonho desfez-se em meses. As tensões entre o MPLA, FNLA e UNITA explodiram em confrontos armados em Luanda. Cada força passou a controlar partes diferentes do território. “Em 1974 foi um horror”, lembra Henriqueta. Na noite de 10 para 11 de Novembro de 1975, cada movimento preparava a sua proclamação. O MPLA, em Luanda, viria a ser o primeiro. “Eu estava no Nzeto, antigo Ambrizete, na província do Zaire. No dia da independência, o administrador português desceu a bandeira de Portugal e o delegado da FNLA, André Paulo, ergueu a bandeira da FNLA. Tudo correu calmo, graças a Deus. Mas pouco depois chegaram os cubanos e a guerra começou”, relata Henriqueta. Agostinho Neto proclamou então a República Popular de Angola, com apoio de Cuba e da União Soviética. Poucos depois, o país mergulhava numa guerra civil que duraria 27 anos. Milhares de pessoas fugiram para o exílio. Henriqueta Pedro viveu dez anos na República do Zaire e regressou em 1985 a um país devastado. “Muitas vezes penso: será que valeu a pena? Porque hoje não somos independentes. Não temos liberdade de expressão. Lutámos por uma Angola que não é esta. A corrupção, o nepotismo… às vezes nem sabemos por que lutámos.” Ainda assim, mantém o ideal: “Sem sentido de pátria nunca teremos Angola. Temos de nos despir do nepotismo e vestir a pátria. Só assim poderemos dizer que valeu a pena.” ...
まだレビューはありません