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Bioeconomia na Amazônia: o desafio do comércio justo da floresta

Bioeconomia na Amazônia: o desafio do comércio justo da floresta

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Já faz três décadas que quase 200 países se reúnem todos os anos para negociar soluções de combate ao aquecimento global – e, pela primeira vez, o encontro vai acontecer às portas da maior floresta tropical do planeta. Na COP30 em Belém do Pará, o mundo vai conhecer de perto não apenas a exuberância da Amazônia brasileira, como dará de cara com o colossal desafio de proteger um território mais extenso que a União Europeia, onde moram quase 30 milhões de habitantes. Como preservar a floresta e, ao mesmo tempo, garantir renda para as populações locais? Lúcia Müzell, eviada especial da RFI à aldeia Ita'aka, na Terra Indígena Koatinemo (Pará) Na Conferência do Clima da ONU, o Brasil dará visibilidade às pessoas que vivem sob a copa das árvores: indígenas, ribeirinhos e extrativistas, mas também populações urbanas, que dependem da floresta para sobreviver. O grande desafio é proteger a mata e as suas riquezas naturais, um patrimônio do Brasil e da humanidade, e ao mesmo tempo, garantir condições dignas de vida para esses habitantes, que lá nasceram e cresceram. Nos territórios amazônicos, é principalmente a agricultura em baixa escala que sustenta as famílias. Centenas de milhares desses pequenos produtores herdam o conhecimento tradicional sobre o manejo sustentável da floresta, porém esbarram em uma série de obstáculos para comercializar os seus produtos. Da logística complexa ao pouco acesso a crédito, da dependência de atravessadores à ameaça criminosa aos seus territórios, os "guardiões da floresta” estão à margem das estatísticas da economia amazônica. “A escala da biodiversidade hoje, tal como ela existe na Amazônia, não alimenta 2 milhões de pessoas”, observa Patricia Pinho, especialista em desenvolvimento sustentável e membro do Painel Intergovernamental da ONU sobre Mudança do Clima (IPCC). “De toda uma diversidade da Amazônia, de mais de 700 diferentes tipos de produtos da sociobiodiversidade mapeados, apenas nove compõem a cesta dos mais procurados, mais vendidos e comercializados, entre eles a castanha, açaí, alguns óleos essenciais e o cacau”, explica. O Brasil prepara um Plano Nacional de Desenvolvimento da Bioeconomia, que deverá ser lançado durante a COP30. O objetivo é fortalecer as atividades que contribuem para gerar recursos para algumas das regiões mais pobres do país, a uma condição: desmatamento zero. Valorização leva à proteção da floresta Na bioeconomia compatível com a floresta em pé, os produtos são extraídos da mata no seu ciclo natural, ou são plantados em consórcio com outras culturas, em harmonia com a mata. É por isso que é preciso ter cuidado quando se fala em dar escala a este comércio – a socio-bioeconomia não tem vocação a criar novas monoculturas, ao contrário da soja ou da pecuária, vetores da destruição da Amazônia. “O que a gente precisa é ter uma visibilidade do aspecto plural da sociobiodiversidade, agregar valor – não só o valor econômico, mas que inclua essas boas práticas, o conhecimento milenar que, uma vez perdido, não é recuperável facilmente”, salienta Pinho, diretora-adjunta do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia). O Pará é o estado amazônico onde as cadeias produtivas da floresta são mais desenvolvidas. Para o cacique Nei Xipaya, da aldeia Tucamã, na região de Altamira, o retorno financeiro da venda de especiarias da região é quase um detalhe: o dinheiro é usado para a compra de suprimentos básicos para a aldeia. Para ele, a prioridade mesmo é a transmissão da herança ancestral do cultivo da floresta – uma questão de sobrevivência para os povos indígenas. “Quando eu vendo uma castanha, eu estimulo que o jovem procure o pai dele para saber como é que procura castanha no mato, como é que se faz um paneiro, como é que se coleta”, conta. O fortalecimento das cadeias nativas ajuda a conter o êxodo da juventude indígena para os centros urbanos – que impacta na preservação dos territórios, sob constante pressão de invasores. “Nesse processo de coleta, você tem várias outras espécies de atividade que dá para você fazer, cuidar da medicina tradicional, conhecer e saber andar no próprio território. A geração nova não tem o domínio, e sim os anciões.” Articulação de comunidades locais A batalha para revalorizar os produtos florestais não madeireiros uniu comunidades que, até pouco tempo atrás, se viam como concorrentes mortais, como indígenas e seringueiros da região da Terra do Meio, no centro do Pará. Há mais de 10 anos, lideranças de dezenas dessas comunidades banhadas pelos rios Xingu e Iriri se aproximaram para ter mais força na negociação de preços dos produtos cultivados nos seus territórios, de uma extensão comparável a de um país como Portugal, com 9 milhões de hectares. A cada dois anos, eles se reúnem para Semana do Extrativismo, na qual debatem as ...
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